Carta a um autarca

Maria José Abranches
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8600-641 Lagos

Para

Dr. Júlio Barroso

Presidente da Câmara Municipal de Lagos

Edifício Paços do Concelho Séc. XXI

Praça do Município

8600 – 293 LAGOS

Ex.mo Senhor Presidente,

Usando do meu direito e do meu dever de cidadania, permito-me fazer algumas considerações a propósito do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. `

Este é talvez o dia mais adequado para reflectir sobre a língua que herdámos dos nossos pais e antepassados e que temos obrigação de legar, preservada e enriquecida, àqueles que nos sucederem. Ora, em minha opinião, no que estou felizmente muito bem acompanhada, a nossa língua atravessa um momento particularmente difícil, tanto pelo descuido com que vem sendo tratada, pelos portugueses e pelas entidades responsáveis, designadamente no ensino e nos media, como – e sobretudo – pela imposição do Novo Acordo Ortográfico, à revelia dos inúmeros pareceres dos especialistas e da vontade expressa por um número avultado de cidadãos mais atentos e conscientes. Veja-se nomeadamente o Manifesto/Petição em defesa da língua portuguesa, que continua a recolher assinaturas, mas a que a Assembleia da República entendeu não dar a devida atenção.

Mas, como a língua não é propriedade exclusiva dos poderes instituídos, mesmo democraticamente eleitos, e como toda a minha vida por ela me bati e empenhei, como professora, não desisto de procurar defendê-la, com o que posso e sei, no lugar em que me encontro. Com esse objectivo, logo em Abril de 2008 redigi o pequeno estudo “O Novo Acordo Ortográfico – Contributo para uma reflexão necessária”, que levei de imediato ao Chefe de Gabinete de V.ª Ex.ª, para que lhe fosse entregue, dado que na cadeia do poder político, é quem se encontra mais próximo do cidadão comum. Na mesma ocasião, entreguei-o também nos serviços da Sr.ª Vice-Presidente. Com o tempo e as circunstâncias, senti necessidade de escrever outros textos, a fim de alertar a opinião pública para aquilo que me aflige como um verdadeiro atentado à mais nobre componente da nossa identidade e património nacional. Todos os textos, que junto envio, foram publicados na “Gazeta da Beira” e os dois últimos também no “LusoJornal”.

Continuarei a bater-me por aquilo em que acredito, embora saiba que a insensibilidade geral a estas questões torna cada vez mais difícil o debate e a partilha de pontos de vista. E o debate de ideias é cada vez mais necessário, de novo! Mas não me conformo! Como aliás me não conformo com o “Allgarve”, verdadeiro acto de vandalismo relativamente a uma das nossas palavras mais prestigiadas, impregnada de história e de significado! E eu sou apenas algarvia por adopção, desde 1980!… Quem sabe se o nosso país não passará a ser mais “moderno” e “internacional”, mais “vendável”, chamando-se “OPORTOGALL”?!…

Termino citando Eduardo Lourenço, em “Labirinto da Saudade”:

“É em função de um conhecimento do essencial, daquilo que não podemos abandonar sem mutilação próxima e futura, que as escolhas decisivas para o nosso destino devem ser feitas. Na medida do possível é à totalidade do povo português, consciente e responsabilizado na sua prática a todos os níveis que compete o autodeterminar-se, e não apenas a uma classe tecnocrático-burocrática, de aleatório saber, mas sobretudo, de específica vontade de poderio e gozo de privilégios, a única que até hoje tem fabricado a imagem portuguesa em função da qual Portugal parece escolher-se «livremente», quando afinal é (e foi) apenas por ela escolhido.”

Resta-me acrescentar que ainda há neste país cidadãos vivos e conscientes, por isso foi lançada uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, que também já subscrevi e em que deposito uma imensa esperança.

Agradeço a atenção dispensada, esperando ter contribuído para dar voz àqueles que o poder não quer ouvir.

Com os meus melhores cumprimentos,

Lagos, 08 de Junho de 2010

(Maria José Abranches)

(carta aqui publicada, omitidos os seus dados pessoais, com autorização expressa da autora)

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Selos dos CTT contra o Acordo Ortográfico

Crie os seus próprios selos de correio contra o Acordo Ortográfico

Para criar selos de Correio contra o “acordo ortográfico”, basta ir ao site dos CTT e seguir as instruções.

O ficheiro de imagem (com o logótipo da campanha) está neste endereço.

Os preços variam consoante o número de selos por folha (25 ou 12) e o número de folhas encomendadas, bem como do tipo de franquia, conforme poderá ver nas condições gerais e tabela de preços do site dos CTT.

Estes “selos personalizados” são utilizados da mesma forma e têm o mesmo valor facial de quaisquer outros produzidos pelos próprios serviços postais portugueses.

Evidentemente, não temos qualquer relação comercial ou de outro tipo com os CTT (ou com qualquer outra entidade ou empresa); limitamo-nos a sugerir uma forma de divulgação da Causa anti-acordista através de um serviço público “pronto a usar”, testado e com provas dadas.

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Documentos em Scribd



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A nossa ILC – balanço e contras

logótipo da ILC contra o AO Dois meses depois de iniciada a recolha de assinaturas, é chegado o momento para um primeiro balanço da iniciativa.

Muita gente nos tem perguntado como vai decorrendo esta acção, quantas subscrições já temos, qual é a média diária, etc. Pois bem, as surpresas têm sido muitas, de facto.

Não nos esqueçamos de que, além do mais, estamos a abrir caminho para outros. Somos uma espécie de “bandeirantes”, fazendo algo que nunca antes tinha sido feito e que até custa a crer a muita gente seja possível levar até ao fim e que venha a servir para alguma coisa.

A verdade, nua e crua, é que já poderíamos estar bastante mais adiantados naquilo que interessa (neste momento, a recolha de assinaturas, só), caso não tivessem ocorrido incidentes de percurso e se não tivessem sido cometidos erros entretanto. Primeiro, a prioridade era arranjar um entidade para patrocinar a causa; não aparecendo esta, a prioridade passou a ser a redacção da ILC; e isso fez-se! E logo se montaram, rapidamente, os processos para que os meios de subscrição da ILC fossem o mais simples e fáceis possível, dentro dos limites e requisitos impostos pela legislação em vigor. O que há agora é que levar a nossa ILC ao Parlamento, ou seja, é preciso juntar (mais de) 35.000 assinaturas. Nada mais interessa, para já.

Têm-nos chegado diversas recolhas de voluntários com 50, 100, 200, 300 assinaturas (e até mais), mas, em termos absolutos, temos neste momento cerca de 10% das assinaturas necessárias. É pouco? Sim, certamente, é um número abaixo do esperado, mas também se pode dizer que “já faltou mais”. E não será isto motivo – de todo – para que desistamos, depauperando assim as expectativas de todas aquelas pessoas que efectivamente assinaram; não iremos denegar ou trair, todos nós e uns aos outros, a abnegação, a determinação, a extraordinária consciência cívica dos milhares de compatriotas que subscreveram já a ILC contra o AO.
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10 maneiras de ajudar a Causa

1. Insira o logótipo com o link no seu blog ou site. Basta copiar e colar o código no “template” (modelo/html).

2. Insira o link http://cedilha.net/ilcao (com ou sem o logótipo) automaticamente nas suas mensagens de email.

3. Leia e subscreva a ILC preenchendo e assinando o impresso individual; pode enviar em papel pelo correio ou pode digitalizar a imagem do impresso preenchido e assinado e enviar por email.

4. Recolha assinaturas entre os seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Envie-nos email e receberá conjunto de ficheiros para recolha de assinaturas múltiplas (com impresso de 14 assinaturas por página): basta um simples click AQUI.

5. Divulgue a iniciativa através das redes sociais (Facebook, Hi5, LinkedIn, etc.) e também via Twitter.

6. Mencione ou cite conteúdos deste site no seu blog.

7. Comente ou responda a comentários neste site.

8. Demonstre o seu apoio à iniciativa. Apenas o seu nome e Concelho/Freguesia de eleitor aparecerão listados.

9. Sugira-nos outras acções ou formas de divulgação da ILC. Use os comentários a este “post” ou o formulário de contacto ou envie-nos email.

10. Indique-nos outras questões que gostaria de ver respondidas na página de perguntas mais frequentes (“FAQ”).

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