Assunto: Urgente suspensão do Acordo Ortográfico
Destinatário: Primeiro-MinistroEx.ma Sr.ª Presidente da Assembleia da República
Excelência:
O contestadíssimo Acordo Ortográfico (AO), em má hora posto em vigor, contra muitas opiniões doutas e sensatas, no estrebuchar da governação socratiana, acaba de levar mais uma bordoada com a anunciada decisão do Governo brasileiro de adiar a sua aplicação para 2016 — ou seja para as calendas gregas… — enquanto declara ir empenhar-se na profunda revisão do mesmo.
Portugal está pois isolado na lamentável destruição da língua portuguesa decorrente do dito AO! Já é tempo de o Governo tomar posição, determinar a suspensão do AO e a sua profunda revisão, com envolvimento de poetas, escritores e professores de língua portuguesa dos vários países lusófonos — que a língua portuguesa é um tema demasiado importante para ser deixado apenas aos linguistas…
Nestes termos, os Deputados do PSD eleitos pela Região Autónoma dos Açores, ao abrigo das disposições aplicáveis da Constituição e do Regimento formulam ao Governo, através do Primeiro-Ministro, as perguntas seguintes:
a) Como reage o Governo à decisão do Governo de Brasília de adiar a entrada em vigor do AO?
b) A persistência até aqui verificada na errada decisão do Governo anterior, não se sente desafiada pela posição oficiosa de Angola de recusar o AO por pretender respeitar a genuinidade da língua portuguesa?
c) Vai o Governo accionar os mecanismos diplomáticos adequados para promover a revisão em profundidade do conteúdo do AO?
d) Que participação será assegurada aos poetas, escritores e professores de língua portuguesa nas tarefas de crítica ao conteúdo do AO e preparação da revisão do mesmo?
e) Vai o Governo determinar a imediata suspensão da aplicação do AO e quando?
Palácio de São Bento, sexta-feira, 21 de Dezembro de 2012
Deputado(a)s
MOTA AMARAL(PSD)
JOAQUIM PONTE(PSD)
LÍDIA BULCÃO(PSD)
[Original deste documento publicado no “site” da Assembleia da República. Cópia local: pg791-xii-2]
6 comentários
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Actualmente, pensa-se que governar bem é governar contra a opinião popular. Por isso, dado que as pessoas normais são contra o AO90, o Governo será a favor. Para governar bem.
O c) não faz sentido porque as pessoas de mente fechada não querem acordo nenhum. São contra todos os acordos.
O cê não faz sentido em victores de mente arejada.
Cumpts.
Concordo com QUASE tudo o que foi bem escrito em Língua Portuguesa. Uma pequena discordância: os linguístas não devem ficar à margem nem serem, por apenas eles a serem consultados! Pareceu-me ver aqui uma pequena crítica a esses estudiosos, que não faz o menor sentido! Não, não sou linguísta, simplesmente sei um pedacito e soou-me mal!
Aproveito a oportunidade e, uma vez mais, coloco a questão: para além do linguísta Malaca Casteleiro e da filóloga Lídia Coelho ( ou escritora Lídia Jorge), que outras pessoas ligadas à Língua Portuguesa colaboraram na elaboração deste triste AO90 ? São SEMPRE os únicos personagens citados, nos “pró- AO!…Estranho!
Resumindo: Portugal (entenda-se: seus necrófilos) ficou sozinho na promoção da autodestruição da própria língua (idioma).
sine qua non
e) Vai o Governo determinar a imediata suspensão da aplicação do AO e quando?