«Oportunistas e aventureiros» [Maria do Carmo Vieira, TVI24]

Vi em direCto o programa e fiquei impressionado com a coragem desta professora, que conseguiu levar à discussão um tema nuclear para o ensino no nosso país.

Não se ensina latim, não se ensina grego e já nem se ensina português decentemente… ensinar Os Maias através de resumos – lamentável…

Há que ter a coragem de continuar a denunciar a monstruosidade que foi, e continua a ser, cometida contra um dos símbolos mais importantes da nossa identidade como nação. “Oportunistas e aventureiros” são termos algo suaves para qualificar o que se passou. Não tenhamos receio de chamar “as coisas pelos nomes” e dizer bem alto que esta hediondez foi arquitectada por um grupo de colaboracionistas e cães de fila que estão a ter o apoio por parte de quem deveria colocar acima de tudo “os superiores interesses da nação”. Como diziam os Romanos, “o que a natureza das coisas proíbe, nenhuma lei pode confirmar”.

Costumo ser um espectador fiel do programa da TVI24 “Olhos nos Olhos” porque me parece ser um dos poucos momentos televisivos em que a frontalidade do discurso na demonstração dos desmandos e da passividade (talvez indiferença, insensatez ou coma cerebral profundo) com que muitos responsáveis da governança tratam (?) alguns problemas com que nos debatemos desde os tempos de Alcácer Quibir onde (a meu ver)Portugal encetou a sua viagem de auto-destruição que ainda continua, merece de cada português autêntico uma vénia de grande respeito.
No último programa (21 de Maio/2012) experimentei (e não me acontece com frequência) um misto de sentimentos plenos de exuberância solidária, de contentamento, de admiração, e de profundo respeito pela convidada Drª Maria do Carmo Vieira a quem endereço uma palavra de estímulo para não desistir da sua luta e ainda outra de agradecimento. Não foi necessário dizer os nomes de muitos e algumas responsáveis pelo que se está a passar no ensino e pelo desrespeito pela Lingua Portuguesa. Nós sabemos quem são. Infelizmente ficarão na história pelos piores motivos.
A Drª Maria do Carmo Vieira, o Dr. Vasco da Graça Moura, o Dr.Medina Carreira, o Dr. António Barreto e alguns mais (não muitos mais, infelizmente) constituem o que resta ainda da orgulhosa lusitanidade que no passado nos distinguiu dos outros povos. Se a estes outros não se juntarem, seremos tão somente um povo estranho que vive numa terra que ele próprio não conhece bem porque perdeu a sua história, abandonou as suas referências, deixou apodrecer as pedras da memória, arruinou os seus bens de subsistência tranquila, e acomodou-se numa modorra mental e física.
Gosto muito de olhar o céu, mas não gosto de algumas “estrelas” que na sua pretensa luminosidade escondem buracos negros…Gosto muito mais do mar, do nosso mar, onde podemos admirar as tão estimadas “vieiras”.