«A estupidez à solta» [Vasco Pulido Valente, “Público”, 30.01.15]

publicoDezenas de analfabetos que gostam de se dar ares fizeram um escândalo com o aparente excesso de erros de ortografia, pontuação e sintaxe dos 2490 professores que se apresentaram à “Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades” (PACC). Deus lhes dê juízo. Para começar, não há em Portugal uma ortografia estabelecida pelo uso ou pela autoridade. Antes do acordo com o Brasil – um inqualificável gesto de servilismo e de ganância –, já era tudo uma confusão. Hoje, mesmo nos jornais, muita gente se sente obrigada a declarar que espécie de ortografia escolheu. Pior ainda, as regras de pontuação e de sintaxe variam de tal maneira que se tornaram largamente arbitrárias. Já para não falar na redundância e na impropriedade da língua pública que por aí se usa, nas legendas da televisão, que transformaram o português numa caricatura de si próprio; ou na importação sistemática de anglicismos, derivados do “baixo” inglês da economia e de Bruxelas.

(…)

[Transcrição parcial de artigo da autoria de Vasco Pulido Valente. In jornal “Público” de 30.01.15.]

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2 comentários

    • Maria José Abranches on 31 Janeiro, 2015 at 19:37
    • Responder

    Visivelmente a ‘casta’ dominante em Portugal é, além de estúpida, servil e gananciosa, analfabeta! Só assim se pode explicar que o descalabro da nossa língua, que todos os dias nos entra pela casa dentro, deixe insensíveis e apáticos os políticos, intelectuais, professores universitários, directores de – até há pouco – prestigiadas instituições, empresários notáveis, etc… Em qualquer país do mundo civilizado, este ataque à língua nacional e materna levantaria uma imparável onda de protestos e obrigaria à suspensão imediata deste crime hediondo!
    Quanto ao papel miserável desempenhado pelo Ministério da Educação, basta não ser voluntariamente cego: entra pelos olhos dentro!

    • Fernando Kvistgaard on 3 Fevereiro, 2015 at 9:01
    • Responder

    Será que os políticos portugueses, além de não só arruinarem os fundamentos socio económicos do país, destroem também o património de nós todos – a língua dos portugueses – e disto saem impunes? Quem/como/quando dar cobro a este pandemónio antes que os portugueses deixem de se compreender uns aos outros?

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