Não estão à altura

VGM170515

Lemos e ouvimos que hoje, 17 de Maio de 2015, numa iniciativa conjunta, o Centro Nacional de Cultura (CNC) e o Centro Cultural de Belém (CCB) pretendem homenagear Vasco Graça Moura, que ocupou o cargo de director do CCB até ao dia 27 de Abril de 2014, data da sua morte, tendo tomado em Fevereiro de 2012 a corajosa decisão de não cumprir o acordo ortográfico de 90 na instituição que dirigia, argumentando que o mesmo, pelo facto de Angola e Moçambique não terem ratificado o acordo, não «estava nem podia estar em vigor».

Sabemos que homenagear Vasco Graça Moura implica lembrar forçosamente a obra que nos legou enquanto poeta e tradutor, numa sincera afeição e contínua homenagem à Língua Portuguesa que não pode dissociar-se da luta veemente que desencadeou contra a barbaridade do acordo ortográfico de 90 e que desenvolveu até aos seus últimos dias. Esse seu gesto de aturada resistência e de convicta desobediência marcou-nos e influenciou-nos profunda e beneficamente e será uma uma forma de o homenagear não esquecê-lo.

Numa mensagem que me dirigiu, a 13 de Janeiro de 2013, e que ouso tornar pública, porque o momento o exige, desabafava a propósito do AO: «Eu já estou exausto de tanto tratar do assunto…»

Porque sabemos que nem CNC nem CCB estarão à altura do gesto e do sacrifício de Vasco Graça Moura e do trabalho intenso por ele desenvolvido em prol da Língua Portuguesa, caber-nos-á continuar a sua luta, que é também a nossa, e sobre a qual tantas vezes nos fez reflectir, com a mesma resistência e desobediência que lhe conhecemos. Será uma verdadeira forma de o homenagearmos.

Com sinceridade e afeição!

Maria do Carmo Vieira

 

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