Saúdo a posição dos estudantes; no meio de tanta apatia, é um grande sinal esta demonstração de cidadania contra este “Acordo”. É urgente desmascarar o “A”O, que significa
– precedência de critérios de natureza política e económica, nomeadamente interesses dos grandes grupos multinacionais de informática, sobre os critérios científicos (15 pareceres científicos são muito críticos, apenas um, do A. do “Acordo”, é elogioso);
– acto de indevido poder político, de resquícios coloniais, ao ser um acordo proposto e assinado por 2 países à revelia de todos os outros que, usando a Língua Portuguesa, alcançaram a independência política e não foram convidados a pronunciar-se sobre o assunto;
– imposição de natureza política sobre a língua, totalmente inaceitável;
– falta de consciência histórica, ao não considerar que as línguas são organismos vivos, com específicas derivas legítimas, e que por isso, quer o Português Europeu quer o Português do Brasil e todos os outros dos PALOPs não podem ser “acorrentados” a um espartilho absurdo, sem efeitos práticos e inaceitável;
– destruição da norma ortográfica, através de um sem número de facultatividades que minam a coerência linguística e anulam o efeito de “unificação” pretensamente perseguido;
– consequente instauração do caos ortográfico, como está aliás à vista nos meios de comunicação e nas posições pessoais;
– falência de um dos argumentos decisivos dos defensores de tal “Acordo”, ou seja, o argumento da unificação ortográfica;
– má-fé e falência do argumento de que um AO “facilitaria a comunicação e o fortalecimento do Português nas instâncias internacionais”. Não há incompreensão, através da língua, portuguesa, entre falantes portugueses, brasileiros e outros países de língua oficial portuguesa. A analogia internacional de casos semelhantes vale aqui: nunca um tal acordo foi necessário quer para o inglês, quer para o espanhol, quer para o francês. Com o português, estas são as 4 línguas que, através da expansão colonial, passaram para outros continentes;
– perda de identidade histórico-linguística, ao serem levadas a um nível residual, do ponto de vista ortográfico, as ligações ao Latim, ligações que distinguem a generalidade das línguas cultas europeias;
– desaparecimento do português europeu das instâncias políticas e culturais internacionais;
– desaparecimento do português europeu dos leitorados e Universidades estrangeiras com ensino de Português:
– desaparecimento do português europeu de instrumentos de comunicação como a Wikipédia ou a BBC (v. respectivo site), onde já só surge, entre as várias línguas, o “Brazilian”. O “Portuguese” desapareceu.E por favor, quem estiver de acordo com o acima dito, DISPONHA DE UNS MINUTOS, DE UMA IDA AO CORREIO, E ASSINE A ILC!!!!
[Transcrição de comentário de Ana Isabel Buescu a “post” neste mesmo “site”.]
10 comentários
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Muito obrigada, Professora Ana Isabel Buescu, pelo seu excelente texto: pela solidez, riqueza e pertinência da informação que veicula, assim como pela sua denúncia corajosa deste crime ignóbil, que está insidiosa e vergonhosamente a minar e destruir a nossa língua secular e a APAGÁ-LA da face da terra!
Também eu saúdo os estudantes que se mobilizam contra o AO90: eles são a garantia de que a nossa língua sobreviverá e terá no futuro portugueses que a amem e defendam!
Oxalá muitos mais Professores universitários façam ouvir a sua voz indignada e se juntem à nossa ILC, nesta luta de vida ou de morte pela língua de Portugal!
O texto da professora Ana Isabel Buescu (acima), onde alerta sobre o recente desaparecimento do “portuguese” e o surgimento do “brazilian” nos sitios wikipedia e bbc, leva-me, em primeira análise, a julgar que não se tratou de um acordo ortográfico, mas sim, de uma “venda”. Isto posto, neste momento histórico, inicia-se o desaparecimento da Lígua Portuguesa e seu dialeto brasileiro e, em seu lugar, surgem (de uma penada governamental) a Língua Brasileira e o seu dialeto português… Que vergonha, Camões…
O meu muito obrigado à Professora Ana Isabel Buesco, à Professora Maria José Abranches, aos estudantes que se mobilizaram contra o AO e a todos aqueles que têm lutado contra este atentado à nossa Lingua Portuguesa e à nossa cultura, isto só vem provar que os políticos que Governam o nosso País não se contentam em vender a EDP a REN a TAP etc. querem vender a nossa Lingua e a nossa História, e apenas se nos unir-mos podemos impedir que tal aconteça.
A maior interferência na língua portuguesa é do inglês por via dos comentadores nos grandes meios de comunicação social e dos políticos que acham que não existem senão quando por eles comunicam.
Entre muitas barbaridades estão “alocar” por disponibilizar, “confortável” por confortado ou sentir-se bem e outras palavras desnecessariamente a ser introduzidas do inglês na nossa língua, que o povo tende a imitar porque julga que os que as usam
sabem.
É como se as licenciaturas, os mestrados e os doutoramentos dos autores delas fossem licença para asneira.
Caro Cizolando Guerreiro, os governantes querem vender apenas por causa dos negócios, ou melhor quem vendeu era isso que queria.
Obrigado.Força!Contra o AO marchar,marchar!!!!!
Não podemos deixar que nos tirem o que é nosso, que chegou aos cinco continentes
Lutar pelo que é nosso, é lutar por nós mesmos. Força e coragem
Não precisamos de acordos ortográficos, e sim acordos éticos de mutuo respeito as diferenças, e harmonização do coração, da alma, do espirito, da paz, das distribuições melhores das rendas, do socorro aos menos desfavorecidos, e se economizar nestes movimentos de acordos ortogaficos. Precisamos comunicar mais com o coração e com atitudes de respeito ao proximo…obrigada pela oportunidade. Paz no coração da humanidade
Por razões políticas, e não só, há 34 anos que vivo fora de Portugal.
Como diria Fernando Pessoa ” a minha pátria é a Língua Portuguesa”.
Por favor não ma tirem… ( o “A O” é uma vergonha! )
Confundir UNIDADE com UNIFORMIDADE é algo que os autores deste “absurdo ortográfico” demonstraram desde o primeiro momento. E com essa uniformidade estám a destruir a riqueza que implica a variedade da nossa Língua nas suas diferentes realizações. Comparando com o mundo da Biologia, acho isto como querer que só haja uma variedade de cada semente: uma só semente de milho, cevada, centeio ou aveia, por exemplo, empobreceriam a genética dessas espécies e fariam-mas muito mais fracas face a qualquer agente agressivo. Se consideramos as Línguas desde uma perspectiva para além da material, acho que deveriamos aplicar-lhes as mesmas considerações