Escrevo como “indígena” desta terra na qual em parte se encontram as raizes da nossa Língua e que se chama Galiza. Fago-o também como falante e escrevente desta Língua que nos une, por muito que haja portugueses e espanhóis que neguem essa unidade, e que Espanha tentou e tenta apagar das nossas vidas de galegos.
Uma das formas tem sido pôr uma farda castelhana à nossa ortografia e afastá-la da ortografia comum: viajar por Galiza e ver escritas aberraçoes como *fillos, *años, *carballo ou *sentenza é testemunhar este propósito lingüicida que o diz tudo de um estado incapaz de respeitar a diferença e a diversidade.
Assisto indignado e frustrado ao que está a ocorrer em Portugal com a imposiçao do AO, com o esquecimento que ele implica para as nossas raízes na hoje quase ignorada língua chamada Latim, para com a cedência para com um critério foneticista e avulgarado da língua escrita, para com o domínio de critérios simplesmente economicistas e de mercado em algo que, como a Língua, deveria ser considerado um acervo a manter afastado do reino do despautério plutocrático.
Infelizmente, também na Galiza aqueles sectores que antes propugnavam uma ortografia comum mas uma norma galega, agora, ante a miragem do AO optam por escrever numa ortografia uniformizada e homogeneizante de acordo à norma brasileira. Dói à vista ver escrito “concetualismo, trator, setor, ato” e demais barbárie que se está instalando na nossa Língua escrita.
Acompanho-os e solidarizo-me na sua luita. E exprimo-o com aquilo que modestamente pretende ser uma norma galega da nossa Língua baseada naquilo que alguns pseudoeruditos e pseudolingüistas chamam agora de “português antigo”.
Jun 11 2012
A nossa luita
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5 comentários
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É gratificante ler comentários assim. Vamos a diante.
Cumpts.
Muito comovente, amigo Bento, da Galiza! Continuemos pois esta luta pelo direito à nossa língua e às nossas raízes!
Obrigada pelo seu contributo.
Toda a palavra que se ergue para manifestar o nosso descontentamento
pela mutilação da nosso idioma é uma bênção. Amplia-nos.
Gosto. De mais. Os maltrapilhos da imprensa e da tv abrem alas a uma língua sem pai!
E eu vou de Florbela Espanca a Rosalia de Castro, colhendo flores. E cada vez mais Galego. Porque o Rio Minho não nos separa. Mesmo se nos roubam o hifen…
Gostaria de partilhar convosco estas dolorosas observações da reputada escritora Teolinda Gersão:
http://aventar.eu/2012/06/11/declaracao-de-amor-a-lingua-portuguesa/