O AO90 (de novo) no Senado brasileiro (1)

Diz Bechara: “Medeiros Albuquerque não teve a coragem[???] de pegar uma palavra como ‘exame’, onde temos o mesmo fonema [Z, de “Brazil”] escrito agora com X, por exigência etimológica, Medeiros Albuquerque deixou[???] que a palavra ‘exame‘ continuasse com X”.

Diz Bechara: “em Portugal eles dizem ‘corruto’, enquanto que em português do Brasil nós dizemos ‘corruPto‘. Então, acontece que aí são duas palavras que divirgem [???] na língua. Agora, quando em Portugal escrevem ‘director’ com C e nós escrevemos ‘diretor‘ sem C, aí apenas há uma duplicidade somente de grafia.”

[Excertos vídeo da 1.ª sessão de audiência sobre o AO90 realizada no Senado Federal do Brasil em 21.10.14.]

Apresentamos uma citação por cada vídeo apenas a título de ilustração; qualquer dos excertos está recheado de igualmente verdadeiras “pérolas”, proferidas não apenas pelo Professor Doutor Evanildo Bechara como por outros que deste não desmerecem.

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8 comentários

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  1. Atenção! O Bichara é muito, muito velho. Ele ainda se lembra de em Portugal se dizer «kurruto» (e «kurrussão», «kurrutamente», «kurrutéla, «kurrutibilidáde», «kurrutivel», «kurrutôr» e o mais que houvesse). A 1.ª edição do Aulete, de 1881, atesta-o inequìvocamente (cf. vol. I, p. 412 — http://babel.hathitrust.org/cgi/pt?id=nnc1.1002458373;view=1up;seq=450 ).

    O que ele não aprendeu foi (lá diz o adágio, burro velho &c.) que o «p» etimológico de «corrupção» levou um coice na reforma de 1911, tal como o «c» de «victoria», por os portugueses o não pronunciarem nem ter ele valor diacrítico — «ii» e «uu» não variam de timbre, logo foram aquelas consoantes dispensadas.

    E mais. Que o «p» de «corrupção» tornou a ser escrito em 1945 por, justamente, se dizer no Brasil; a regra era simples: se nalgum dos países se pronunciava, todos escreviam. O caso é exemplar em muitos os sentidos. Nunca os portugueses haviam na sua história dito o «p» de corrupção; de 1945 acabaram a pronunciá-lo sempre, por retorno da ortografia sobre a oralidade. Ajuda pensar que foi de 1945 para cá que ocorreu o maior incremento de alfabetização em Portugal…

    Cumpts.

  2. Da mesma maneira, se tirarmos o «c» ou «p» com valor diacrítico de palavras menos correntes na oralidade e que se aprendem tantas vezes da leitura. Peça-se a um portuguesinho na rua para ler adjeto, calefator, eletroviral, idioleto, inadotável, genufletir, notívago, socioleto e adivinhem o que ouvirá…
    No estádio em que estamos, com leitores alfabetizados de meninos e em que vasto vocabulário se adquire da leitura (muitas vezes só da leitura), haveis de ver o que sucederá.
    É a «corrupção» que por inteiro demonstra o paradigma.
    Cumpts.

    • José António on 31 Outubro, 2014 at 12:08
    • Responder

    Porque é que os brasileiros eruditos não “proclamam” a sua Língua como “Brasileiro”, língua de ascendência portuguesa e nos deixam em paz com as suas “manias” linguísticas.

  3. “Corruto”… “Corruto”? O que é isto, afinal? Linguarejar de pombo? Valha-nos Deus, que o homem não está bom da cabeça. Bechara, por favor, não nos transforme em aves columbiformes!

    • Jorge Pacheco de Oliveira on 31 Outubro, 2014 at 17:33
    • Responder

    Concordo com o leitor José António. Que a língua do Brasil se chame brasileiro de uma vez por todas e que deixem a nossa língua em paz ! Eles dão pontapés na ortografia, dão pontapés na gramática… Aquilo já não é português. Esqueçam o acordo, esqueçam a língua portuguesa, façam lá o que quiserem, mas não nos moam mais a cabeça com parvoíces como estas do Sr. Bichano, ou lá como se chama o homem…

  4. “Corruto”? Este homem nem se dá ao trabalho de procurar se os delírios dele são verdade! NUNCA na minha vida ouvi alguém que dissesse “corruto”. Agora sei que há uma pessoa que o faz – ele! ¬¬

  5. Fiquei sem perceber. É todo “pró-fonética”, ignorando o facto de diversos grafemas terem pronúncias muito diferentes de um país e até de uma região para outra; é até a favor de “ezame” (não seria “izami”?), mas depois faz-se-lhe luz e vê que realmente acabaria com a compreensão de homófonas? Isto não é totalmente contraditório? Tem de voltar para a faculdade. Lição #1: Letras não são sons. #2: Ortografia não é meramente a representação da fala em nenhuma língua civilizada.

    Depois a ignorância total sobre a realidade portuguesa, especialmente no que toca à dupla grafia. Santa ignorância, alguém lhe faça um desenho. Ah, e para não falar da falácia de que o espanhol e o italiano procuraram alguma “simplificação”, como se tivessem feito alguma reforma há 5 anitos ou assim…

    Enfim, um mono. Realmente não deverá ser preciso um grande intelecto para se ser alguém com audiência marcada no senado da nação brasileira. Que antro de pobreza intelectual, valha-me Deus.

    • Jorge Teixeira on 4 Novembro, 2014 at 9:35
    • Responder

    Estou tão cansado do argumento do “italiano” para justificar o injustificável. O “italiano” foi “inventado” para criar uma língua comum para os vários dialectos da Itália no contexto turbulento da reunificação. Não foi uma invenção “científica” para “progresso” da “ortografia”. Chega.

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