Activistas digitais, este artigo é para vocês. A ILC-AO publicou uma nova actualização na campanha “Não queremos o Acordo Ortográfico” na plataforma Causes.
Como? Campanha? Plataforma “Causes”? O que significa isto?
Vamos por partes.
A “Causes”, nasceu em 2007, no seio do Facebook, como uma plataforma de activismo social “em linha” — foi uma das primeiras aplicações criadas para aquela rede social. Hoje em dia, continua a apresentar-se como a maior plataforma de activismo online a nível mundial e continua a funcionar por “campanhas”. Qualquer pessoa pode, sem custos, criar um movimento associativo — uma campanha — e utilizar a “Causes” praticamente para tudo, desde a limpeza de uma praia até… à defesa de uma norma ortográfica como o Português Europeu.
Foi o que fizemos: nos bons velhos tempos em que a ligação entre Facebook e “Causes” era imediata, a campanha da ILC rapidamente reuniu mais de 120.000 seguidores naquela plataforma.
Infelizmente, hoje em dia, não sabemos se a “Causes” continua de facto a ser a maior plataforma virtual de activismo do mundo… ou se ainda funciona em pleno, sequer. Algures entre 2012 e 2014 parece ter ocorrido um divórcio entre o Facebook e a “Causes”. A ligação continua a existir (é possível aderir a uma causa com as credenciais do Facebook, por exemplo) mas a plataforma pareceu entrar em regressão — a própria interface tornou-se simplista e a interacção entre os gestores de uma Causa e os seus seguidores tornou-se ineficaz, para não dizer pior.
Mais que não fosse, por este pequeno “pormenor”: dantes, criar uma campanha na “Causes” dava direito, automaticamente, à criação de uma página dessa mesma campanha no Facebook. Dependendo das permissões pessoais de cada subscritor, quem aderisse a uma campanha na “Causes” podia ficar, ou não, automaticamente inscrito nessa página da campanha no Facebook.
Foi assim que surgiu a página “Não queremos o Acordo Ortográfico” no Facebook, trazendo para essa plataforma de contacto diário e imediato mais de 60.000 dos apoiantes da nossa ILC em “Causes”.
De repente, de um dia para o outro, o Facebook desactivou todas essas páginas de ligação com a plataforma “Causes”. A página da ILC continua lá, mas já não podemos mexer-lhe — nem sequer para actualizar a “Foto de Capa”, que remete ainda para o site antigo. De um dia para o outro perdemos uma ligação directa e imediata com mais de 60.000 militantes anti-AO. A presença da ILC no Facebook viu-se assim circunscrita aos “meros” 9.500 seguidores da sua página actual, criada após a “extinção” administrativa da original.
Bem, mas isto interessa para alguma coisa? Interessa sim, e muito — é uma questão de simples matemática. Se a ILC reuniu, até agora, cerca de 15.000 assinaturas, pode acontecer que todos os 9.500 seguidores da sua página “normal” já a tenham subscrito. Mas, tendo a página da ILC em “Causes” 60.000 seguidores, é impossível que todos eles a tenham subscrito.
Sempre me impressionou este fosso que existe entre o activismo no écran e a militância real. Como é possível alguém escrever, num computador, os mais inflamados textos contra isto ou a favor daquilo — mas não mexer uma palha fora desse âmbito virtual? Mistérios da vida em comunidade no Séc. XXI.
Mas há boas notícias para a militância de sofá. A ILC pode agora ser subscrita electronicamente — no sofá.
E a plataforma Causes continua a existir, mesmo fora do Facebook — sendo que, nesse caso, estamos a falar de todos os 120.000 aderentes a esta Causa e não apenas dos 60.000 que “gostavam” da página FB respectiva.
Foi o que fizemos. Através de um “update” na campanha da ILC, demos conta da redução do número de assinaturas necessário para a entrega da Iniciativa no Parlamento e, acima de tudo, da possibilidade de a ILC ser subscrita por via electrónica.
A Cidadania de chinelos, que tem tanto direito a existir como a do manifestante mais inflamado, pode agora fazer-se sentir, em toda a sua plenitude. “Basta mexer um dedo“.