Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) no Panteão Nacional

PERFEITO

Perfeito é não quebrar
A imaginária linha

Exacta é a recusa
E puro é o nojo.

Sophia


«Miguel Sousa Tavares, que fazia anos nesse dia – circunstância a que aludiu lembrando os “demasiados anos” que se cumpriam desde a primeira vez que a mãe lhe dissera “Miguel, olha o mundo!” –, foi responsável pela mais prolongada ovação da noite quando garantiu que Sophia, se fosse viva, se oporia ao novo acordo ortográfico.»
Notícia do “Público” de 02.07.14 sobre a trasladação

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4 comentários

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    • María Oliveira on 2 Julho, 2014 at 19:03
    • Responder

    Também nós, mortais, aplaudimos Sophia! Vida longa à memória da que foi, vertical, limpa e viva! E também nós esperamos pela madrugada em que o desprezível AO90 passará ao pó do esquecimento, porque o contido nas duas primeiras frases se opõe, doloridamente, orgulhosamente, ao jugo de uma língua que se tornou um ocupante e, como ele, uma inimiga… Até breve, Sophia!

    • Esmeralda Guerreiro on 3 Julho, 2014 at 14:00
    • Responder

    Se Sophia está no Panteão tragam para a rua a sua poesia.

    Meu canto se renova
    E recomeço a busca
    De um país liberto
    De uma vida limpa
    E de um tempo justo

    (Esta gente – Sophia)

    • Maria José Abranches on 6 Julho, 2014 at 15:43
    • Responder

    Que a voraz e insaciável traça editorial se não atreva a profanar a «palavra» justa, recta, exacta de Sophia!

    E que haja enfim um mínimo de dignidade, decência e coerência por parte dos políticos – todos! – que se têm comportado como proprietários da nossa língua e «ditadores», impondo-nos um AO90 que não queremos, não nos serve, nos rouba e nos desprestigia!

    «Os ditadores – é sabido – não olham para os mapas
    Suas excursões desmesuradas fundam-se em confusões» (“LAGOS I”)

    Somos um país que vive de e para os “eventos”, do e para o espectáculo! Mas «é preciso saber que», apesar da leviandade que nos caracteriza, há celebrações que irremediavelmente nos responsabilizam!

    A merecidíssima consagração da escritora e da sua personalidade humana, íntegra, vertical e impoluta, que o Panteão Nacional representa, não se coaduna com o desrespeito pela língua de Portugal, a que Sophia consagrou a sua vida e que tanto enalteceu e amou!

    Por isso «é preciso saber que», como toda a poesia, universal e eterna, estes seus versos ganham, à luz do nosso desgraçado presente, uma nova dimensão:

    «(…)
    Com fúria e raiva acuso o demagogo
    Que se promove à sombra da palavra
    E da palavra faz poder e jogo
    E transforma as palavras em moeda
    Como se fez com o trigo e com a terra.»

    (“COM FÚRIA E RAIVA”)

    • Jorge Teixeira on 14 Julho, 2014 at 13:06
    • Responder

    Tremo em pensar Sophia nos manuais escolares “em AO90”. Aliás nem percebo como se pode pensar em estudar poesia “em AO90” que corrompe e violenta a poesia no mais fundo que tem!

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