O ano da morte de Fernando Pessoa

PessoabrasileirosmallNão, não vou dissertar sobre o AO90. Penso que já tudo, ou quase, foi dito por outros e muito melhor do que eu o poderia fazer, venho com a alma em chamas pelo anúncio de Fernando Pessoa, na escrita de um seu pseudónimo, como pertencendo à literatura brasileira.

Não me venham falar na unificação da literatura lusófona, era só o que mais faltava. Não acredito que os fleumáticos britânicos concordassem em partilhar o nascimento de Shakespeare com outro qualquer país anglófono. Shakespeare é inglês, tal como Pessoa é português.

Conclui-se, portanto, que para além da estulta descaracterização da nossa Língua em nome duma unificação impossível, já o Brasil se apossa dos nossos maiores vultos literários — veja-se anúncio a edição da Amazon, Serviços de Varejo do Brasil, Lda.

Este é, portanto, o ano da segunda morte de Pessoa, sem que alguém com responsabilidade se manifeste sobre esta afronta ao nosso espólio cultural. Por este andar, um dia destes Camões “acorda” na Guiné Equatorial – e nós mais pobres, muito mais pobres.

[Imagem de Amazon (Brasil)]

 

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1 comentário

    • Maria José Abranches on 26 Fevereiro, 2014 at 0:35
    • Responder

    Mais um milagre colateral da milagrosa “unificação” da língua portuguesa operada pelo AO90!

    Lembram-se? A língua já aqui não mora, passou-se para o Brasil:
    http://fr.babbel.com/apprendre-le-portugais-gratuitement

    “Carneiros é o que mais há”: até quando continuará o “manso rebanho” nacional a suportar isto? Da energia de Abril, 40 anos depois, já não resta nada?!

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