A “maravilhosa língua unificada” (IV)

«Considerando que o projecto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional
Acordo Ortográfico de 1990, preâmbulo

http://moznobrasil.blogspot.pt/2012/02/de-mocambique-pro-brasil.html

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Brasil exige ‘escrita portuguesa na vertente brasileira’ em concurso para centro cultural em Maputo

A Embaixada do Brasil em Maputo lançou um concurso para director do Centro Cultural Brasil-Moçambique (CCBM), colocando, como requisito, “desejável conhecimento da escrita portuguesa na vertente brasileira”, para concorrentes não brasileiros.

Questionada sobre se a presença do mencionado requisito no concurso não choca com o espírito do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO), que harmoniza a ortografia do português e que o Brasil ratificou, a Embaixada do Brasil em Maputo declinou pronunciar-se sobre a matéria por entender que “não há polémica no concurso”.

O AO, de 1990, assinado e ratificado por todos os países lusófonos à excepção de Angola e Moçambique, e implementado em Portugal e no Brasil, tem por objectivo unificar a ortografia nos diferentes espaços de falantes de português, pelo que uma exigência de uma “vertente brasileira” parece contraditória com o tratado internacional.

A vaga de director do CCBM está aberta a cidadãos brasileiros e para estrangeiros com residência permanente em Moçambique, mas é a estes a quem é “desejável” o conhecimento da escrita portuguesa na vertente brasileira.

No concurso, exigem-se também bons conhecimentos das culturas brasileira e moçambicana, bem como experiência anterior em produção e gestão cultural.

Em declarações à Lusa em Maputo, o director cessante do CCBM, o moçambicano Calane da Silva, afirmou que “não há mal nenhum” ao exigir-se que seja “desejável o conhecimento da escrita portuguesa na vertente brasileira”, pois entende que esse requisito “não viola nem contradiz o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”.

Dos oito Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), apenas Moçambique e Angola não ratificaram o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Lusa/SOL

[Transcrição integral de notícia publicada pelo semanário “Sol” em 23.09.13. Destaques e sublinhados inseridos por nós.]

[Imagem copiada do “blog” De Moçambique Pro Brasil, Do Brasil Pra Moçambique (sic).]

Ver outros conteúdos sobre a “maravilhosa língua unificada“.

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9 comentários

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    • Jaime Branco on 24 Setembro, 2013 at 19:22
    • Responder

    Enviar esta oferta de trabalho para outras VARIANTES e não vertentes… Sócrates e seus “muchachos” nada entenderiam, porque… nem a Língua Portuguesa de origem latina eles sabem utilizar… Grau zero a que nos conduziram. E repito o que sempre disse: subjaz apenas e só o interesse político e económico, assente no Loby das grandes Editoras que… conhecem e utilizam muito bem o verbo UNTAR…

  1. E o acordo que tanto quer unificar, cada vez mais separa. Separa a gente de bem dos acorditas, separa os que acreditam na língua dos que acreditam na novidade, separa nos que pensam por si dos que acham que devem acatar todas as imbecilidades que lhes dizem vir de cima, mesmo que envolta num manto de suspeita e ilegalidade. Finalmente, separa os que amam a língua dos que usam a vertente brasileira.

    • Elmiro Ferreira on 24 Setembro, 2013 at 23:57
    • Responder

    Eu prefiro ver os representantes da actual cultura brasileira a espalharem-se assim, mostrando as suas intenções de mando, em relação à Língua Portuguesa. Assim como também acho que o português falado e escrito no Brasil é uma vertente do português-padrão falado e escrito em Portugal. Se eles estão a criar emprego em Moçambique, por certo podem dar preferência a quem dominar a “vertente” brasileira do Português. Se vierem aqui criar emprego, idem… Se vierem os ingleses não tenho dúvidas de que irão dar preferência a quem falar a língua inglesa.
    Já me cansei de argumentar com a “lógica” do aleijão ortográfico. Aquilo (“AO90”) é um absurdo que apenas pode fazer sentido para quem de facto não ama a sua Língua materna e entende por normal seguirmos vertentes estranhas.

    • Jorge Teixeira on 25 Setembro, 2013 at 18:09
    • Responder

    As “justificações” do AO90 são, sempre foram, mentiras. É tão simples como isso. Só não percebe quem não quer perceber. E só adopta o AO90 quem não tem uma pitada de amor pela sua cultura e não tem uma pitada de respeito pela ciência.

    • Maria Miguel on 26 Setembro, 2013 at 8:45
    • Responder

    Estamos a chegar à infeliz concretização das pré-visões dos Velhos e Sábios do Restelo: a perda de identidade lusa.
    Nunca as políticas portuguesas terão sido tão insultuosas para este povo. As corrupções levadas a acabo por políticos, votados, estão a apagar o nome de Portugal. Quem é que leva a sério os nossos representantes que vendem o que não lhes pertence, que trocam os valores morais em festas, festanças e negócios?

    E nós a pagarmos tudo.

    Há muitos portugueses a dormir. Mas não devemos perder a esperança de que haja um forte acordar!

    • hippie on 27 Setembro, 2013 at 13:43
    • Responder

    LibreOffice já vem com pt Angola. Suponho que os próximos Windows, Linux, telefones,,, também.

    Significa que agora existem 3 vertentes da língua portuguesa:
    2 derivadas do tupi (PT-Portugal e PT-Brasil),
    1 derivada do indo-europeu (PT-Angola).

    Curiosamente o tupi não vem no LibreOffice.

  2. Sou a favor de separar os idiomas PT Angola e demais países(lusófonos) e seus aproximadamente 50 milhões de falantes com o PORTUGUÊS e o Brasil com seus 203.000.000 de falantes com o IDIOMA BRASILEIRO simples assim gente , todas as reclamações estariam resolvidas e nós apagaríamos de nosso dicionário de uma vez por todas a palavra Português. Visto que aqui no BR não passa nada de PT nem de Angola nem de nenhum outro país de língua portuguesa, na verdade vocês não fazem parte de nosso cotidiano nem de nossa vida, PT ainda é um pouco lembrado nas aulas de história dos descobrimentos mas não passa disto, não tem nenhuma relevância para nós não vejo porque tentar manter um vinculo que não existe, vamos nós unir para separar o idioma não unificar, não se une o que já esta separado há mais de 200 anos.Pensem nisto.

    • Luís Ferreira on 11 Outubro, 2013 at 19:46
    • Responder

    Para alguns de nós é muito claro este objectivo estratégico: apagar o português do mapa.
    Contudo, acho que a Mara devia ter escrito BRAZILEIRO. A vontade de separação seria mais evidente e o mito da unificação mais facilmente demonstrado.

    • Jorge Teixeira on 15 Outubro, 2013 at 10:11
    • Responder

    @Mara por mim, não tenho nada contra.
    Mas quem deve pensar nisso é o Brasil, dado que é o Brasil que tem tentado introduzir-se em todos os nichos em Portugal. Os grupos de media brasileiros têm posições maioritárias nas estações de televisão portuguesas e usam essa influência para que as telenovelas brasileiras sejam passadas massivamente.
    A influência também se faz sentir ao introduzir música brasileira em tudo o que é playlist da rádio.
    O AO90 é um instrumento para que o mesmo processo de massificação dos produtos “culturais” brasileiros se opere no mercado do livro.

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