“Quando o dinheiro fala, ninguém repara na gramática que usa” (autor desconhecido)

TshirtFVistaPrintQuando abracei a causa anti acordo – subscrevendo a ILC, divulgando-a e recolhendo outras subscrições – não estava à espera do que me estava reservado. Sendo uma causa nacional e tendo eu a noção exacta de que a vastíssima maioria da população era contra, pensei que não seria difícil recolher os milhares exigidos por lei para que a mesma seja aceite , discutida e votada.

Apesar de igualmente saber que este povo é avesso a mexer-se e que espera sempre que outros tomem a dianteira e resolvam os assuntos que são de todos, tinha a ingénua esperança de que esta causa, que atinge inescrupulosamente a nossa cultura e identidade como nação adulterando de forma irremediável a nossa Língua, sem que haja um ganho palpável e inquestionável, tinha peso mais do que suficiente para rapidamente se chegar a bom porto.

Enganei-me. Se no início as desculpas iam desde as que indiciavam um inequívoco «não me comprometam» ao adiamento da entrega da subscrição sob vários disfarces, alguns bem curiosos de tão infantis, com o passar do tempo tornaram-se graves. Sim, digo bem, graves.

Os “acordistas” não dormiram na forma, ah, não, muito pelo contrário, e não foi difícil percebê-lo. Sob a capa de acções anti-acordo que arrastaram muita gente de boa fé,  manipulando mesmo esta gente que acreditou estar a lutar pela sua Língua, desbarataram e dividiram uma causa que é nacional – aliás, por isso mesmo – com um singular propósito: desgastar no tempo, preferencialmente até destruir pela raiz, a ILC, a única arma capaz de parar a atrocidade denominada de “acordo ortográfico”. Única porque constitucionalmente consagrada pelo que jurídica e obrigatoriamente exequível. E “eles” também o sabem!

Passou-se das desculpas esfarrapadas, de quem acha que os outros são suficientes, ao facto consumado, à inutilidade da ILC porque já se estava a discutir isso, ao anúncio inesperado – e irresponsável, convenhamos – da morte do AO90, até ao desplante de se veicular a entrega de uma iniciativa de cidadãos – querendo com isto dizer que a ILC, esta ILC, a única ILC contra o AO90, tinha terminado o seu tempo de vida útil.

Não bastando todo este imbróglio ao melhor estilo de um western spaghetti de quinta categoria e visando sempre o mesmo desfecho, acabar com a ILC, desviaram as carabinas para as pessoas que a fazem, provocando os seus activistas e tentando denegrir infamemente a iniciativa.

Pois bem, falharam! Porque continuamos a não aceitar o abastardamento do português de Portugal, porque se comprovou no dia 28 de Fevereiro que a Assembleia da República não representa a vontade dos seus cidadãos, porque não é reconhecido qualquer valor linguístico ao acordo, porque não existe qualquer possibilidade de uniformização entre o que é diferente e  porque, à excepção dos que conseguem proventos à conta deste absurdo ortográfico,  consideramos que Portugal nada ganha com ele, a ILC, o seu mentor, o seu núcleo duro e os vários voluntários como eu, continuamos na luta com a mesma convicção e força mas muito mais resolutos.

Juntem-se a nós, ainda estamos a tempo.

Graça Maciel Costa

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