Feira do Livro de Lisboa 2018 – balanço e contas

Feira do Livro de Lisboa 2018

Isabel Coutinho Monteiro e Arlindo Sou cruzam a barreira das 18.000 assinaturas no último dia da Feira do Livro de Lisboa

Passadas algumas semanas sobre o encerramento da Feira do Livro de Lisboa, eliminadas que estão as subscrições repetidas, já é possível fazer o balanço final da recolha de assinaturas naquele evento. Em primeiro lugar, os números: no final de Abril o contador dava conta da existência de 16.050 subscritores, agora somos 18.167* cidadãos a exigir a anulação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico.

Em poucos dias de Feira do Livro conseguimos mais de 2.000 assinaturas — mais de um décimo do total exigido por Lei. É um feito notável, em especial se considerarmos que houve vários dias em que praticamente não houve recolha, em virtude da chuva. A maior parte destas assinaturas foram recolhidas durante o bom tempo, com destaque para o notável sábado, dia 9 de Junho, com cerca de 500 novos subscritores.

Contudo, mais importante do que os números foi o ambiente vivido na Feira do Livro. Quando a Lei das ILC mudou, abrindo a porta às subscrições via internet, pensámos que seria esse o impulso final para esta ILC. Nada mais falso. Nada substitui o contacto directo com os subscritores, o desafio, o debate, a discussão animada. Onze dias de Feira do Livro mostraram que a rejeição do Acordo Ortográfico não só continua viva, como parece ter recrudescido com o passar do tempo.

Na verdade, o chumbo da Petição/Manifesto de Vasco Graça Moura foi um choque que abalou as hostes anti-acordistas. Nos anos que se seguiram, em 2009 ou 2010, talvez não tivesse sido possível recolher 500 assinaturas contra o AO num só dia. Agora, foi possível.

As pessoas estão, verdadeiramente, a ficar fartas do “cAOs” ortográfico. “Já nem sei escrever” foi uma frase repetida por vários subscritores. Não podemos ficar indiferentes quando as pessoas não só assinam a ILC como agradecem o facto de lhes darmos essa oportunidade.

Assim, mais do que a beleza dos números, o que a Feira do Livro demonstrou foi isto: a luta contra o Acordo Ortográfico está viva, esta ILC está viva. Se não houver acidentes de percurso, será entregue na Assembleia da República e os deputados terão uma oportunidade para corrigir o erro da aprovação do Segundo Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico.

Agora, para todos os efeitos, há um antes e um depois da Feira do Livro. Antes da Feira do Livro, temi que esta Iniciativa estivesse condenada a morrer na praia. E, de facto, assim parece: ficámos mais perto, mas ainda aquém do nosso objectivo. Mas a forma como chegámos até aqui é francamente animadora — não estamos ofegantes, a rastejar na areia. Pelo contrário, chegamos a esta recta final com boa passada e com forças para mais. Sabemos agora que, se tudo correr bem, estamos à distância de mais um ou dois grandes eventos culturais para que os subscritores que faltam se juntem a nós.

Já aqui agradecemos à GRADIVA o precioso apoio que nos concedeu nesta jornada.

Porque os últimos são os primeiros e porque nada disto seria possível sem militância, resta-nos agora dizer o óbvio: está de parabéns a “equipa maravilha” que fez da Feira do Livro de Lisboa um acontecimento histórico para a Língua Portuguesa. Incluindo os que não puderam lá estar mas… estiveram.

 

*Ver números actualizados no “contador” da coluna à direita

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