Porquê a ILC AO90?

TshirtFVistaPrintQuando me apercebi da salgalhada que o AO90 iria originar – mais concretamente, algures em Setembro de 2011, no dia em que vi uma respeitável colega “emendar” a palavra ‘bactéria’ por ‘batéria‘ e a palavra ‘secção’ por ‘seção‘, assegurando que era assim que passava a estar ‘correto‘ – comecei a suspeitar de que aquilo ainda ia ser pior do que eu pensava. Ao ver aquela pseudo-ortografia a alastrar por aí, impedindo-me de estar numa livraria em paz e sossego, ou sequer de ver televisão normalmente, comecei a procurar fazer algo mais (que não limitar-me a não aplicar o AO90) e considerei que a melhor coisa que podia fazer era divulgar o mais possível a ILC, pois era uma iniciativa que poderia realmente cortar o mal pela raiz.

Nessa altura, ainda não me tinha apercebido dos meandros que tinham tristemente levado ao início da aplicação do AO90, nem tinha percebido ainda, realmente, até que ponto o documento de base era fraco a todos os níveis. No entanto, e apesar disso tudo, considerei natural, e até expectável, que bastante gente defendesse uma ideia utópica (ou o respectivo “tacho”, conforme os casos 🙂  ).

Apesar do avanço aparentemente inexorável dessa aberração em que pretendem transformar a nossa língua, houve pessoas que – ao contrário de mim, que só acordei para o problema já esse comboio ia avançado na sua marcha – cedo perceberam o que ia acontecer e tudo fizeram para tentar impedi-lo. Nomeadamente as que constituem a ILC desde o seu início. Há três anos que oferecem voluntariamente o seu tempo, esforço e dedicação inabalável para combater o absurdo inútil do AO90 e eu só tenho pena de não ter começado a ajudar mais cedo.

Há também o extremo oposto, que, num mundo perfeito, não existiria. O de alguns que… enfim, resumindo, vão dando tiros à toa nos pés da própria Causa que tanto clamam defender e acham que quaisquer meios justificam os (seus) fins. É difícil compreender isto mas, bem vistas as coisas, num mundo perfeito também não existiria o AO90 😉

O que nos faz continuar a trabalhar de forma voluntária todos os dias e a prescindir do parco (quando não mesmo inexistente) tempo livre de cada um, apesar de todas as vicissitudes, é o facto de o que está em causa (a Língua Portuguesa) ser demasiado importante para desistirmos. É presenciarmos e partilharmos do pesadelo em que tanta gente vive por ver a sua língua atirada às urtigas e transformada numa coisa irreconhecível e ilógica. São os relatos que nos chegam e a esperança viva de todos quantos já se juntaram a nós. E a esperança, acima de tudo, de que o pesadelo possa terminar o quanto antes, seja lá por que via for.

O mínimo que podemos fazer é continuarmos a procurar dar o nosso melhor para esse fim.

A ILC faz hoje três anos. São três anos a lutar do lado certo, contra todas as dificuldades. Só tenho uma coisa a dizer, ou melhor, duas: parabéns e que o objectivo seja atingido muito em breve!!

Quer ajudar também? Subscreva a ILC AO90. Pode enviar a sua subscrição por correio electrónico ou pelo correio tradicional. Tenha, o mais possível, o cuidado de verificar se preencheu tudo correctamente, para a sua subscrição ser válida.

Quer ajudar mais um bocadinho? Divulgue a ILC por todos os meios ao seu alcance, junto de amigos, familiares e colegas. Muito obrigada! 🙂

Hermínia Castro

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3 comentários

    • Graça Maciel Costa on 8 Abril, 2013 at 22:32
    • Responder

    «O mínimo que podemos fazer é continuarmos a procurar dar o nosso melhor para esse fim.»

    A chave de ouro deste, mais um, excelente testemunho.

    • Maria Miguel on 10 Abril, 2013 at 22:05
    • Responder

    Quero expressar-lhe, Professora Hermínia Castro, o meu reconhecimento pelo
    seu inestimável desempenho no Grupo de trabalho da ILC.
    Bem-haja!

    1. @Maria Miguel: Muito obrigada pelas suas amáveis palavras. Este é, necessariamente, um esforço colectivo – eu não faço mais do que juntar a minha gota de água a este oceano. Quem me dera poder fazer muito mais… Obrigada por também estar connosco e ajudar a acabar com o absurdo!

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