Adriano Moreira, antigo presidente do CDS e especialista em Relações Internacionais, considera “absolutamente inaceitável” a inclusão da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O “regime político” ditatorial, a sua “relação com os direitos do homem” e a fraca presença da língua portuguesa no país configuram um “desvio” à essência da CPLP, diz Adriano Moreira à Renascença.
“A CPLP é um valor tão importante para o futuro português que tudo aquilo que ofenda a essência do pensamento que organizou a CPLP pode prever-se que põe em risco interesses portugueses fundamentais porque muda a natureza da organização”, defende.
Questionado sobre se aceitar a Guiné Equatorial como membro da CPLP prejudica a autoridade moral para condenar regime ditatoriais, Adriano Moreira respondeu: “É uma boa pergunta para fazer ao ministro dos Negócios Estrangeiros”.
O professor lamenta ainda que não tenha existido uma séria reflexão sobre este momento.
A Guiné Equatorial foi admitida esta quarta-feira na CPLP, terminando assim um processo que começou há dez anos.
A CPLP definiu algumas condições para o país poder entrar na CPLP, entre as quais a abolição da pena da morte e a adopção do português como língua oficial, medidas que o governo do país já implementou.
Ainda assim, a entrada da Guiné Equatorial tem sido muito contestada sobretudo devido à falta de transparência política no país. O Presidente Teodoro Obiang está no poder há 40 anos e o regime é considerado uma ditadura, com frequentes queixas de desrespeito pelos direitos humanos.
[Transcrição integral de notícia da Rádio Renascença. Ouvir gravação das declarações de Adriano Moreira na página da notícia.]
1 comentário
“Quem nasce torto tarde ou nunca se endireita”. Uma CPLP que entendeu dever assentar na imposição anti-democrática de uma versão estropiada (via AO90) da ‘língua portuguesa’ na sua matriz europeia, a nossa, nunca me mereceu o mínimo respeito! Repito e não me canso de repetir: há muito que os valores e princípios que deveriam estruturar a CPLP só figuram no papel e nos discursos, ‘para inglês ver’. Volto a repetir: o 2.º Protocolo Modificativo é insustentável do ponto de vista dos mais básicos princípios humanos e democráticos. E, de todos estes senhores que só agora parece terem acordado espera-se muito mais do que uma simples opinião, mais ou menos desagradada. Situo-me à esquerda e não prescindo da minha liberdade de expressão: o papel desempenhado pela esquerda ao longo de todo este processo é vergonhoso! Da direita não falo, porque nunca lhe dei nenhum voto.