Os dados estão lançados!

Este artigo dá sequência ao do passado dia 20, no qual começámos a definir uma espécie de “retrato-robot” dos subscritores da ILC. Como vimos nesse texto, se quiséssemos personificar um subscritor-tipo desta Iniciativa, teríamos de começar por dizer que é uma mulher e que reside em Lisboa.

Entre os 308 concelhos existentes em Portugal, Lisboa é, de facto, o mais representado. Seguem-se Cascais, Oeiras, Porto, Sintra, Lagos e Tomar. Pela sua posição no “ranking” identificam-se facilmente as cidades onde há mais militantes activos, gente que chamou a si a responsabilidade de recolher assinaturas além da sua própria. A posição “natural” de concelhos como Cascais, Lagos e Tomar seria certamente uns furos mais abaixo sem o contributo precioso destas pessoas (no quadro: “top-20” dos concelhos anti-acordistas).

Os anti-acordistas distribuem-se de forma mais ou menos uniforme por todas as faixas etárias da população. Este gráfico é apenas referencial ou indicativo, uma amostra do total, visto que somente obtivemos a data de nascimento de 433 dos subscritores desta versão em papel — até à alteração das regras das ILC a data de nascimento dos subscritores era um dado facultativo. De qualquer modo, graficamente fica bem clara a falácia dos argumentos acordistas quando referem os “velhos do Restelo” que recusam “a modernidade” do AO.

Um dado curioso prende-se com a percentagem de pessoas que optaram por subscrever a ILC enviando uma digitalização do impresso de subscrição, depois de preenchido e assinado. Recordamos que, quando esta Iniciativa Legislativa de Cidadãos começou, a Assembleia da República apenas admitia a “assinatura presencial em suporte físico”, isto é, subscrições em papel enviadas pelo correio ou entregues em mão. Esta regra já era há muito um anacronismo mas os serviços da AR concordaram, a solicitação nossa, em pelo menos aceitar as assinaturas digitalizadas e enviadas por e-mail. O papel continuava a ser omnipresente, mas era possível digitalizá-lo e enviá-lo como imagem por correio electrónico.

Não sendo tão fácil como a assinatura via formulário electrónico, este método era, ainda assim, menos complicado do que a ida aos correios: quase dois mil subscritores optaram por esta via.

Por fim, um dado que é apenas uma curiosidade: esta ILC atravessa também uma mudança gradual do velho Bilhete de Identidade para o Cartão de Cidadão, sendo que a nossa anti-acordista modelo, à data da subscrição, usou ainda o seu Bilhete de Identidade.

Entretanto, e para lá da estatística, este artigo é também o primeiro que publicamos já depois de recolhidos todos os dados das assinaturas em papel.

O que significa isto? Desde logo, significa que devo um imenso obrigado à Hermínia, à Isabel e à Olga, só para citar alguns nomes. Graças a elas e a outros voluntários como elas foi possível concluir a enorme tarefa de recolher, compilar e tratar informaticamente um volume gigantesco de dados.

Significa também que está cumprida uma etapa crucial desta nova vida da ILC. A partir de agora, abrem-se novas possibilidades de trabalho. O primeiro passo foi, obviamente, a eliminação de subscrições repetidas. Por estranho que possa parecer, houve de facto um número considerável de pessoas que assinaram a ILC mais de uma vez. Sem este tratamento dos dados, era impossível detectar uma repetição de alguém que, por exemplo, subscreveu a ILC em 2012, tendo voltado a fazê-lo um ano depois. Essa primeira triagem, que teve naturalmente reflexos no total apurado, já foi também feita.

A partir de agora, vamos também poder dar resposta às pessoas que nos perguntam se já subscreveram a ILC. Há várias pedidos nesse sentido que aguardavam, precisamente, a conclusão desta última tarefa — as respostas vão começar a ser enviadas já durante a próxima semana.

A conclusão desta enorme empreitada significa, ainda, que o quadro que actualizámos na coluna da direita é o quadro com os valores FINAIS, relativamente à recolha de dados das subscrições em papel da era pré-digital. Uma alteração que este quadro poderá ainda sofrer prende-se com os casos “a resolver” — aqueles em que os dados estão incompletos ou ilegíveis mas em que poderá ainda haver um contacto com o subscritor.

No pior cenário, em que nenhum desses casos se transforma numa assinatura válida, temos assim que a recolha de assinaturas em papel “rendeu” 14.238 assinaturas. Para completar o total de 20.000 assinaturas, é agora necessário que a subscrição por via digital e as novas assinaturas em papel perfaçam a soma de 5.762 assinaturas.

Este é o principal mérito desta maratona de recolha de dados. A partir de agora temos um objectivo definido — e temos uma forma de saber quão perto estamos de o cumprir. Dito de outra forma, vamos poder saber se as assinaturas que já chegaram e continuam a chegar através do formulário de subscrição, são efectivamente subscrições novas ou se existem repetições das assinaturas em papel já processadas.

Naturalmente, esta é a primeira das nossas prioridades para os tempos mais próximos: a concepção de uma ferramenta que permita comparar automaticamente as duas bases de dados. Uma coisa é certa: mesmo que não se verifiquem novas repetições, a soma das assinaturas em papel (novas e velhas) e electrónicas não é ainda suficiente para que a ILC possa dar entrada no parlamento.

Mas sabemos que “a praia” está próxima. E acredito que teremos a força de vontade suficiente para não soçobrar tão perto do nosso objectivo final.

Por tudo isto, ao invés de um singelo “Quem Somos (parte II)”, não posso deixar de acatar a excelente sugestão do João Pedro Graça para o título deste artigo — “Os dados estão lançados”.

Os dados estão efectivamente lançados. Mas o sucesso desta Iniciativa está longe de depender apenas da sorte. Como se vê, o número de subscritores que já temos constitui  uma “massa crítica” suficiente para garantir o êxito desta iniciativa. Todos nós conhecemos pelo menos um amigo que ainda não subscreveu a ILC. Para usar uma linguagem futebolística, a ILC depende apenas de si própria para conseguir os seus objectivos — está nas nossas mãos levá-la até ao fim.

Boas entradas em 2017 — que este seja o ano em que o famigerado “Acordo” desaparece de vez.

Rui Valente

PS. — Estou a fazer um esforço para agradecer individualmente a todas as pessoas que, à luz das novas regras das ILC, nos estão a enviar a sua data de nascimento — em especial nos casos em que esse dado nos chega acompanhado por palavras de incentivo e com a promessa de divulgação da ILC pela lista de contactos do subscritor. Prevendo que esse volume de mensagens acabe por ser impossível responder a todos individualmente,  aproveito para deixar aqui, desde já, o meu agradecimento público (e colectivo) aos subscritores que optem por nos enviar essa informação.

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4 comentários

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    • José António Baptista on 31 Dezembro, 2016 at 12:13
    • Responder

    Sou um apoiante da iniciativa desde os primeiros passos. Idade: 63 anos. Engenheiro Técnico Electrotécnico. Natural de Torres Novas, residente em Palmela, distrito de Setúbal

    1. José António, obrigado pelo seu apoio.
      Não percebi ao certo se pretende acrescentar a sua idade aos seus dados de subscrição. Se for o caso, precisarei da data de nascimento completa (e não apenas o ano), bem como o seu nº de BI ou CC para mais facilmente localizar a subscrição.
      Obrigado e votos de um óptimo 2017!

    • António Caetano Rodrigues on 1 Janeiro, 2017 at 12:22
    • Responder

    Eu estou em desacordo com este A090, que na prática matou a língua portuguesa falada e escrita, com benefícios para uma língua que tendo ligações com a língua portuguesa, em muitos casos a mesma nada tem a ver com o português e que é a língua falada no Brasil. Eu não quero ter de escrever o meu nome “António” à maneira do Brasil ou seja “Antônio”.
    No entanto já assinei desde à muito a petição contra e aproveitei agora para ler o texto e na listagem não encontrei Leiria, poderão informar-me a razão desse hiato.
    Desejo a todos felicidades para o ano de 2017. Abraço – Caetano – 01/01/2017

    1. António Caetano, boa noite.
      O gráfico que vê no artigo lista apenas 20 concelhos. Leiria não está nesse “top-20” mas não está muito longe — surge em 24º lugar na lista de concelhos com mais subscritores.
      Quanto à sua própria subscrição: pesquisando apenas pelo nome, não a encontro. Se, como diz, assinou uma petição, é possível que tenha assinado outra coisa. Uma ILC é um Projecto de Lei e, até há pouco tempo, apenas podia ser subscrita em papel. Lembra-se de ter assinado um papel?
      Atenciosamente,

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