Cem palavras

 

Ali estava eu, em pleno centro de Braga, sozinha no meio da rua, com esta mesa de campismo, com estes cartazes, com estes papeis, e sobretudo com esta fé inabalável: uma única assinatura e já valeu a pena ter vindo.

Ao que parece, nunca ninguém tinha tentado fazer isto…

Pois rapidamente fiquei sem palavras.

Olha, a primeira subscrição!

E a segunda.

E a terceira. E outra e outra e outra!

Em algumas alturas chegaram a formar-se pequenas filas de pessoas que esperaram pacientemente a sua vez para assinar.

Quando os transeuntes se apercebiam da finalidade desta ILC,  aproximavam-se para me dirigir palavras de incentivo, falavam sobre esta nossa causa com entusiasmo, demonstravam interesse, muito mais do que simples curiosidade; foram imensas as manifestações de apreço, que muito me sensibilizaram e deram força para continuar.

Um único incidente, com seu quê de cómico, nada de alarmante: uma senhora, que apesar de não estar em funções disse ser funcionária da Câmara Municipal, perguntou-me se tinha  autorização para estar a recolher assinaturas na via pública. Mostrei-lhe o Artigo 5.º da Lei que rege as Iniciativas Legislativas de Cidadãos que diz claramente que não deve ser levantado qualquer obstáculo à recolha de assinaturas. Pareceu compreender e seguiu o seu caminho. Uma acordista militante, suponho, pois que faça boa viagem de regresso a casa.

Em jeito de balanço, o que o último fim-de-semana vem demonstrar é que podemos e devemos continuar a reafirmar, sem qualquer receio de errar ou sequer de exagerar, que a luta contra o AO90 é de facto uma causa verdadeiramente nacional, envolvendo uma cada vez maior multidão de pessoas, de Norte a Sul do país.

A ILC-AO vai fazendo o seu caminho! Este fim-de-semana em Braga, com uma simples “banca” armada em pleno passeio e com uma só pessoa a tratar da recolha de assinaturas, é disso mesmo exemplo flagrante. E até comovente, se virmos bem, tão espontânea e entusiástica é a forma como os cidadãos reagem quando se apercebem de que a luta contra o AO90 está bem viva.

No comboio de regresso contei-as: 45! Caramba! Quase meia centena de subscrições. Se uma imagem vale por mil palavras, como se costuma dizer, então esta vale ao menos por cem: fui lá jurando a mim mesma que se conseguisse uma única assinatura então já teria valido a pena…

Podemos, alguns de nós, ficar sem palavras quando algo assim sucede; mas o que importa é continuar a lutar para que não fiquemos, nem cem, nem dez, nem um único de nós sem as palavras todas.

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