É uma discussão intensa há já algum tempo no seio da equipa de tradução portuguesa do WordPress, adotar ou não o Acordo Ortográfico para a Língua Portuguesa (AO90). Dessa discussão destacam-se dois consensos alargados: a oposição quase unânime ao AO90 e uma enorme resistência em aplicá-lo ao WordPress pt-PT.
Todavia, houve um entendimento geral de que se deveria avançar para a adoção do AO90; apesar de toda a discussão sobre a sua aplicação, o AO90 está em vigor e existem instruções para que as instituições públicas o apliquem. Além disso, há já muitas outras entidades privadas que o estão a fazer, criando uma necessidade de que a plataforma acompanhe o uso que lhe é dado (e exigido).
[De “WordPress Portugal“, transcrição parcial de um “post” com o (curioso) título “WordPress em português: pré ou pós-AO90?“]
Muitas pessoas nos perguntam (e ainda mais pessoas se perguntam a si mesmas) o que diabo pode levar alguém a “adotar” o AO90. Pois bem, a transcrição acima esclarece espectacularmente o insondável mistério: há quem “adote” porque sim e há quem “adote” porque também.
Existe uma “oposição quase unânime ao AO90” mas não faz mal, “adota-se” na mesma.
Há “uma enorme resistência em aplicá-lo” mas pronto, assim como assim, aplica-se de qualquer forma.
Mas porquê, perguntarão de novo alguns, mais incrédulos ou renitentes, mas porquê, afinal? Se a oposição é “quase unânime” e se há “uma enorme resistência”, então como é possível alguém dizer que mesmo assim “houve um entendimento geral de que se deveria avançar para a adoção”?
“Entendimento geral” de quem? “Entendimento geral” da minoria irrisória que não se opõe ao “acordo”? “Entendimento geral” de meia dúzia?
O que significa, afinal, “entendimento”? E o que virá a ser então, no fim de contas, este estranhíssimo conceito de “geral”?
Ficamos na mesma, sem perceber nada de nada, é porque é e pronto, não se fala mais nisso?
Pois, exactamente. É assim e acabou-se. As perguntas contêm em si mesmas as respostas. Ou seja, não há respostas nenhumas. Eis o acordismo em todo o seu “esplendor”.
Portanto, estando as respostas dadas e sendo elas estas, é favor pararem de nos fazer perguntas, obrigado, e podem também os mais incrédulos parar de se interrogar a si mesmos, isto não tem nada que saber, sejam bem vindos ao mui restrito clube do “entendimento geral”.
[Por uma questão de preservação da sanidade mental (própria e alheia) reserva-se o autor deste “post” o privilégio de não se referir sequer aos restantes “argumentos” do (pelos vistos) patrão da “WordPress Portugal”.]
11 comentários
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Cambada de carneiros! Por isso, isto do AO90 e o país chegaram ao que chegaram! Estes cidadãos merecem tudo o que de mau está a acontecer a este proto-país de nabos! Cretinos, escroques, abúlicos, é “do que a casa gasta”… E ainda se fala de um novo 25/4, quando isto só lá vai é a tiro!
Mais um testemunho anedótico
do estado a que está a mergulhar uma parte da Alma Lusa. Bom registo para constar em dossier específico!
A iliteracia e o insucesso na disciplina de Português jamais se curariam com negócios, mesmo que fossem gratuitos, em volta de cortes de palavras…
O que seria útil seria estimular a aprendizagem de significados. A conversa da WordPress revela isso mesmo: desconhecimento dos significados dos vocábulos primários utilizados.
O grave é que a nossa Língua se transformou numa galinha de ovos de ouro para acordistas e companhia.
Toda a verba que escorre, abundantemente, dos médios contribuintes, para estes projectos desastrosos para Portugal, dariam para construir muitas escolas e cantinas e pagar a centenas de professores desempregados.
Mas se o acordo foi mais uma incongruência parlamentar, então é ilegal!
Cada vez mais, o nosso país se assemelha ao filme “Idiocracy”… somos um país de idiotas onde os centros de decisão são controlados por idiotas…
Até agora, não conheci ninguém 100% a favor do acordo ortográfico… contudo, ele está em todo o lado…
Ninguém percebe a regra do “pára”/para, mas toda a gente aplica-a, e quem não aplicar é um velho do Restelo, um reaccionário, enfim… adjectivos e mais adjectivos…
Com o Acordo Ortográfico, abriu-se a caixa de Pandora… “egícios”, “convitos”, “fatos”, “contatos”… mas ninguém a quer fechar ou sequer falar dela…
Para o Nuno Crato dizer que a Língua é um assunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros… é para ver a onde chegamos…
Isso e o Pinto Ribeiro (ex-ministro da Cultura), ameaçar suspender a subvenção à Academia de Ciências de Lisboa em caso de oposição ao acordo é impressionante…
País miserável… tem agora uma língua à altura…
A mentalidade portuguesa no seu melhor! Espírito crítico, argumentação informada e válida, clareza e coerência linguísticas: “chinesices” descabidas e inúteis!
«Em princípio, todo o português que sabe ler e escrever se acha apto para tudo, e o que é mais espantoso é que ninguém se espante com isso. (…) o hábito da irresponsabilidade e o culto espontâneo do narcisismo, como tais glorificados, não encontram no juízo público a sanção que seria normal, mas o aplauso vertiginoso.»
(Eduardo Lourenço, “O Labirinto da Saudade”)
Mais um disparate a somar à conta. Rilhafoles fechou e a demência espalhou-se para aí.
É bem o espelho do estado geral das “organizações” de portugueses. Propõe-se algo com que ninguém concorda. Vem um “chefe” e diz que sim. Todos os outros se dobram.
Português de Latrina: “Todavia, houve um entendimento geral de que se deveria avançar para a adoção do AO90; apesar de toda a discussão sobre a sua aplicação, o português de latrina está em vigor e existem instruções para que as instituições públicas o apliquem”.
Quem diria que “quase unanimidade” é o oposto de “entendimento geral”? Já vale tudo à luz do “açordo ortográfico”.
Enfim, não gosto mas como à mesma de boa vontade. É isto, Portugal. Que tristeza.
É preciso têr muito pouco caráter para escreverem adoção sem o caráter p.
…para nao falar do afeto – que se libertou da conotação geral (afecto por alguém) para se agarrar ao porco e à afetose.
Ou o ato, palavra que indicava responsabilidade, agora anda a roçar os passeios, se esquecer-mos de os atar. (Já nem sei se leva traço ou como se chamava o traço).
Quanto ao detetive, personagem misteriosa e profunda, omnipresente em qualquer policial, agora é o responsável por detetar… quiçá algo nas tetas das vacas. Algo down.
Um baixo nível deprimente. Correto. Correto, palavra originária da Columbofilia, ou quase: vem das rolas.
Efetivamente: uma palavra nova, que não representa absolutamente nada…
Ou remoinho – à que deitar abaixo uma das mais antigas palavras portuguêsas (redemoínho).
hiperatividade: algo que ao lêr provoca sono.
Contato: palavra que por pouco ficava contaco. De bilhar.
refletor: lê-se reflÉtor, amigos e amigas… pois é, pois é… chama-se a isto
tudo, sem objeção:
O FIM DA LÍNGUA PORTUGUESA.
Se o vosso objectivo era esse: conseguiram!
Está uma retrete que nem se vê o fundo.
E não tem piada nenhuma. Toca a limpar antes que agarre demais e se torne côdia.
Não há muito a dizer.
É a cobardia portuguesa, uma característica que se observa a todos os níveis. Não se nos mete também pelos olhos como todos se choram e reclama dos governos, sem tomarem as únicas medidas que se impõem? Esperam que «alguém» resolva os seus problemas. Os políticos, «é para isso que os elegemos».
Nada mais a acrescentar