Feira do Livro do Porto 2019: um balanço e um agradecimento

Uma Festa da Cidadania!

A polémica em torno da banca da ILC-AO na Feira do Livro do Porto, que se arrasta desde o ano passado, quase fez com que nos esquecêssemos do essencial: quando o tema é a Língua Portuguesa, a recolha de assinaturas deixa de ser uma simples formalidade e passa a ser uma verdadeira festa!

Naturalmente, não podemos aceitar a atitude da Câmara Municipal do Porto, que foi incorrecta e prejudicou objectivamente esta campanha — tivesse a CMP cumprido a Lei e o número de subscrições teria sido ainda maior. Mas factos são factos: os entraves levantados pela Câmara Municipal foram insuficientes para conter o querer das gentes do Porto e a aversão dos Portugueses pelo Acordo Ortográfico. Contra o AO90, uma recolha de assinaturas transcende em muito a melhor ou pior localização da respectiva banca.

Foram mais de 1.200 assinaturas, recolhidas em curtos períodos de tempo durante as plácidas tardes junto ao Palácio de Cristal. Este número supera os resultados do ano passado mas, pelas nossas estimativas, com mais tempo e com outras condições, não teria sido difícil chegarmos às 2.000 subscrições. Este é o primeiro dado que podemos analisar: em pouco mais de quinze dias, é possível recolher um décimo das assinaturas necessárias para esta ILC. As quatro Feiras do Livro que visitámos recentemente (Porto e Lisboa em 2018 e 2019) mostram-nos que recolher assinaturas contra o AO90 tem vindo a tornar-se, cada vez mais, uma tarefa fácil.


Mas isso não é tudo! Os números são importantes, mas mais importante ainda é atitude das pessoas. Desde logo, todas estas 1.200 assinaturas (1.219, para sermos rigorosos) foram subscrições espontâneas — pessoas que, à simples vista da nossa banca, decidiram por sua livre iniciativa aproximar-se e subscrever. E como o fizeram!

A decisão sobre a mesa a utilizar (grande ou pequena) rapidamente se tornou desnecessária. Nos fins-de-semana, foi invariavelmente necessário utilizar ambas. Não era raro haver duas, três e mesmo quatro pessoas a assinar em simultâneo, enquanto outras aguardavam a sua vez, formando uma fila. Quando nos perguntavam “quantas assinaturas temos”, ouviam com satisfação a nossa resposta: “já temos suficientes; estamos a recolher mais para que esta Causa tenha ainda mais força”.

Ficámos particularmente sensibilizados com o caso de um subscritor que, um dia, quando começámos a montar a nossa banca, nos interpelou imediatamente. Percebemos então que ele já ali estava, à nossa espera, porque teve conhecimento desta campanha e não queria deixar de fazer parte dos subscritores da ILC-AO.

De resto, repetiram-se histórias que já conhecemos de recolhas anteriores. Jovens com menos de 18 anos que pretendiam subscrever a ILC, tal como cidadãos de outros países, incluindo brasileiros. Muitos, novos e velhos, agradecem-nos e dão-nos os parabéns pela iniciativa e por darmos a toda a gente a oportunidade de deixar escrita a sua posição contra o Acordo.

Percebe-se que este tema, salvo uma ou outra excepção, une a esmagadora maioria dos portugueses. Esta é uma Causa que não deixa ninguém indiferente e mobiliza-nos a todos como poucas. Uma coisa é certa: este mar de gente, esta onda de contestação, este amor-próprio que ainda anima os portugueses na defesa da sua Língua e da sua identidade, este clamor tranquilo mas determinado, não pode ficar sem resposta.

Mais do que as centenas de assinaturas angariadas, a recolha do Porto deixa-nos esta certeza: quem subscreve uma ILC contra o Acordo Ortográfico fá-lo com convicção — não há aqui assinaturas indiferentes. Quando este Projecto de Lei for apreciado na Assembleia da República os seus subscritores irão estar atentos. As palavras e os actos dos deputados serão examinadas à lupa.

Rui Valente


Muito obrigada!

Finda a Feira do Livro do Porto, é tempo de fazer não apenas o habitual balanço final,  como para, a título pessoal,  deixar aqui algumas palavras de agradecimento aos outros voluntários da ILC-AO e ainda o meu testemunho de admiração pela cidade do Porto e pelos portuenses em particular.

Apesar de a Câmara Municipal, através da Organização desta Feira do Livro, nos ter novamente recusado um lugar dentro do recinto da Feira, sob o pretexto de “… criar um precedente para promover no recinto da Feira do Livro uma campanha de iniciativa cidadã, que poderá abrir portas a muitas outras igualmente legítimas e estimáveis...”, não desistimos do nosso propósito de dar voz à imensa maioria de cidadãos que, sabemos bem, são contra este “disparate”, como muitos signatários lhe chamaram quando falaram connosco.

Assim, durante o período em que durou a Feira do Livro, montámos a nossa humilde banca junto à entrada do Palácio de Cristal.

Imediatamente percebemos que as pessoas, mal viam os cartazes que anunciavam a nossa Iniciativa, se dirigiam a nós sem hesitar para assinar e colaborar connosco.

Como já tivemos ocasião de referir aqui, a reacção das pessoas foi sempre muito calorosa e entusiástica, apoiando veementemente a nossa luta, dando-nos os parabéns pelo nosso trabalho e incentivando-nos a continuar. Pudemos constatar que a luta contra este crime de lesa-Língua Portuguesa que é o “acordo ortográfico” continua bem viva e que a grande maioria das pessoas não esquece a arbitrariedade e prepotência com que foi imposto.

Às mais de 1.200 pessoas que nos deram a honra de colaborar com esta Causa nacional  através da sua assinatura, só nos resta, sincera e reconhecidamente, dizer: obrigada! Muito obrigada!

Olga Rodrigues

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