Assembleia da República: fugir a tomar decisões
O modo como a Assembleia da República está a fugir de tomar posições é bem revelado no modo como se empurrou para o eterno e adiado futuro a decisão sobre o Acordo Ortográfico. Percebe-se que a opinião dos deputados não conta para nada, mesmo havendo uma possível maioria contra o Acordo, e que apenas a força do impasse político internacional, transformada em inércia, mantém as coisas como estão. Ou seja, a língua portuguesa continua a estragar-se todos os dias, apenas porque ninguém quer saber disso nas elites políticas, nem tem coragem de dizer sim ou não. Ou não quer defrontar os interesses que explicam a manutenção de um acordo moribundo, mas deixado apodrecer no meio das palavras de uma velha língua que infecta e gangrena. Estamos assim.
José Pacheco Pereira
[Transcrição de parte da crónica da autoria de José Pacheco Pereira na revista “Sábado” de 06.03.14. “Recorte” da digitalização disponibilizada “online” por autor desconhecido. Cópia localizada no “blog” Chove.]
2 comentários
Cada vez ouço e leio mais palavras inglesas nas nossas televisões, rádios e jornais. A língua portuguesa não vai por bom caminho.
Caro Manuel Silva :
Em minha opinião, o recurso a palavras em inglês não é tão pernicioso para a nossa língua como a descaracterização provocada pelo AO90. A utilização de termos ingleses é identificada de imediato e o seu autor pode até ser criticado pelo uso desnecessário ou pretensioso, enquanto a escrita em “acordês” vai minando sub-repticiamente uma ortografia não queremos ver alterada por gente arrogante que se julga dona da língua.