O AO90 nos exames nacionais; perguntas de deputados ao Governo

requerimentoPSD0315

Assunto: Aplicação do Acordo Ortográfico nos exames nacionais
Destinatário: Min. da Educação e Ciência

 

Ex. ma Sr.ª Presidente da Assembleia da República

Excelência:

Correm notícias alarmantes sobre a imposição de fortes penalizações aos alunos em cujas provas de exames nacionais não seja rigorosamente aplicada a grafia imposta pelo sinistro Acordo Ortográfico de 1990 (AO 90).

Entre professores, alunos e famílias vai uma grande indignação pois muitos jovens a examinar começaram a sua aprendizagem com a língua materna sujeita a umas certas regras de grafia e depois foram perturbados com alterações aberrantes, impostas à força por um grupo fundamentalista, que instrumentalizou o poder do Estado não se sabe como…

Certo é que entre os escritores e largas franjas do professorado, para não falar já da população em geral, continua a verificar-se forte rejeição daquilo que é visto como destruição da língua portuguesa, sem qualquer razão nem benefício prático, como já comprovámos nas respostas obtidas — ou negadas… — às nossas insistentes perguntas parlamentares sobre tão candente matéria.

Na Região Autónoma dos Açores mais se justifica a indignação, porque o repúdio do AO é muito intenso.

Nestes termos, os Deputados do PSD eleitos pela Região Autónoma dos Açores, ao abrigo das disposições aplicáveis da Constituição e do Regimento formulam ao Governo, através do Ministro da Educação e Ciência, as seguintes perguntas:
a) Confirma o Governo que na correcção das provas de exames nacionais do secundário vão ser marcados erros de ortografia e aplicadas penalizações a grafias diferentes daquela que impõe o AO 90?
b) Tal medida vai ser aplicada também nos outros graus de ensino, incluindo o universitário?
c) Como vai recrutar o Governo os docentes encarregados de corrigir as provas, sendo certo que muitos são verdadeiros objectores de consciência contra o AO 90?
d) Como pode o Governo garantir uniformidade de critérios face às delirantes “facultividades” incluídas no dito AO 90?
e) Vai o Governo impor, centralística e autoritariamente, a aplicação do dito AO 90 nos exames a realizar na Região Autónoma dos Açores, sendo certo que o respectivo sistema de ensino está há décadas regionalizado?

Palácio de São Bento, sexta-feira, 13 de Março de 2015

Deputado(a)s
MOTA AMARAL(PSD)
JOAQUIM PONTE(PSD)
LÍDIA BULCÃO(PSD

[Transcrição de documento publicado no “site” da Assembleia da República em 18.03.15. Os “links” e destaques são nossos.]

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4 comentários

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  1. «Sinistro Acordo Ortográfico de 1990 (AO 90)», «alterações aberrantes, impostas à força por um grupo fundamentalista, que instrumentalizou o poder do Estado não se sabe como…»… não deixa de ser curioso, mas também encorajador, ver deputados do PSD utilizarem expressões que eu próprio utilizo… Mas, lá está, são dos Açores, região com tradição de ser um dos últimos redutos do heroísmo do país (e não só em Angra).

    • Maria José Abranches on 1 Abril, 2015 at 22:51
    • Responder

    Muito bem, Senhores Deputados! O AO90 é uma vergonha nacional, concebido e secretamente negociado para destruir a língua materna dos portugueses. Trata-se precisamente de «alterações aberrantes, impostas à força por um grupo fundamentalista, que instrumentalizou o poder do Estado não se sabe como…» E bem gostaríamos de saber… Mais do que nunca, está na hora de os políticos, de todas as tendências, se lembrarem de que não lhes demos os nossos votos para nos atraiçoarem e nos despojarem do nosso mais valioso e inalienável património.

    • Ana Isabel Buescu on 1 Abril, 2015 at 23:44
    • Responder

    Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não! Reconforta ver que não estamos sós.
    Obrigada, deputados Mota Amaral, Joaquim Ponte e Lídia Bulcão

    • Maria do Carmo Vieira on 2 Abril, 2015 at 19:31
    • Responder

    Orgulha-me o facto de haver na Assembleia da República deputados que prezam a sua Cultura, que têm Cultura e que se insurgem contra os atentados que continuamente a agridem porque honram o voto que lhes foi dado pelos portugueses. Bem-hajam, deputados Mota Amaral, Joaquim Ponte e Lídia Bulcão!

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