Vera Mantero é coreógrafa e bailarina. Vive em Lisboa, a cidade onde nasceu.
Sobre o “acordo ortográfico” em geral e a ILC em particular diz que…
«… só há muito pouco tempo me dei conta de que esta ILC está em curso, iniciativa extraordinária que não sei como me estava a passar ao lado (…). Senão já teria tentado fazer mais por ela porque este novo acordo me faz de facto sofrer, sofrer mesmo, sofrer neste estranho lugar que é a língua, que é um lugar onde o corpo está todo envolvido de formas desconhecidas e inexplicáveis. tinha que vir este acordo para eu me aperceber o quão importantes eram para mim todas aquelas letrinhas, a falta que me faziam, o quanto sou afeiçoada a elas, a falta que fazem em termos práticos e concretos mas também aquilo que significam em termos etimológicos, históricos, a estranha ressonância que a história dessas palavras tem em nós (sem sabermos ou quase sem sabermos!), em nós hemisfério esquerdo-verbal-racional e em nós hemisfério direito-não verbal-irracional…»
Da sua biografia, necessariamente abreviada, respingamos o que se segue.
Estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Começou a sua carreira coreográfica em 1987 e desde 1991 tem mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Brasil, Canadá, EUA e Singapura.
Dos seus trabalhos destacam-se os solos “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois” (1991), “Olympia” (1993) e “uma misteriosa Coisa, disse o e.e.cummings*” (1996), assim como as peças de grupo “Sob” (1993), “Para Enfastiadas e Profundas Tristezas” (1994), “Poesia e Selvajaria” (1998), “Até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza” (2006) e a sua última criação “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” (2009). Participa regularmente em projectos internacionais de improvisação ao lado de improvisadores e coreógrafos como Meg Stuart, Steve Paxton e Mark Tompkins. Desde o ano 2000 dedica-se igualmente ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e co-criando projectos de música experimental.
No ano de 2002 foi-lhe atribuído o Prémio Almada (IPAE/Ministério da Cultura Português) e no ano 2009 o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete.
Subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.
Nota: esta publicação foi autorizada pela subscritora, que nos enviou o perfil aqui parcialmente reproduzido.
1 comentário
Parabéns para a Vera. Adoro dança…