Por vezes cumprimos a tradição de expressar aqui os nossos votos de Boas Festas e de um Feliz Ano Novo. Noutras alturas sabemos que um Ano Novo é apenas mais um ano, mais uma etapa na luta contra o Acordo Ortográfico — e nem sequer assinalamos essa efeméride.
Este ano, porém, o cenário é diferente: não podemos deixar de registar, com entusiasmo, a chegada deste ano de 2019.
Porque 2019 não será um ano qualquer. É o ano em que esta ILC será entregue na Assembleia da República!
Para quem consulta regularmente o quadro “Quantas Assinaturas Temos” isto não será propriamente uma novidade. Estamos a menos de 400 assinaturas das 20.000, o mínimo exigido por Lei para a entrega de uma ILC no Parlamento. Alcançarmos essa meta deixou de ser uma simples possibilidade: passou a ser uma certeza e, acima de tudo, uma questão de tempo.
Ainda por cima, ao que tudo indica, esse tempo será breve. Os bons resultados da Operação Pelourinho demonstram que a aversão ao AO90 não esmorece com o passar do tempo: basta-nos montar uma banca num qualquer centro urbano para que as pessoas acorram e para que as folhas de subscrição, como costuma dizer uma das voluntárias, comecem a encher-se praticamente sozinhas.
Por coincidência, depois de avanços e recuos, depois dos mais variados obstáculos, esta ILC acaba por chegar ao Parlamento em ano de eleições legislativas (marcadas para o início de Outubro). Os anos de eleições sempre foram, por tradição, propícios ao debate e ao esclarecimento. Estamos certos de que a vontade da maioria dos portugueses no capítulo da ortografia não deixará de ser ouvida.
Mas, se isso não for suficiente, a Assembleia poderá também ter em conta o estado calamitoso em que o AO90 está a deixar o país, a vários níveis, desde o Ensino à comunicação social, tocando a todos e a cada um dos portugueses: já ninguém sabe como se escreve seja o que for. É cada vez mais difícil esconder esta verdade: o AO, pela via do facilitismo, está na prática a fomentar o analfabetismo.
Ou, ainda, considerar o estado grotesco em que o AO deixou a Língua Portuguesa a nível da CPLP — graças a um “acordo” que foi criado para “unificar” (é o que dizem), mas que só conseguiu dividir ainda mais.
A ILC-AO é, de facto, uma oportunidade de ouro para que o país possa redimir-se, anulando a entrada em vigor deste absurdo. Basta isto para que 2019 se anuncie como um tempo de esperança renovada para a Língua Portuguesa e que a ILC-AO cumpra o seu papel — a reposição da normalidade ortográfica. Assim haja, por parte do Parlamento, com a actual ou com a futura composição, a indispensável vontade política para que não sejam levantadas mais barreiras artificiais àquilo que tem de ser (des)feito.
Um óptimo 2019 para todos!
2 comentários
Eu quero que este assunto seja resolvido o mais rapidamente possível. Ando nisto há anos e não vejo resultados. Estou a ficar cansada e a ver os meus netos na escola a aprenderem mt mal o português.
Quero participar mais vezes em recolha de assinaturas pois estou crente que todas as que recolhi em tempos e que entreguei em “boas mãos” devem ter ido parar ao lixo.
Revolta-me que não tenhamos um partido decente a ajudar-nos nesta luta. Só o PC? Que é que isso nos interessa?
«Quero participar mais vezes em recolha de assinaturas pois estou crente que todas as que recolhi em tempos e que entreguei em “boas mãos” devem ter ido parar ao lixo.»
Exma. Sr.ª D. Maria José Gomes Ferreira de Brito Franco,
Que não eram “boas” já sabemos. Conviria agora saber, ao certo, de quem eram as “mãos” que receberam as assinaturas que, conforme diz, devem ter ido parar ao lixo.
Cumprimentos.
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