«Anedotas como a Babbel» [mensagem de Paulo Rodrigues]

O que se segue vem propósito de “post” anterior, em que se denuncia uma empresa localizada na Europa e financiada pela União Europeia que oferece cursos de “brazilian” em vez de “Portuguese” e, ainda por cima, com a bandeira do Brasil a ilustrar a coisa. O autor fez o favor de nos enviar, para divulgação, cópia do seu protesto e a resposta da tal empresa.

Dispensa comentários.


Paulo Rodrigues da Costa, Oct 07 19:37 (CEST):

Prezados srs.,

Haveis de saber que Portugal é a matriz do idioma português. Ou não?… A bandeira brasileira a ilustrar o ensino do português deve ser gozo. Só histriões, como vós certamente sois, haviam de trocar a bandeira portuguesa pela brasileira (mas não trocaram o Union Jack pela bandeira americana no caso do inglês). Ora histriões não ensinam línguas. Pelo menos não cremos que tenham essa capacidade.

Portugal é da União Europeia e é incrível que esta espécie de federação de burocratas financie anedotas como a Babbel.

Sem outro assunto de momento,

Paulo Rodrigues

(Lisboa)

De: Babbel Support <support@babbel.zendesk.com>
Data: 9 de Outubro de 2012 19:10:42 WEST
Para: Paulo Rodrigues da Costa <*******@netcabo.pt>
Assunto: Re: BRASILEIRO
Responder-Para: Babbel Support <support+id340340@babbel.zendesk.com>

## Please do not write below this line ##

Ticket #340340 – BRASILEIRO

——————————————————————————–

Camila Almeida, Oct 09 20:10 (CEST):
Olá Paulo,

Obrigada por entrar em contato com Babbel e por seu comentário.

Os cursos oferecidos pelo Babbel foram desenvolvidos por profissionais qualificados como professores de línguas estrangeiras, linguistas e falantes nativos.
Por trataram-se de cursos de português do Brasil, como consta em nosso site, logicamente as gravações e traduções foram feitas por falantes nativos do Brasil, brasileiros, exatamente para garantir a alta qualidade dos cursos. Da mesma forma, o site optou pelo símbolo da bandeira brasileira.
A escolha pelo português do Brasil ocorreu depois de uma pesquisa feita por Babbel que mostrou interesse maior pelo aprendizado do português do Brasil, do que pelo português falado em Portugal.

De qualquer forma, muito obrigada pela colaboração.

Caso você tenha alguma dúvida ou queira fazer algum comentário, nos escreva e nós entraremos em contato com você o quanto antes.

Saudações de Berlim
Camila – Time Babbel

——————————————————————————–

www.babbel.com, “Learn Languages Online”
Lesson Nine GmbH, Bergmannstr. 68, 10961 Berlin; HRB 110215
GF: Lorenz Heine, Markus Witte

Message-Id:FS73S9SE_507468a239e8b_8f912122706522025_sprut

[Nota: o autor enviou cópia da carta à Babbel para o Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas. (Ainda?) Não obteve qualquer resposta do dito.]

[Imagem gerada em Vistaprint.]


Adenda em 12.10.12, 12:20 h. Troca de respostas subsequente.

—– Original Message —–
From: Paulo Rodrigues da Costa
To: ‘Babbel Support’
Cc: gabinete.sec@sec.gov.pt
Sent: Wednesday, October 10, 2012 7:55 PM
Subject: RE: BRASILEIRO

Prezada sr.ª Camila,

Não contesto que a Babbel optasse como optou. Menos lídimo é que chame português a uma macarronada, é só. Mas, cada um é para o que nasce…

Passar bem,

Paulo Rodrigues

Lisboa

——————————————————————————–

De: Babbel Support [mailto:support@babbel.zendesk.com]
Enviada: terça-feira, 9 de Outubro de 2012 19:
Para: Paulo Rodrigues da Costa
Assunto: Re: BRASILEIRO

## Please do not write below this line ##

Ticket #340340 – BRASILEIRO

——————————————————————————–

Camila Almeida, Oct 09 20:10 (CEST):

Olá Paulo,

Obrigada por entrar em contato [contacto] com [a] Babbel e por [pelo] seu comentário.

Os cursos oferecidos pelo [por/pela] Babbel foram desenvolvidos por profissionais qualificados como professores de línguas estrangeiras, linguistas e falantes nativos.
Por trataram-se [se tratar] de cursos de português do Brasil, como consta em nosso «site», logicamente as gravações e traduções foram feitas por falantes nativos do Brasil [tupis?], brasileiros [ah! Bom!], exatamente exactamente para garantir a alta qualidade dos cursos. Da mesma forma [*], o «site» optou pelo símbolo da bandeira brasileira. [* «da mesma forma» ou «concomitantemente»? É que, se é «da mesma forma», significa que a opção pela bandeira brasileira é também «para garantir a alta qualidade dos cursos». Provavelmente a bandeira portuguesa já o seria menos, não é verdade!…]
A escolha pelo português do Brasil ocorreu depois de uma pesquisa feita por Babbel que mostrou interesse maior pelo aprendizado [ensino] do português do Brasil, do que pelo português falado em Portugal [basta dizer «português»; sendo o genuíno não carece de lhe apormos nenhum atributo].

De qualquer forma, muito obrigada pela colaboração.

Caso você tenha alguma dúvida ou queira fazer algum comentário, nos escreva e nós entraremos em contato com você [contacto consigo] o quanto antes.

Saudações de Berlim
Camila – Time [Equipa] Babbel

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20 comentários

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  1. Bem, esta é mesmo de comentar.

    «logicamente as gravações e traduções foram feitas por falantes nativos do Brasil, brasileiros, exatamente para garantir a alta qualidade dos cursos.»

    Ou seja, “logicamente”, nós cá em Portugal (e em Angola, Moçambique etc.) somos todos uma cambada de burgessos, ignorantes e imbecis, logo, totalmente incapazes de “garantir a alta qualidade” dos cursos (ou seja do que for, depreende-se).

    Simpáticos, estes brasileiros. Nada ofensivos. Uns camaradões, portanto, militantes da “maravilhosa língua unificada” que é a deles, como mais uma vez se comprova.

  2. E “tudo” isto com o nosso dinheiro, é claro, que nós somos assim, uns mãos largas, e adoramos pagar para que nos façam destes favores extraordinários.

  3. Somos perdulários e absolutamente desprendidos. Em tantos anos de C.E.E. muito ouvi falar nos mundos e fundos comunitários que arribavam. Ainda há pouco, com o Portugal completamente descarrilado, se falava neles como razão da compra à Alemanha & C.ª dum inenarrável comboio para Madrid, toda a gente se lembra.
    O que nunca ouvi a tudólogos ou a mero intelectual de café foi quanto nos custou, de contado, em cada ano desde 86, a contribuição líquida para a nossa aniquilação. Nem uma cifra. — Alguém sabe quanto foi? Alguém sabe sequer do balanço onde se apura este saldo?!
    Pois a demonstração de resultados aflorou: português é com o timbre da bandeira brasileira. Os mainates que lavandejam os cueiros do IV Reich também nos engomaram a mortalha. O que sobra de Portugal tem cheiro de senzala.
    Cumpts.

    • Pedro Marques on 10 Outubro, 2012 at 2:12
    • Responder

    Bic Laranja, custou e custa a Victória do Cavaco, e da Laranjada e dos Rosas na destruição total da cultura Portuguesa, e da Língua Portuguesa.

    • Hugo X. Paiva on 10 Outubro, 2012 at 5:41
    • Responder

    Membro de pleno direito da UE;afinal, a conjectura saíu de dentro,ou foi cozinhada em Bruxelas?

    • Maria José Abranches on 11 Outubro, 2012 at 0:43
    • Responder

    Para mim, a questão não está na opção da Babbel pela língua do Brasil. É uma empresa comercial, vende o que lhe parece ter mais procura. A propósito, talvez seja oportuno irmos equacionando as inúmeras consequências previsíveis da promoção desenfreada que temos vindo a fazer da língua do Brasil (e dos seus milhões de falantes!) em detrimento da língua de Portugal…

    O que eu condeno é que a referida opção seja financiada pela União Europeia, de que Portugal é um dos 27 Estados membros e cuja língua, o Português, é uma das 23 línguas nacionais dessa organização, a par do Inglês, do Francês, do Espanhol, do Italiano, do Sueco … línguas representadas na Babbel pela bandeira nacional dos países europeus a que pertencem. Já agora: afinal que visibilidade ganhámos com Durão Barroso, um português, à frente da Comissão?
    E condeno ainda mais veementemente a apatia e a negligência dos que na UE deveriam defender os interesses e os valores do nosso país, e a nossa língua em particular, a começar pelos nossos governantes e pelos nossos deputados no Parlamento Europeu.

    Não vale a pena procurar bodes expiatórios para aquilo de que só nós somos culpados! O desprezo, a auto-suficiência e a leviandade com que os nossos responsáveis políticos têm tratado a questão do AO90 – feito à medida do Brasil e apresentado como indispensável para assegurar a “unificação” (?!) da língua portuguesa, a sua “internacionalização” e o seu “prestígio” – é que devem suscitar a nossa vibrante indignação. Está à vista a quem a desfiguração da nossa língua e toda esta propaganda tem servido!

    Mas os responsáveis têm de pagar por isto! Não podemos continuar a aceitar passivamente que as várias eleições (autárquicas, legislativas, presidenciais) se sucedam, sem que a questão crucial do Português e do AO90 seja discutida. Não é “normal” este silêncio conivente que a todos – digo bem, a todos – tem paralisado. É preciso obrigar os políticos – e os media – a quebrar o tabu que tanto lhes convém: preto no branco, queremos saber em quem podemos confiar: e só com provas dadas, para já na Assembleia, e todas as garantias, que “de promessas está o inferno cheio”!

    • Hugo X. Paiva on 11 Outubro, 2012 at 4:12
    • Responder

    uhauu.

    • Jorge Teixeira on 11 Outubro, 2012 at 13:25
    • Responder

    Mas alguém responde à senhora da Babbel que não está em causa ensinarem brasileiro, mas que sejamos nós, contribuintes europeus, a pagar à Babbel para ensinar a única língua do seu portfolio que não é europeia?

    • Jorge Teixeira on 11 Outubro, 2012 at 13:26
    • Responder

    OK pelos vistos também ensinam indonésio(!)

    • Acácia on 11 Outubro, 2012 at 15:59
    • Responder

    Que folgo tão justo e claro, Professora Maria José Abranches!
    Uma das primeiras justificações para a desonra do Português, de que me recordo, seria
    que Portugal iria ter muitas vantagens… Com mentiras se enganam os tolos, neste caso, os ignorantes passivos.
    À vista já temos as vantagens e, também como seria de esperar, temos uma guerra verbal entre portugueses e brasileiros, que se acusam uns aos outros. Se os moçambicanos e os angolanos forem inteligentes, nunca irão subscrever o (ao), a menos que sejam aliciados com grandes somas ou outras parcerias. Entretanto, votos de que, por cá, o cidadão acorde e exija esclarecimento.

  4. Sim. Mas Indonésio não é idioma originário de nenhum país europeu.
    Cumpts.

    • Pedro Marques on 12 Outubro, 2012 at 0:19
    • Responder

    Cada vez há mais filmes, e mais séries traduzidas com o acordo ortográfico, e canais de televisão. E ou nos pomos a enviar cartas e e-mails e pressionar ainda mais ou estamos feitos.

    • Hugo X. Paiva on 12 Outubro, 2012 at 3:12
    • Responder

    Amigo Pedro, há que mobilizar os portugueses dando a conhecer o que se está a passar.
    Na hora certa há que exigir incondicionalmente a revogação imediata desta coisa que não encontro nome suficientemente feio para lhe chamar.

    • J.Gervasio on 12 Outubro, 2012 at 10:56
    • Responder

    Amigo Paiva, mas acha que as pessoas não percebem o que se está a passar?
    O problema que se está a passar é que as pessoas não se importam com o que se está a passar, não ligam, estão-se nas tintas, de outro modo não teríamos chegado aqui.

    Não foi por falta de esforço, empenho e combate contra o AO que o AO chegou tão longe, basta lembrar estes magnificos site e iniciativa.
    Foi a indiferença de quase todos que permitiu que não haja hoje um canal de TV sem acordês. A livralhada já é toda impressa em acordês. Até no Continente se escreve “seleção” e ninguém liga e há miúdos, como um dos meus netos, que já nem sabem que aquilo se escrevia com “c”.

    • Maria José Abranches on 12 Outubro, 2012 at 13:00
    • Responder

    Caros amigos e companheiros de luta,

    Só há uma solução: assaltemos e pressionemos os políticos, todos e em todos os órgãos de soberania, a começar pelas autarquias e pela Assembleia da República. Nesta democracia de opereta, todos os nossos eleitos, de todos os partidos, quando chegam ao poder, sentem-se autorizados a ignorar-nos e a decidir por conta própria e segundo os seus interesses e os dos amigos. Os resultados deste entendimento da política e da democracia estão à vista, a todos os níveis!
    Pois façamos sentir a esses senhores que escusam de contar com o nosso voto enquanto não adoptarem, assumida, concreta e imediatamente, nos seus pelouros e capelinhas a rejeição do AO90. Veja-se o exemplo do Presidente da Câmara da Covilhã e do Dr. Vasco Graça Moura, no CCB, já aqui referidos. Note-se também que ambos subscreveram esta ILC. Ainda há portugueses em Portugal!
    Não vale a pena lastimarmo-nos, é preciso “agir”! É uma questão de sobrevivência nacional! E não foi a “troika” que exigiu o AO90, foram os nossos “esclarecidos” políticos que o negociaram e no-lo impuseram!
    Deixo um apelo especial aos pais e encarregados de educação: acham mesmo aceitável o que andam a fazer nas escolas com os vossos filhos e educandos? Se foram capazes de reagir a propósito dos exames do 12º ano, porque não reagem para defender o Português de Portugal, a língua dos vossos filhos? No futuro, serão obrigados a falar e escrever “brasileiro” para arranjar emprego, bolsas de estudo, estágios, etc., por esse mundo fora? Subalternizando a nossa língua nacional, que futuro lhes estamos a preparar? “Acordai”!

    • Hugo X. Paiva on 12 Outubro, 2012 at 18:31
    • Responder

    Amigo Gervasio: o perigo maior está exactamente nos miúdos.Nós os graudos, estamos em grande maioria imunes, e quanto maior for a solidez da formação de base, melhor.
    Chamo formação de base a todo o processo de formação, desde o ensino oficial à aculturação social.Se á horrivel herança socioeconomica que Portugal está a deixar aos miúdos juntar-mos um instrumento administrativo do pensameno torpe,decepado,sem conecção directa e sólida, ao que de melhor e pior se fez, nesta terra e além-mar, desde Fuas Roupinho até ao dia em que esses garotos tiverem que pensar por eles proprios,teremos Homens e Mulheres perdidos,deambulando sem orientação propria e agredidos por uma invasão constante de sub culturas que jamais colmatarão o vazio deixado pela coluna vertebral da nossa identidade.Ja aqui se referiram as concequências economicas, imediatas e futuras, do desaparecimeto da língua.
    Das pessoas hoje.Nós conhecemos o nosso povo.Já o conhecia o Mestre Doutor João das Regras,o Fernão Lopes o Eça o Garret o Namora e outos.Lembro que aqui ja houve quem se tivesse aborrecido por haver gente a chamar petição à ILC.
    O povo na sua maioria desconhece o que é uma ILC.O povo traz a auto-estima de rastos,por conguinte há que lhe indicar horizontes e demonstrar uma estrategia.
    o trabalho é arduo e o tempo precioso.Uma assinatura por dia pode fazer a diferença.Sem responsabilidade não há estrategia que medre.Gostaria de lembrar aos mais distraidos que responsabilidade é a capacidade que cada individuo tem em fazer aquilo que se espera que ele faça.
    Se Portugal não se recuperar desta punhalada traiçoeira,sangrará até à morte.Fé.

    • Hugo X. Paiva on 12 Outubro, 2012 at 18:52
    • Responder

    Paulo Rodrigues:com a carta da Camila o senhor acaba de fazer uma anedota que vai ficar na historia da Língua.Valham-nos estes momentos de boa disposição.

    • Pedro Marques on 13 Outubro, 2012 at 16:29
    • Responder

    Hugo Paiva, está mais que na hora de irmos mais longe, de fazermos mais barulho…

    • Hugo X. Paiva on 13 Outubro, 2012 at 22:56
    • Responder

    Iremos longe e faremos o barulho que for necessario.Quando se está em guerra não se suspende nem se desiste,e nós estamos em guerra.Da estrategia, o capitão JPG e seus pares já demonstraram que chegue para levar a batalha ao final.Cabe-nos a nos administrar energia da melhor forma.A maxima: tempo certo,espaço certo,deve ser levada em consideração.Há que exercer o direito em primeiro lugar,e daí,conforme o resultado,virão razões para outras formas.Lembro,que quando se vê o inimigo a fazer um erro não se deve interromper-lo;deve-se no entanto tomar nota.

    • Pedro Marques on 15 Outubro, 2012 at 1:03
    • Responder

    Maria Abranches, mas ainda acredita que vivemos numa democracia?

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