Francamente que nunca entendi a insistência e a desmedida despesa com o chamado «acordo ortográfico» para a Língua Portuguesa.
A verdade é que nos encontramos numa situação de colapso, em que os países mais populosos de língua portuguesa não o aplicam.
Eu também não. A evolução de uma língua tem a ver com a identidade e a criatividade cultural de um povo, até com o seu engenho fonético-morfológico ante as realidades que o tempo lhe vai deparando ou alterando. Reparem a riqueza vocabular e a beleza estética que a língua portuguesa ganhou no Brasil, na minha opinião porque mais livre de espartilhos do que os rigores gramaticais impostos pela administração escolar dos portugueses.
Portanto, não me venham agora obrigar a escrever ou a falar diferente, só porque por decreto. Que ridículo!…
Quando o falar e o escrever de cada um de nós, resulta de uma expressão livre ante a vida, regulada por regras gramaticais apreendidas desde a mais tenra meninice. E em que cada um ginasticou livremente a sua tradução do mundo e a maneira de comunicá-la, também contribuindo assim, individualmente, para a formação de uma Cultura que é Identidade.
É preciso mesmo se ter uma tonta visão burocrática do que é o tão diversificado mundo de língua portuguesa, em tantas e tão diferentes latitudes e costumes, para passar pela cabeça unificar o que não é unificável, graças a Deus e à Liberdade!
E ainda por cima, por decreto!…
Alberto João
[Transcrição integral de texto publicado na edição impressa do Jornal da Madeira de 16.03.14. A fonte referida pelo jornal é a agência de notícias Lusa e a autoria do texto é atribuída à página oficial de Alberto João Jardim, Presidente do Governo regional da Madeira, na rede social Facebook.]
Esta notícia chegou ao nosso conhecimento através da seguinte mensagem, enviada por Maria Fernanda Afonso, numa das nossas páginas do Facebook.
[citação]
Está provado e demonstrado que acordo ortográfico é ilegal, inconstitucional, e está cheio de erros grosseiros e disparates escandalosos.
Apesar de toda esta pouca vergonha, os nossos governantes e o Presidente da República, continuam a proteger esse monstro que está a destruir a nossa língua e a envergonhar o país.
Hoje saiu um artigo de opinião no jornal da Madeira, assinado pelo Presidente do Governo Regional, Dr. Alberto João Jardim, relacionado com o monstro.
Leiam, passem a mensagem e não se esqueçam de assinar a ILC, porque estão a matar a nossa língua com esse monte de lixo a que chamam acordo ortográfico, e temos de nos unir urgentemente, homens e mulheres de boa-vontade, para salvar a nossa língua, dignificar o nosso país e honrar a memória dos nossos antepassados.
Duarte Afonso (romancista)
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2 comentários
Ainda não entendi o que leva a dizer-se que o Brasil não aplica o AO90. Leio com regularidade a Folha de São Paulo e o O Globo e parece-me que aplicam. Vejo que, por exemplo, escrevem europeia (em vez de européia) ou frequente (em vez de freqüente).
O único problema é o sr. presidente do governo regional da Madeira provocar uma reacção antagónica de tal forma visceral na maior parte dos portugueses que tê-lo contra o AO90 pode tornar as pessoas normais a favor.