«Grupos anónimos corrigem ortografia» [jornal “i”, 02.02.15]

accionortograficaR7

logotipojornaliGrupos anónimos corrigem ortografia de graffitis na rua

Quem os divulgou foi a circunspecta BBC Brasil: nas ruas de Quito e de Madrid há grupos organizados que corrigem a ortografia e a gramática escritas nas paredes. A eles não lhes interessa a orientação política, nem discutem o conteúdo das pintadas, apenas velam para que estejam bem escritas.

O grupo equatoriano é misterioso: há alguns meses, surgiram inscrições corrigidas em tinta spray vermelha no bairro de La Floresta, em Quito.

A BBC Brasil consultou autores das fotos dos murais, jornais locais e até um organizador de eventos para graffitis para saber se alguém conhecia a “Acção Ortográfica Quito”. Nada.

“Parece que eles (o grupo)se espalharam bastante é ninguém assumiu (a autoria)”, diz uma das autoras das fotos divulgadas no Twitter.

Como as frases de diferentes muros” são escritas em letras parecidas, grafiteiros suspeitam que a mesma pessoa que faz as inscrições faça, em seguida, as correções.

Ainda assim, nas redes sociais, os autores de tais acções foram elogiados como “vingadores” e “super-heróis” da ortografia por pessoas que pedem “um mundo com inscrições bem escritas”.

“É bom que as pessoas se conscientizem de que devem escrever melhor”, diz à reportagem o equatoriano Ivan Auslestia, que fotografou os muros de Quito e cedeu as fotos para esta reportagem.

A acção equatoriana acabou inspirando o “Acção Ortográfica de Madrid“, grupo lançado há apenas algumas semanas no Facebook para estimular a correcção de frases mal escritas em lugares públicos da capital espanhola.

Eles dizem que outra fonte de inspiração são grupos de “acção poética”, que pintam frases de poesia em muros e asfaltos de diferentes cidades de diversos países da América Latina.

Sem se identificar, o grupo madrileno diz à BBC Brasil via Internet que é formado por um número indeterminado de pessoas, e para participar basta ter o espírito ortográfico aguçado. Mas deu poucos detalhes sobre a sua actuação e também mantém um ar de mistério.

“De facto, responsáveis pelo grupo somos poucos, mas qualquer um pode se creditar como membro do.Acção Ortográfíca de Madrid se corrigir algum cartaz CORRECTAMENTE e assinar com AOM,ACOMA ou Acción Ortográfica de Madrid”, escreveu o grupo em mensagem via Facebook.

Em Lisboa e nas cidades portuguesas o exemplo ainda não foi seguido, mas paredes com erros é o que não falta por todo o mundo. Se as ideias estiverem bem escritas, é meio caminho para as podermos pensar melhor, diz um dos promotores nas redes sociais. Por ironia da história nem todas as correcções estão certas. Para quando um grupo de correctores do correctores? Pensem nisso, sem gralhas, sff.

[Transcrição integral (digitalização automática por “scanner”) de artigo (não assinado) publicado no jornal “i” (edição em papel) de 02.02.15. “Link” não disponível.]

[Foto de R7/BBC Brasil]

Print Friendly, PDF & Email
Share

Link permanente para este artigo: https://ilcao.com/2015/02/02/grupos-anonimos-corrigem-ortografia-jornal-i-02-02-15/

2 comentários

  1. “É bom que as pessoas se conscientizem (sic) de que devem escrever melhor”… diz o equatoriano Auslestia, diz o grupo “Acção Ortográfica de Madrid“ e dizemos nós todos. Nesta matéria o que se passa em Portugal é verdadeiramente surreal: nunca tantos escreveram tão mal, em parte graças aos ditames do AO.
    Por enquanto, na capital e em outras cidades portuguesas o exemplo ainda não foi seguido, “mas paredes com erros é o que não falta” por aí, observa o jornal i. Haja coragem para corrigir os erros nas paredes, mas sobretudo haja coragem para, a nível nacional, corrigir os erros nos jornais, nos livros, nos manuais escolares. Só com essa coragem – que passa pela revogação do AO – passaremos a escrever melhor.

    • Jorge Teixeira on 2 Fevereiro, 2015 at 18:25
    • Responder

    Quem me dera que só as paredes tivessem erros. Agora não há nada que não esteja coberto de erros: o erro que é o AO90 acumulado com os erros de quem acha que escreve segundo o AO90. E ainda os textos “brasileiros”. A escrita pública em Portugal transformou-se num vómito. Daqueles mais doentios e aviltantes.

Responder a Jorge Teixeira Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado.