Rui Valente subscreveu a ILC

Rui ValenteRui Valente nasceu em Pinhal Novo em 1962. Vive em Coimbra.

Em 1981, numa época em que os cursos se faziam com mais tempo, foi para Coimbra estudar Engenharia Mecânica, no ISEC.

A sua ligação ao teatro começa no TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra), como actor e, mais tarde, como membro da direcção. Esteve na organização da Bienal Universitária de Coimbra e, em 1992, foi um dos fundadores da companhia de teatro A Escola da Noite, de que é actualmente director técnico. Em 2008, com a entrada da companhia no novo Teatro da Cerca de São Bernardo, passou a acumular também as funções de director técnico desse espaço.

Sobre o Acordo Ortográfico de 1990 diz o seguinte:

«Nada me move contra a cultura brasileira. Pelo contrário, são do Brasil alguns dos meus autores favoritos. Também não tenho um discurso patrioteiro sobre a Língua Portuguesa. Pelo contrário, entendo o Português como elo de ligação e património comum de todos os falantes espalhados pelo mundo.

É certo que, como não podia deixar de ser, a dispersão geográfica e política criou diferenças: fonética, sintaxe, ortografia, são apenas algumas das vertentes da Língua que, com o tempo, foram adquirindo novas cores.

No entanto, longe do que se quer fazer crer, essas variantes não atrapalham — pelo contrário, são riqueza e parte indissociável desse património. Uniformizar significa, neste caso, mutilar, reduzir, nivelar por baixo — e é por isso que a Língua Portuguesa não cabe neste Acordo. Desde logo porque a norma ortográfica que serve uns falantes não faz sentido para outros. Mas também porque, com o AO90, o Português Europeu perde uma boa parte da sua identidade e da sua História e essa perda é uma perda da Língua Portuguesa como um todo.

“Não pedi, não preciso e sobretudo não quero” que me “traduzam” o teatro de Nelson Rodrigues, os contos de Rubem Fonseca, as biografias de Ruy Castro ou a poesia de Adélia Prado e de Manoel de Barros. Por maioria de razão, não faz sentido que os falantes do Português Europeu tenham agora de se “traduzir” a si próprios para comunicar entre si.

Não imagino que interesses — políticos, económicos ou outros — possam ter estado por detrás de um “acordo” como o AO90, que coleccionou uma lista enorme de pareceres negativos. Mas gosto bastante desta possibilidade que nos é dada pela ILC — a da reposição do bom senso através de um exercício de cidadania.»

Subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

Nota: esta publicação foi autorizada pelo subscritor, que nos enviou o perfil aqui reproduzido.

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3 comentários

  1. Repor o bom senso através dum exercício de cidadania como este. Ora quando em Portugal se chega a este ponto…
    Cumpts.

  2. Excelente análise do problema. Parabéns!

    • Helga Mateus Ferreira on 13 Abril, 2011 at 22:45
    • Responder

    Subscrevo inteiramente estas palavras.

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