«Assinatura contra o Aborto Ortográfico» [de David, Alemanha]

tshirt11-300x269Estimados Senhores e Estimadas Senhoras,

Eu entro em contacto com vocês, através de esse meio, para felicitar-vos. Antes de explicar a razão dessa mensagem, deixe-me falar um pouco sobre mim.

O meu nome é David, cidadão português com a residência na Alemanha. De facto, nasci nesse país remoto como filho de imigrantes, mas tive a sorte de ter nascido numa cidade pequena, com uma minoria portuguesa bem grande, assim que frequentei a escola portuguesa durante 10 anos. Graças a essas circunstâncias, nunca perdi o contacto e o amor a língua portuguesa.  Durante os estudos continuei a estudá-la e agora mesmo encontro-me num estágio em Porto Alegre, Brasil.

Talvez vocês estejam perguntando porque é que eu estou a escrever isso tudo.

Eu tenho lido o seu blog ILC contra o acordo ortográfico e, para ser honesto, admito ter sentido muito orgulho lendo a página e sabendo que ainda existem algumas pessoas que não dizem sim e amém a todos os frutos que aparecem na política actual.

Apesar de ter nascido fora de Portugal, eu às vezes tenho a impressão de sentir-me muito mais português do que a maioria dos meus compatriotas que estão a viver na pátria. A razão é simples: O AO90 está a destruir a nossa língua, a nossa identidade. É um facto claro e inegável que Portugal, de novo, se encontra numa posição de inferioridade e subserviência frente ao irmão grande chamado Brasil. Deixa-me profundamente triste saber e ver de que forma se vai mudando a ortografia actual, que já me acompanhou 23 anos da minha vida.

Como eu encontro-me nesse momento fora do país, queria perguntar-lhe, quais formas existem para participar na resistência contra esse “Abordo Ortográfico”? Como o Brasil recentemente adiou a implementação da “nova” ortografia e Angola tem anunciado uma posição profundamente contra o AO90, Portugal será a única nação lusófona que segue uma ideia  irrealista de unificar duas ortografias que já são separadas há quase 200 anos.

Em anexo, envio-lhes a subscrição assinada por mim para fazer parte da resistência contra a lenta abrasileiração da nossa língua e contra o empobrecimento da Língua de Camões.

Espero que outras pessoas, não só intelectuais, mas que todos os portugueses tomem como exemplo a sua reacção ao convite da CPF1.

Para que possamos preservar a nossa identidade, a nossa cultura, e a nossa ortografia.

“Minha Pátria é minha língua”

Saudações Cordiais.

David

1 Refere-se a resposta de Ana Isabel Buescu à CPF.

[Mensagem recebida por e-mail e reproduzida com a autorização do autor.]

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8 comentários

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    • António Costa-Cabral on 5 Fevereiro, 2013 at 18:34
    • Responder

    Um jovem decente!
    Já não há muitos…

    • Hugo X. Paiva on 5 Fevereiro, 2013 at 19:00
    • Responder

    David:divulgar a ILC,e recolher assinaturas,é, para já, a forma mais eficiente de combater o “AO”.
    Estamos tambem aqui:
    ILC contra o Acordo Ortográfico (facebook)

    Louvo a sua tomada de posição, seja bem vindo.

    • Hugo X. Paiva on 5 Fevereiro, 2013 at 19:01
    • Responder

    https://www.facebook.com/ILCAO90

  1. Muito bem David! Por vezes a distância ajuda a ver melhor, e tu consegues ver o que alguns aqui insistem em não querer ver: “a lenta abrasileiração da nossa língua”, com as funestas consequências que se adivinham. Esperemos que este nevoeiro que tolda o juízo e impede a visão, em breve se dissipe.

    • Jorge F. on 6 Fevereiro, 2013 at 0:03
    • Responder

    Muito bem!
    É preciso é continuar a recolher assinaturas para a revogação deste aborto ortográfico e abanar esta letargia doentia dos portugueses.

    • Jorge F. on 6 Fevereiro, 2013 at 0:05
    • Responder

    Acrescento… bem entendido: dos portugueses que se prestam a seguir este disparate, por convicção (poucos), ou por medo e conformismo (muitos).

    • Maria José Abranches on 6 Fevereiro, 2013 at 0:32
    • Responder

    Obrigada David, por tão sentida e convictamente sair em defesa da nossa língua! Contamos consigo! É preciso denunciar este crime – porque é de crime que se trata – por todos os meios ao nosso alcance! E onde houver um português tem de haver um resistente!

  2. Muito bem!
    Obrigado!

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