«Talvez até devolva este» [Raquel Pedrosa]

E-mail que enviei à Editorial Presença:

“Boa tarde.

Acabei de comprar um livro que achei bastante interessante, mas como ser humano que sou, esqueci-me de um pormenor: não verifiquei se este trazia erros ortográficos. É com grande surpresa e espanto que constatei que, de facto, o livro está repleto deles! Desde escrever os meses do ano com letra minúscula aos mais desprezíveis erros de escrita que não têm concordância entre a forma fonética e a forma escrita, por exemplo “objetivo”.

Meus caros, trabalhando neste ramo deviam estar informados que “objetivo” não se lê de acordo com a forma como nós dizemos esta palavra. “Objectivo”, sim, dá a ênfase necessária à forma como se pronuncia o “e” (mas isto, claro, para os que não são analfabetos).

É com grande espanto meu que a cara tradutora ***** *** ****** ******* faz parte desse universo analfabeto (ou será iletrado?). Porque motivo é esta senhora tradutora?

Nunca mais comprarei livros a uma editora que permite tal calamidade. Talvez até devolva este.”

Raquel Pedrosa

[Transcrição integral de “post” na página da Causa do Facebook “Não queremos o Acordo Ortográfico!“]

Imagem picada daqui.

Print Friendly, PDF & Email
Share

Link permanente para este artigo: https://ilcao.com/2011/12/14/talvez-ate-devolva-este-raquel-pedrosa/

15 comentários

Passar directamente para o formulário dos comentários,

    • Maria José Abranches on 14 Dezembro, 2011 at 15:10
    • Responder

    Apoiado! Se todos os portugueses que se dizem contra o Acordo Ortográfico de 1990 fossem coerentes, as editoras e os “media” perdiam o furor de “modernice” estulta de que estão atacados! Vem aí o Natal, é época de comprar e oferecer livros: não tenciono comprar um só dos que achincalham a nossa língua! E faço o mesmo com jornais e revistas! Está nas nossas mãos a sobrevivência do português de Portugal, a nossa língua materna!

    • Titânia Aguiar on 14 Dezembro, 2011 at 15:41
    • Responder

    Gostava que me explicassem, como se fosse uma criança de 4 anos, o porquê de tanta indignação em relação ao acordo ortográfico. Qualquer língua viva está sujeita a alterações, a reformulações, a revisões, por isso é uma língua viva. Caso contrário, ainda falaríamos latim??? Grunhíamos??? Claro que para os adultos, que se habituaram a escrever e ler as palavras de certa maneira, o processo será mais complicado. Mas, tirando isso, a maior parte das alterações vem simplificar a escrita. Usamos, sem problema nenhum, estrangeirismos, a propósito de tudo e qualquer coisa, no entanto, fazemos uma grande complicação com a simplificação da nossa própria língua. Expliquem-me.

    • Carlos Gonçalves on 14 Dezembro, 2011 at 15:54
    • Responder

    Esta é uma óptima época para revisitar títulos que não comprámos ao longo dos anos ou até de deixar simplesmente de gastar dinheiro com livros em “acordês” e começar a comprar livros a 1/4 do preço em Inglês.

    Já tenho lista negra de editoras :).

    • Raquel Pedrosa on 14 Dezembro, 2011 at 16:19
    • Responder

    Titânia, vou apenas referir brevemente uns poucos pontos através dos quais o “acordo” pode ser criticado:
    1 – não é um “acordo”;
    2 – não é ortográfico (contém erros);
    3 – a língua muda naturalmente, isso não se faz por decreto;
    4 – é completamente idiótico e irracional alterar a língua desrespeitando-a desta maneira, por causa de políticas;
    5 – não há concordância entre a forma como se escreve e a forma real como se pronunciam as palavras, no dito “acordo”;
    6 – há duplas-grafias;
    7 – os problemas das elevadas diferenças entre os dialectos não ficam resolvidos;
    8 – se queres tanto uma escrita simplificada, então mais valia mesmo grunhirmos. É só fazer sons, não tem que se pronunciar as palavras! É muito mais simples! Bora lá grunhir, malta!

    • Solange on 14 Dezembro, 2011 at 16:28
    • Responder

    Cara Titânia Aguiar, penso que de um modo geral, toda as pessoas sabem a origem da língua e a sua evolução. Posto isto e tendo o que disse em conta não acha que, com este novo acordo ortográfico, muito do que a nossa língua tem de seu, muito da sua essência, coerência, sentido e significado, tudo se dissipa sem razão lógica aparente? Se preza pela sua língua e pela história do seu país, tudo lhe ficará claro.

  1. Para a Titânia Aguiar compreender a “indignação” em relação ao AO90, convido-a a visitar e a ler os textos existentes na Biblioteca do (Des)Acordo Ortográfico: http://www.jrdias.com/acordo-ortografico-biblioteca.htm
    E, comprenderá, talvez (i.e., se tiver um entendimento superior a uma criança de 4 anos), que não escrever (como aliás a Titânia sempre escreveu) segundo as regras do AO90 não é sinónimo de “latim” ou de “grunhidos”. Ou há 5 ou 6 anos, quem ouvisse e lesse a Titânia, apenas ouvia e lia “latim” e “grunhidos”?

    • Eduardo Guerra on 14 Dezembro, 2011 at 16:49
    • Responder

    É pena que a caríssima Titânia Aguiar não distinga ‘evolução’ de ‘adulteração’, mais, ainda esta, por razões políticas e outros interesses inconfessáveis. A língua é uma coisa viva, de facto, mas acções destas, matam-na.

  2. A Titânia, de feito, grunhe. Parabéns à Raquel por lhe entender os grunhidos. Eu, a muitas penas lhe percebi «latim»; duas sílabas que ela conseguiu alinhar.
    Cumpts.

  3. Em Portugal não se diz â-dò-ptar, mas o pê etimológico tem valor diacrítico (escreve-se para marcar o timbre aberto da vogal que o precede e cuja dicção tende a fechar-se em |u| na fala portuguesa) logo, o pê de «adoptar» é tão sonoro quanto a vogal |ò|. Demonstra-se assim que não há letras mudas em português mas que se pode em vez disso chamar surdos aos ignorantões que o não entendam ( http://biclaranja.blogs.sapo.pt/541799.html ). Evidentemente que nem isso se se tratar de grunhos.
    Cumpts.

    • António Costa-Cabral on 14 Dezembro, 2011 at 16:56
    • Responder

    Boa Raquel Pedrosa.
    Mas duvido que a titania (?) tenha percebido…

    • Raquel Pedrosa on 14 Dezembro, 2011 at 17:26
    • Responder

    Era exactamente o que o Bic Laranja explicou sobre a palavra “adoptar” que eu estava a dizer relativamente ao objectivo/objetivo e no ponto 5 do meu comentário. Infelizmente, não consegui explicá-lo num vocabulário tão avançado.

  4. A Presença há-de prosseguir na desfaçatez. Este país não é para boicotes, temos visto. Especialmente se tiver de ser boicote institucional. Salvam-se o «Público» e o «Diabo». Mas o resto é o diabo; caladinhos que nem ratos. À hora marcada lá farão a sua vez no rebanho.
    Grunhiu aí há semanas o tupinambá Viegas que se ia rever a grafia do Sítio do Pica-pau Amarelo. Desenganemo-nos do acto porque as consoantes etimológicas não hão-de ir a julgamento – não foi afinal toda esta macaquice Casteleira para as levar ao cadafalso? – A revisão anunciada deve ser para ajeitar o golpe da Academia Brasileira no prefixo «re-» à revelia da Base XIV, 1.º, al. b) (v. http://biclaranja.blogs.sapo.pt/530431.html ), que anda para a levar no toutiço em Brasília por desbastar a seu bel-prazer que que tratou e firmou. – Enfim, o costume!… – Hão-de aproveitar para passar a mão pelo pêlo dos africanos encaixando-lhes o cafreal «kuanza» (v. http://biclaranja.blogs.sapo.pt/524153.html ) e de caminho estribarão tão monumental revisão aos «standards» do «Acordo» no acento da 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo «parar». Para ninguém dizer que não houve larga discussão e mostrar ao Mundo e à O.N.U. que esta tropelia feita ao português é muito democràticazinha e não um desfile no sambódromo.
    Apetece-me puxar do mais rasteiro vernáculo para cascar nessa cáfila…

  5. Titânia, para compreender o que pede que lhe expliquem, teria de ter um nível de conhecimento e interesse no que a esta questão diz respeito, que infelizmente não possui. Se é realmente oriunda do nosso País, aconselho-a a estar atenta à riqueza da fonologia da nossa língua que em nada se compara com o dialecto que se fala no Brasil.

    Têm alguma sugestão em relação ao que fazer às crianças que iniciaram o primeiro ciclo?

    • Raquel Pedrosa on 15 Dezembro, 2011 at 20:42
    • Responder

    Responderam-me basicamente a dizer que não concordam comigo e que adoptaram o dito “acordo” porque também escrevem livros infanto-juvenis e as crianças ficariam confusas se eles não o fizessem! Se esta gente tivesse pena das crianças, faziam alguma coisa para que elas não tivessem de aprender a escrever com erros ortográficos! Para não falar acerca de eles dizerem que discordam daquilo que eu disse. Contra factos, não argumentos! O que eu disse é um facto: não há acordo e, se houvesse, ortográfico não era, com certeza.

    • Raquel Pedrosa on 15 Dezembro, 2011 at 20:44
    • Responder

    Lapso: Contra factos, não há argumentos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.