«Guiné Equatorial membro da CPLP» [rádio “RFI” (França), 23.07.14]

obiangreutersA X Cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estiveram reunidos em Díli para a admissão da Guiné Equatorial como membro da CPLP. Dez anos depois de uma espera movimentada por avanços e recuos.

A Guiné Equatorial, liderada pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema, aplicou as exigências para a adesão do país, apesar da oposição de várias organizações da sociedade civil dos países lusófonos acusar o regime de cometer violações dos direitos humanos.

O director da organização EG Justice, Tutu Alicante, radicado nos Estados Unidos da América acusou o presidente da Guiné Equatorial de usar a CPLP para branquear a imagem do país junto da comunidade internacional. O activista guineense lamentou que a CPLP “tenha tacitamente permitido deixar-se usar para lavar a imagem do mais antigo chefe de Estado do mundo, um autocrata que não respeita os direitos humanos e governa uma das corruptas nações do mundo”.

Este foi o primeiro alargamento na história dos 18 anos da organização que passa, a partir de hoje, a incluir um país não lusófono, conta a jornalista da lusa em Díli, Joana Haderer.

A antiga Guiné espanhola teve de materializar uma moratória à aplicação da pena de morte para poder fazer parte da CPLP. A Guiné Equatorial vive num clima de medo que bloqueia qualquer tentativa de derrubar o regime, exemplo disso é a existência de um único partido da oposição, o Convergência para a Democracia Social, cujo líder tem assento parlamentar, num total de cem eleitos.

À saída de encontros que teve em Lisboa, o advogado e crítico do regime da Guiné Equatorial, Ponciano Mbomio Nvó, mostrou-se preocupado pela situação política que vive a Guiné Equatorial.

Segundo o intelectual português, Adriano Moreira, o novo membro permanente da organização muda a concepção do que é a CPLP, nomeadamente, “o trabalho que deu a organizar a CPLP e o conjunto de valores que reúne”. A Guiné Equatorial não corresponde a nenhum destes pressupostos, e por isso mudou a estratégia da CPLP”, acrescentou Adriano Moreira.

À chegada do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, ao salão nobre do Ministério dos Negócios Estrangeiros, foi aplaudido pelos chefes de Estado e de governo presentes. Entre eles fizeram-se ouvir aplausos do primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho, mas o mesmo não aconteceu com o presidente Aníbal Cavaco Silva.

A entrada da Guiné Equatorial já era esperada, contudo a forma como aconteceu era inesperada para os líderes políticos. “Fomos surpreendidos, mas o que nós queríamos acima de tudo era ajudar Timor-Leste para que esta cimeira fosse um sucesso” disse o presidente português, Aníbal Cavaco Silva. 

«Por consenso dos Estados-membros da CPLP, aprovou outorgar à República da Guiné Equatorial o estatuto de país membro de pleno direito no seio da comunidade, integrada até a data por um total de oito nações, cinco delas no continente africano. O nosso país passará a ser o sexto de África e o nono em ordem cronológica de adesão a esta comunidade, criada no ano de 1996», foi desta forma que o governo da Guiné Equatorial anunciou a sua adesão à CPLP no seu sítio oficial na Internet.

[Transcrição integral de colagem de diversos artigos publicados (quatro deles com gravações de emissões áudio, ouvir no “site” da RFI) pela Radio France Internationale (RFI) em 23.07.14. “Links” inseridos por nós. Destaques a “bold” conforme o original. Imagem de Reuters/RFI]

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