Olha! Outro que diz que esta escrita é coisa de brasileiros… E depois disso, fraco jogo de cabeça. Mas que esperar de quem escreve «trabalhando» com os pés?
Feiz anno novo!
Transcrição de um e-mail enviado ontem ao director do jornal A Bola:
Meu caro Vítor Serpa,
sou leitor d’A Bola desde o tempo do preto e branco, em formato grande, às segundas, quintas e sábados. Desde muito novo, habituei-me a ver o jornal como um espaço em que a Língua Portuguesa era e sempre foi bem tratada. Ainda hoje, não é invulgar ler nas páginas d’A Bola artigos que, mais do que simples jornalismo, são boa literatura.
Quando o “Recor” (a última consoante é muda) se prontificou a adoptar o Acordo Orrográfico, mantendo-se A Bola fiel ao português correcto, limitei-me a ver nessa dicotomia uma simples manifestação da Ordem Natural as Coisas.
Neste contexto, como é óbvio, o seu editorial não me surpreende. Aliás, concordo com praticamente tudo o que escreve. Apenas a conclusão me parece errada.
O AO90 é má ortografia, ponto final. Nada me move contra a cultura brasileira, que muito admiro – mas o AO90 não serve a oralidade do português europeu. O facto de ter começado a ser leccionado nas escolas não o legitima e em nada altera este facto.
Espero que esta adesão d’A Bola ao Acordo Ortográfico seja apenas formal – e que não haja um único colaborador do jornal que deseje passá-la à prática.
Sugeria-lhe, também, que o jornal, a exemplo do que fez o PÚBLICO, auscultasse a opinião dos seus leitores. Talvez pudesse concluir que mudar para pior não é uma inevitabilidade. Basta pensarmos, por exemplo, que está em curso uma iniciativa legislativa de cidadãos (ILC) pela revogação do Acordo Ortográfico – a qual, aliás, o convido a subscrever (pedia-lhe que visitasse, para o efeito, o site ilcao.cedilha.net).
O AO90 não serve a oralidade Portuguesa? Concordo! No entanto, nem a brasileira. Nós continuamos abrindo os ditongos de palavras como jÓia e europÉia mas não os acentuamos mais, ainda que a “contra gosto”! Na verdade, tal ortografia não serve para nada. Aliás, serve para criar confusão! Antes tínhamos a ortografia brasileira e a portuguesa. Todos sabiam quando um texto era oriundo de Portugal ou do Brasil. fias Ambas as ortografias eram reconhecidas e respeitadas desde o Tratado da Amizade entre Brasil e Portugal. E agora? Temos um mistura de tudo um pouco. E pensar que alguns pensam que isso é uma simplificação! Aqui no Brasil a Senadora Ana Amélia Lemos enviou ao Senado um pedido de revisão na nova ortografia. Agora resta-nos aguardar!
Dobraram a cerviz… amancebaram-se como diria o Gordo!
Mas por que carga de água é que em 2012 têm que passar a escrever em crioulo? Têm medo de ir para a cadeia? Ou que fechem o jornal que já foi grande e digno??? Olhem só se os feitores de além-atlântico se lembram de vos obrigar a andar a 4… ao que chegámos.
Levava-me às lágrimas de gargalhar se o Brasil fizesse o mesmo que já fez antes e abandonasse o acordo. Sempre queria ver o que é que os senhores da Porto Editora e outras iriam fazer às toneladas de papel impresso que já têm em armazém…
Os meus 75 anos serão garantia de que não vou mudar uma vírgula do meu escrever português: as línguas evoluem por si e não à força de acordos políticos gizados por ilustres desconhecidos. Este acordo (de quem?) não tem pés nem cabeça! Tem é contornos de negócio sujo e a marca de uma subserviência vergonhosa para Portugal.
Apenas e só produto inacabado e sem nexo de supostos e desconhecidos filólogos de pacotilha que transformaram as regras num cortejo de excepções… só nos faltava esta praga de mestres da língua para implodir a nossa!
E andaram anos no escuro a preparar o AO, a querida bomba, num trabalho de sapa inacreditável que levou a uma aprovação “oficial” e meritória por parte de duzentas e cinquenta cabecinhas pensantes e beneditinas que o transformaram em decreto.
Não lia a Bola nem o “Recor” e não vou ler. Tal como deixarei de ler e pagar jornais que assumam o ex-português do celebrado AO. Passarei a reler o Eça, o Camilo, o Herculano, Vieira e tantos mais que possuo em edições antigas que me permitem acompanhar tempos fora a evolução ortográfica natural e não mal cozinhada.
Um destes dias, se quiser ouvir e falar português, vou até à Galiza desabafar com Rosalia de Castro as minhas amarguras…
Mal vai do país onde os netos são impedidos “por lei” de falar a língua dos avós.
Netos não escreverem como os avós? Penso que a maneira como você aprendeu a escrever, na década de 40, não tenha sido a mesmo que seus filhos aprenderam e nem mesmo é a ortografia que agora se defende. Parece-me normal! Agora se o AO90 é algo bom? Não, pois as populações que têm o português como primeira língua deveriam ter sido consultadas.
11 comentários
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Olha! Outro que diz que esta escrita é coisa de brasileiros… E depois disso, fraco jogo de cabeça. Mas que esperar de quem escreve «trabalhando» com os pés?
Feiz anno novo!
Não concordam, mas renderam-se. Foram obrigados?
Além de serem lampiões agora, ainda pior, viraram acordistas! Nunca li este pasquim e agora, de certeza, que não o vou ler!
É mais um jornal para não comprar e para boicotar. ViCtor Serpa é um cobarde.
Transcrição de um e-mail enviado ontem ao director do jornal A Bola:
Meu caro Vítor Serpa,
sou leitor d’A Bola desde o tempo do preto e branco, em formato grande, às segundas, quintas e sábados. Desde muito novo, habituei-me a ver o jornal como um espaço em que a Língua Portuguesa era e sempre foi bem tratada. Ainda hoje, não é invulgar ler nas páginas d’A Bola artigos que, mais do que simples jornalismo, são boa literatura.
Quando o “Recor” (a última consoante é muda) se prontificou a adoptar o Acordo Orrográfico, mantendo-se A Bola fiel ao português correcto, limitei-me a ver nessa dicotomia uma simples manifestação da Ordem Natural as Coisas.
Neste contexto, como é óbvio, o seu editorial não me surpreende. Aliás, concordo com praticamente tudo o que escreve. Apenas a conclusão me parece errada.
O AO90 é má ortografia, ponto final. Nada me move contra a cultura brasileira, que muito admiro – mas o AO90 não serve a oralidade do português europeu. O facto de ter começado a ser leccionado nas escolas não o legitima e em nada altera este facto.
Espero que esta adesão d’A Bola ao Acordo Ortográfico seja apenas formal – e que não haja um único colaborador do jornal que deseje passá-la à prática.
Sugeria-lhe, também, que o jornal, a exemplo do que fez o PÚBLICO, auscultasse a opinião dos seus leitores. Talvez pudesse concluir que mudar para pior não é uma inevitabilidade. Basta pensarmos, por exemplo, que está em curso uma iniciativa legislativa de cidadãos (ILC) pela revogação do Acordo Ortográfico – a qual, aliás, o convido a subscrever (pedia-lhe que visitasse, para o efeito, o site ilcao.cedilha.net).
Um abraço,
Rui Valente
O AO90 não serve a oralidade Portuguesa? Concordo! No entanto, nem a brasileira. Nós continuamos abrindo os ditongos de palavras como jÓia e europÉia mas não os acentuamos mais, ainda que a “contra gosto”! Na verdade, tal ortografia não serve para nada. Aliás, serve para criar confusão! Antes tínhamos a ortografia brasileira e a portuguesa. Todos sabiam quando um texto era oriundo de Portugal ou do Brasil. fias Ambas as ortografias eram reconhecidas e respeitadas desde o Tratado da Amizade entre Brasil e Portugal. E agora? Temos um mistura de tudo um pouco. E pensar que alguns pensam que isso é uma simplificação! Aqui no Brasil a Senadora Ana Amélia Lemos enviou ao Senado um pedido de revisão na nova ortografia. Agora resta-nos aguardar!
http://www.jornalja.com.br/2011/12/02/senado-deve-voltar-a-debater-acordo-ortografico/#comments
Cumpts
Queiram, por gentileza, desconsiderar as letras ( fias ) que antecedem a palavra ‘Ambas’. Obrigado.
Dobraram a cerviz… amancebaram-se como diria o Gordo!
Mas por que carga de água é que em 2012 têm que passar a escrever em crioulo? Têm medo de ir para a cadeia? Ou que fechem o jornal que já foi grande e digno??? Olhem só se os feitores de além-atlântico se lembram de vos obrigar a andar a 4… ao que chegámos.
Levava-me às lágrimas de gargalhar se o Brasil fizesse o mesmo que já fez antes e abandonasse o acordo. Sempre queria ver o que é que os senhores da Porto Editora e outras iriam fazer às toneladas de papel impresso que já têm em armazém…
Muito me ria eu…
Os meus 75 anos serão garantia de que não vou mudar uma vírgula do meu escrever português: as línguas evoluem por si e não à força de acordos políticos gizados por ilustres desconhecidos. Este acordo (de quem?) não tem pés nem cabeça! Tem é contornos de negócio sujo e a marca de uma subserviência vergonhosa para Portugal.
Apenas e só produto inacabado e sem nexo de supostos e desconhecidos filólogos de pacotilha que transformaram as regras num cortejo de excepções… só nos faltava esta praga de mestres da língua para implodir a nossa!
E andaram anos no escuro a preparar o AO, a querida bomba, num trabalho de sapa inacreditável que levou a uma aprovação “oficial” e meritória por parte de duzentas e cinquenta cabecinhas pensantes e beneditinas que o transformaram em decreto.
Não lia a Bola nem o “Recor” e não vou ler. Tal como deixarei de ler e pagar jornais que assumam o ex-português do celebrado AO. Passarei a reler o Eça, o Camilo, o Herculano, Vieira e tantos mais que possuo em edições antigas que me permitem acompanhar tempos fora a evolução ortográfica natural e não mal cozinhada.
Um destes dias, se quiser ouvir e falar português, vou até à Galiza desabafar com Rosalia de Castro as minhas amarguras…
Mal vai do país onde os netos são impedidos “por lei” de falar a língua dos avós.
Netos não escreverem como os avós? Penso que a maneira como você aprendeu a escrever, na década de 40, não tenha sido a mesmo que seus filhos aprenderam e nem mesmo é a ortografia que agora se defende. Parece-me normal! Agora se o AO90 é algo bom? Não, pois as populações que têm o português como primeira língua deveriam ter sido consultadas.