—– Original Message —–
From: Rodrigo de Sá
To: agrupamento@eb23-eduartepacheco.edu.pt
Sent: Monday, March 04, 2013 9:25 PM
Subject: Sobre a reflexão do AO90 enviada pelo Departamento do 1.º Ciclo do agrupamento de Escolas Eng.º Duarte Pacheco – LouléCaros colegas,
Em choque, acabei de ler a reflexão enviada em nome do Departamento do 1º Ciclo do vosso agrupamento, e a primeira reacção foi considerar ridículo. Reflecti um pouco, e não queria continuar a considerar a vossa reflexão nestes termos. Mas de novo, não consigo encontrar outro adjectivo. Então anular o Acordo Ortográfico que para todos os efeitos não está em vigor judicialmente, e voltar à ortografia oficial nas escolas é um desrespeito pelos professores que investiram nesta grafia cacofónica? E obrigar os professores a escrever desta forma, sem sequer ter havido um debate connosco? E obrigar os nossos alunos que não querem esta grafia, que se manifestam contra ela? E as opiniões públicas de centenas de professores, letrados, iletrados, escritores, doutores? E os inúmeros pareceres negativos, incluindo o da Direcção-Geral dos Ensinos Básicos e Secundários?
É isso que vamos perder se anularmos os Acordo Ortográfico? O respeito? Caros colegas, o respeito há muito foi perdido. Estamos simplesmente a lutar para que ele seja reconquistado. Pois esta subserviência ao ditames de duas outras cabeças gananciosas é que demonstra falta de respeito e orgulho na nossa profissão.
E orgulho na nossa identidade? E respeito pela nossa identidade? Acaso sabeis que foram os de lá do Brasil que desfiguraram a nossa grafia adaptando-a à sua moda, e que fizeram um choradinho nos idos anos 10, 20 e 40 do século passado, para que não lhes forçássemos a escrever como se escrever em Portugal?
Saberão vocês colegas, de Loulé, que um dos pontos do AO90 prevê uma aproximação à pronúncia culta em Portugal, e em caso de dúvida favorece-se a pronúncia culta existente entre Lisboa e Coimbra? E agora? E o respeito pelas pronúncias cultas e não cultas de quem não vive, nunca viveu e nunca irá viver entre Coimbra e Lisboa? E Loulé? Não tem também a sua pronúncia culta que poderia ajudar a esclarecer algumas dúvidas sobre algumas formas de dizer certas palavras?
Espero sinceramente que haja alguém nesse agrupamento que não se reveja nessa reflexão e que tenha oportunidade de assinar a Iniciativa Legislativa de Cidadãos Contra o Acordo Ortográfico https://ilcao.com/
Triste, revoltado e em luta,
Rodrigo de Sá
(professor de Educação Musical na E.B.I. da Ribeira Grande, São Miguel Açores)
[Mensagem recebida por email, com autorização de publicação pelo autor.]
10 comentários
Passar directamente para o formulário dos comentários,
É incorrecto dizer “judicialmente”.
O acordo ortográfico não está juridicamente em vigor.
«Professores» que afirmam que abandonar o AO é um «desrespeito» para com eles, para a sua profissão… não merecem ser professores. Merecem, sim, ser corridos a pontapé do ensino. Ponto final.
Judicialmente, claro não está certo. Foi a palavra que me saiu na revolta. O questão é que já não suporto mais tanta tontice entre os meus colegas. Ainda ontem houve uma colega que toda escandalizada disse “Ainda há muita gente que não escreve segundo o acordo”. Eu apeteceu-me responder outra coisa, mas apenas disse “Tal como secretário regional da educação”.
Um desabafo, fora de contexto, mas mais uma prova de falta de dignidade profissional, ouvi uma recepcionista de um centro de fisioterapia a dizer “Eu gosto de trabalhar aqui. Já no 8º ano dizia que seria recepcionista, mas preferia trabalhar num hotel. Gosto de falar línguas estrangeiras e num hotel comunica-se mais”. A senhora que estava a ser atendida responde “Olhe, eu queria ser diplomata. Mas acabei em professora.”
infelizmente a minha filha está nesta escola…desrespeito, é não pedir opinião aos pais, que não concordem com o AO…
Caro Rodrigo de Sá, diga da minha parte à sua colega que «toda escandalizada disse “Ainda há muita gente que não escreve segundo o acordo”» para emigrar para a Coreia do Norte, porque lá certamente a receberão de braços abertos por ter a mentalidade «adequada».
é por dislates destes que vou pôr a escola da minha filha em tribunal: a acção está em preparação e será entregue ainda em Março. Sendo ilegal, que de raio de direito tem a escola em massacrar criancinhas. É ilegal, ilegal, ilegal, ilegal, ilegal… a utilização do AO90.
E depois, todos assobiam para o lado, como se fosse uma imposição do divino espírito santo. Mesmo essas, não são vinculativas: é por isso que há wasps e metodistas. (off topic)
O estado de direito está em cumprir regras, não está na opiniãozinha de cada soba escolar.
Bravo, Jota! Bravo!
Eu perdi toda a fé nos professores ao ler os comentários e posts do blog “A educação do meu umbigo”. Quando os posts citam textos que não são feitos pelo autor, tipicamente de outros professores, estão todos (no que os autores julgam que é) acordês.
E os comentários, então, é uma festa. É só acordês.
Rodrigo de Sá, parabéns pelas suas palavras de revolta e de coragem! Uma boa parte da classe docente anda doente… da cabeça. E os que decentemente se opõem a esta macacada ortográfica são gozados e apelidados de ‘velhos do Restelo’. Não há pachorra para tanto invertebrado!
Bravissimo Jota,tenho andado a ladrar a’ lua por isso mesmo, melhor ainda seri’a um processo conjunto. Pela minha parte darei a divulgac,ao que estiver ao meu alcance.