«Pare, escute e olhe!» [M.J.A., Público]

Debate – A língua portuguesa e Acordo Ortográfico

Pare, escute e olhe! Ainda vamos a tempo de evitar o desastre!

Maria José Abranches
Professora de Português/Francês

Ainda não perdemos a língua, dependendo de cada um de nós, cidadãos eleitores, suspender a entrada em vigor deste Acordo Ortográfico, que desfigura, corrompe, e ultraja o português de Portugal, em nome duma pretensa “ortografia unificada”, considerada incontornável para o “prestígio internacional” da língua portuguesa, obviamente na versão brasileira!

Pare! E pense que está em causa a nossa língua materna, isto é, o próprio cerne da nossa identidade como povo europeu, com uma História e uma cultura forjadas ao longo dos séculos.

O português, uma das línguas românicas da Europa, derivadas do latim que o Império Romano trouxe às regiões que estiveram sob o seu domínio, surgiu e desenvolveu-se, acompanhando a história da formação do reino de Portugal, cujo território se estendeu até ao Algarve, com D. Afonso III, em 1249.

É pelo léxico que a língua portuguesa começa a afirmar-se, por volta do século VI, datando de 1214-1216 os dois primeiros textos escritos em português.

Entretanto a língua afirma-se, estando o essencial da sua evolução terminada, do ponto de vista fonético, por meados do século XVI. A primeira gramática da nossa língua data de 1536, cabendo aos gramáticos, dicionaristas e escritores, ao longo dos séculos XVII e XVIII, um papel preponderante na fixação da língua-padrão. Infelizmente, a nossa Academia das Ciências, fundada no século XVIII, nunca teve, contrariamente às suas congéneres europeias, o papel determinante que lhe competia, na defesa e ilustração da língua portuguesa.

A partir da conquista de Ceuta, em 1415, Portugal sai do espaço europeu e lança-se na longa epopeia dos Descobrimentos, que espalhará o português pelos vários continentes. Desta extraordinária aventura resultou a “internacionalização” da língua portuguesa, que ainda hoje perdura, como língua materna, em Portugal e no Brasil e como língua oficial em Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor-Leste, os países da CPLP, e também em Macau. Falta ainda acrescentar as importantes comunidades de emigrantes disseminadas pelo vasto mundo e algumas bolsas de pequenos grupos sociais que resistem, como se verifica em Goa, por exemplo.

Em todos estes países e regiões, com excepção do Brasil — que tem a sua própria norma da língua portuguesa, e que assumiu desde 1907 o direito de a ortografar como muito bem entende — a norma-padrão adoptada como referência foi sempre a do português europeu, estando em vigor, no essencial, a ortografia consagrada pelo Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de 1945, que o Brasil, como sempre tem feito, não respeitou, mantendo-se fiel ao seu “Formulário Ortográfico” de 1943.

O Acordo Ortográfico de 1990, ressuscitado pela CPLP em 2004, mediante o Acordo do Segundo Protocolo Modificativo (aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.o 35/2008), que permite que apenas três países, dos oito, possam determinar a sua entrada em vigor, está em vias de subverter totalmente esta situação, que tem raízes históricas evidentes e irrefutáveis. De qualquer modo, somos todos povos soberanos e independentes e cabe a cada um de nós escolher o seu destino, cabendo-nos a nós decidir do nosso!

Escute! E ouça as diferenças existentes entre a nossa língua materna e a língua materna dos brasileiros: elas correspondem a dois percursos evolutivos progressivamente divergentes, no que toca essencialmente ao vocabulário, à sintaxe, ao ritmo e sobretudo à pronúncia, aliás marcada no Brasil por alguns arcaísmos. E note-se que, se nós entendemos facilmente os brasileiros (veja-se o sucesso das suas telenovelas entre nós), a série portuguesa Equador foi submetida a dobragem, no Brasil, conforme noticiado recentemente, o que é significativo!

Trata-se de facto de dois sistemas vocálicos inconfundíveis, até porque, na pronúncia-padrão brasileira, não há vogais pretónicas reduzidas, contrariamente ao que acontece na nossa pronúncia-padrão. Ora, e isto para falar do caso mais emblemático deste Acordo, a Base IV, foi em nome da adequação da ortografia à sua pronúncia que o Brasil, pelo menos desde 1943, deixou cair as consoantes etimológicas, ditas “mudas”, que nós mantivemos, justamente pela necessidade de assim indicar a abertura das tais vogais pretónicas (ex: lectivo, colecção, adopção) e ainda por uma questão de coerência entre palavras da mesma família ou flexão (ex: Egipto, egípcio, egiptólogo). É pois evidente que não faz qualquer sentido invocar a este propósito o critério da pronúncia, como se faz neste Acordo, para exigir a supressão dessas consoantes na ortografia portuguesa, onde elas são, como já se viu, indispensáveis!

Olhe! E veja a confusão e a verdadeira devastação que este Acordo está já a provocar em Portugal! Agora ninguém se sente seguro da sua ortografia! Os pais dizem-se incapazes de ajudar os filhos nos trabalhos escolares! Ver a RTP ou ler alguns jornais, revistas ou livros tornou-se impossível para quem não suporta esta caricatura da nossa língua! O Estado português, com o dinheiro dos contribuintes, está empenhado em destruir o longo e dispendioso esforço de alfabetização dos portugueses, levado a cabo nas últimas décadas e assente numa ortografia da nossa língua claramente estabelecida e consolidada, a partir do já referido Acordo Luso-Brasileiro de 1945!

É o futuro da língua materna dos portugueses e de Portugal que está em perigo, entre nós e no mundo. Como queremos defender a nossa língua lá fora, se aceitamos maltratá-la e destruí-la no nosso próprio país, para servir interesses políticos e económicos que não são os nossos?

Ainda estamos a tempo de salvar a nossa língua materna! Subscrevamos a Iniciativa Legislativa de Cidadãos (https://ilcao.com/) para a Revogação da Resolução da Assembleia da República nº 35/2008!

Artigo da autoria de Maria José Abranches publicado na edição de hoje, 27.12.11., no jornal Público, a páginas 31. [LINK]

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18 comentários

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    • Manuela Carneiro on 27 Dezembro, 2011 at 15:14
    • Responder

    Os brasileiros alegam que falamos muito rápido.

    • Carlos Luna on 27 Dezembro, 2011 at 17:41
    • Responder

    Não se esqueça, quando se fala das áreas da Lusofonia, de referir Olivença!!!
    RECORDAMOS GOA, ESQUECEMOS AS OLIVEIRAS JUNTO A NÓS
    Recordamos Goa. Cinquenta anos depois da sua integração na União Indiana. Esquecemos um tanto as violências que caracterizaram a formação de um Império Português no Oriente desde o Século XVI. Inevitáveis na formação de qualquer império. Que foram muitas, claro. E que não devem ser ignoradas, porque a História deve ser conhecido em todas as vertentes possíveis.
    Lembramos, acertadamente, a falta de capacidade de Salazar em compreender que novos tempos tinham chegado nas décadas de 1950 e 1960. O que conduziu à ocupação.
    Inúmeros jornais e revistas estão a publicar (e bem!) extensos e profundos artigos sobre o tema. Realçam a sobrevivência da Cultura Portuguesa. Em particular, da Língua de Camões. E assinalam o facto. Uma e outra vez. E lamentam que esteja em perigo.
    Tanta cobertura noticiosa faz vir ao de cima o “sentir” português. Uma certa saudade, com uma memória persistente, um orgulho envergonhado, uma alegria quase provinciana.
    E os preconceitos. Uma atitude que leva a sobrevalorizar o Português de Goa. Ou, simplesmente, de forma saudável, o que dele resta. E a desejar que não se perca. Mas que leva a quase silenciar o renancimento do Português em Olivença, defndido desde 2008, com acuidade e persistência, por uma associação local, o “Além Guadiana”. Que tem no seu “palmarés” realizações notáveis. Como a recuperação dos nomes tradicionais portugueses de cerca de setenta ruas.
    Não se pretende comparar o que não é comparável. As situações políticas e históricas de Goa e Olivença são totalmente distintas. Mas… não é distinto o valor por que se reclama, e luta, e resiste. A cultura. A língua. A história comum. Mais em Olivença, afinal, do que em Goa.
    Pobre inteletualidade portuguesa. De vistas demasiaddo largas para ver o que tem ao pé da porta, ou das portas para dentro. Pobre Olivença, que tem a má sorte de não ficar em terras exóticas
    Estremoz, 19 de Dezembro de 2011
    Carlos Eduardo da Cruz Luna

    • Carlos Luna on 27 Dezembro, 2011 at 17:43
    • Responder

    Pessoalmente, não sou contra o Acordo Ortográfico. A minha intenção ao fazer o comentário acima, foi recordar Olivença, onde 35% da população fala Português, e onde se assiste a um esforço de recuperação por parte de um grupo local!!

    • Bic Laranja on 27 Dezembro, 2011 at 18:17
    • Responder

    Elis qui písi na táuba, pô!
    Cumpts.

    • Fernando Marques Simões on 27 Dezembro, 2011 at 18:25
    • Responder

    Na minha humilde opinião o acordo é simplesmente a prostituição da nossa língua e as pessoas responsáveis por isto deveriam ter vergonha na cara, do trabalho que fizeram. Não se esqueçam que ainda temos muita gente que tem orgulho em ser Português!
    E a língua Portuguesa não é só a vossa mas também a minha. Eu pessoalmente nunca irei escrever com o acordo, sempre escreverei em português verdadeiro e não alterado.

    • Joaquim Rodriques on 28 Dezembro, 2011 at 0:07
    • Responder

    Tenho acompanhado este espaço e a luta contra o AO90. Afirmo que detestei as mudanças inseridas na língua portuguesa. O trabalho árduo de JPG é algo notável e não pode deixar de ser reconhecido. No entanto, tenho lido inúmeros comentários de “Bic” e, por vezes, tenho notado a aversão que o mesmo demonstra pelo povo brasileiro. O desprezo é notório. Embora ele tenha feito comentários valiosos muitas vezes se mostra simplório por tentar transcrever a fala brasileira. Respeito o desprezo que ele possa sentir pelo Brasil e seu povo, pois é um direito que lhe assiste. Sinceramente não tenho simpatia por alguns países e culturas. Apenas penso que os “burros” do outro lado do oceano, que, aliás, estão a comemorar sua ascensão econômica ao se transformar na 6ª economia mundial ao desbancar o Reino Unido, não podem ser culpados por aquilo que os governantes eleitos livremente em Portugal decidiram fazer. Fazer do Brasil um bode expiatório talvez não seja o mais justo. Deve-se cobrar tamanha besteira dos legítimos responsáveis, as pessoas que foram eleitas para defender os interesses portugueses. Tais pessoas traíram Portugal e seus eleitores. Uma nação estrangeira não pode ser culpada desse ato vil. Lamento se eu estiver errado, porém penso assim.
    Finalizo reiterando meus sinceros cumprimentos ao J.P.G e deixando votos de sucesso para a causa “Não ao A.O”.

    1. @Joaquim Rodrigues,

      Agradeço as palavras simpáticas que me dirige, distribuindo-as por todos aqueles que se dedicam a esta Causa comum, e retribuo os cumprimentos com vivas saudações anti-acordistas.

    • André Silva on 28 Dezembro, 2011 at 0:51
    • Responder

    Velhos do restelo…sem mais comentários. O futuro é a simplificação, a unificação…se nos mantemos agarrados ao passado nunca evoluiremos como nação!

    • Pedro Fernandes on 28 Dezembro, 2011 at 12:59
    • Responder

    Ah, esses acordistas com a mesma cassete…

    “Velhos do restelo…sem mais comentários” No entanto, continua a comentar…

    “O futuro é a simplificação” Que não é o caso desse acordo, basta ler os inúmeros comentários de professores que estão com problemas em explicar aos alunos as regras, especialmente nos casos dos hifens. Queres uma língua dita “simplificada” tens o italiano, diz lá mais outro país que tem como língua oficial o italiano? pois…

    “a unificação” Que também não é o caso desse AO, com o aumento das duplas grafias, irá continuar a haver o PT-PT e o PT-Br nas opções de línguas em sites, softwares, legendas, etc.

    “se nos mantemos agarrados ao passado nunca evoluiremos como nação!” Querem ver que o Acordo Ortográfico é que nos vai tirar da crise, qual troika, qual quê? e coitados dos francesses e ingleses, “agarrados ao passado” há mais de 300 anos vai-se lá saber como é que são países mais… evoluídos que o nosso. Ou a China agarrada ao passado do mandarim há mais de 5000 anos

    • Bic Laranja on 28 Dezembro, 2011 at 13:06
    • Responder

    @ Joaquim Rodrigues
    Obrigado pela preocupação co’ as minhas aversões! Mas confunde-se; não é a nação brasileira que verbero; é o seu crioulo que tanto ignorante, cá e lá (inevitavelmente mais lá do que cá), encarrapita como português. Daqui o modo – simplório – de retratar o caipira. Como português não tolero a afronta, mas, meu amigo, cada leve os desaforos que queira para casa. E negar, como vossemecê procura, que há brasileiros na tramóia cacográfica para subjugar portugueses a seus intentos é tapar o Sol com a peneira. Compenetre-se: se no Brasil ou em Marte houvesse empenho com o português – com o cânone gramatical como houve até ao séc. XIX e não com variantezinhas pós-coloniais arvoradas em instrumento de vingança sobre a História -, se houvesse esse empenho, dizia-lhe, não havia aqui questão. O que se tem visto é a República Federativa, por ressabiamento histórico – muito gostavam eles de ser um Suriname gigante -, e a nação por acefalia quererem assenhorear-se do idioma português. Que o fosse do idioma brasileiro – vá lá que a cavalo no português – nada a opor. Que o façam e tornem a fazer a expensas da minha identidade nacional aviltando tratos legítimos firmados de livre vontade, isso é que não.
    Posto isto, se ainda continuar a não entender o que (não) é desprezo por uma nação e (o que é) desprezo por agentes desprezíveis dessa nação ou doutras, lamento. Por mim continuarei a desprezar o que é desprezível e a fustigar agentes estrangeiros e traidores que o mereçam.
    Feliz ano novo!

  1. @ André Silva
    O cúmulo da simplificação é ir dependurado nos restos do naufrágio e cuidar ir em paquete de luxo.
    Feliz ano novo………………. !

    • Joaquim Rodriques on 28 Dezembro, 2011 at 16:20
    • Responder

    Tais palavras são merecidas, JPG. Pessoas de bem devem ser reconhecidas e os medíocres ignorados. Bons exemplos devem ser apontados para que outros possam segui-los. Infelizmente cometi um erro ao não estender meus cumprimentos a todos os outros que estão engajados nesse trabalho árduo. Cumprimento-os agora.
    Penso que é possível defender ideias/causas sem desmerecer povos e culturas que tal como os portugueses vivem a mercê de políticos sem ética alguma. Qual o grau de culpa dos povos português e brasileiro nisto tudo? Penso que nenhuma. Jamais culparei a Portugal ou a qualquer outra nação/povo pelas aberrações feitas pelo Congresso Nacional brasileiro. O que têm os outros povos a ver com tais absurdos? Torno-me maior ou mais importante por me desfazer de outras nações? Sinceramente penso que não!
    Enfim, meu caro, espero que o ano de 2013 presenteie-nos com a anulação desse “acordo”!
    Sinceros cumprimentos.

    1. Bom Ano Novo para si e para os seus. Saúde!

  2. Desculpem-me, caros amigos e parentes portugueses, mas preciso escrever algo.
    Ser contra o Acordo Ortográfico é naturalmente um direito do povo de Portugal. No entanto, atacar o Brasil – e, pior, o povo brasileiro – como responsável pela implantação do referido Acordo é de uma estupidez atroz. Nós, brasileiros, mesmo tendo ficado reticentes em relação, por exemplo, à perda do nosso trema, dos acentos em “idéia”, “jóia” etc., em nenhum momento tivemos a deselegância de atacar o país Portugal ou seu povo, uma deselegância muito maior, aliás. Sabemos que se trata de um ato de comum acordo entre filólogos, gramáticos e linguistas de todos os países lusófonos do mundo, a CPLP, e não uma questão pessoal de povo para povo. O povo, diga-se em tempo, nem consultado foi; por que atacá-lo? Os ataques de Portugal contra os brasileiros (o que nós, o povo, temos a ver com isso?!), não sei não… me soam recalque. Particularmente eu sou a favor de que a antiga ortografia brasileira se mantenha. Em resumo, como gramático e filólogo, SOU CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO E A FAVOR DAS IDIOSSINCRASIAS SOCIOCULTURAIS LUSÓFONAS! Sempre expressei isso, até em Portugal e em África, em jornais de todos os continentes, quando fui consultado a respeito. Mas nunca ataquei o povo português, porque sei que eles não têm relação com as mudanças. Eles, ao contrário, ou não sabem que nós, brasileiros, não somos responsáveis por nada, que, como povo, não fomos sequer consultados, ou estão com alguma raiva “inexplicável” de nós, do Brasil… que de colônia “européia” já não temos nada há muitos “qüinqüênios”.

    • antonio ferreira on 30 Dezembro, 2011 at 11:07
    • Responder

    Como não quero que me chamem espetador quando, na verdade, sou um espectador de um triste espectáculo chamado novo (des)acordo oirtográfico, acho que é tempo de dizer Basta! Chega! Porque sem consoantes mudas nem acentos, a nossa língua perde funcionalidades, coluna e testículos, assemelhando-se à corja de funcionários vendidos e acéfalos que nos conduziram a este estertor existencial – falidos, impotentes, resignados.

    É tempo de dizer “Pára” e não “para” de modo a que possamos defender os nossos legítimos interesses e prosseguir viagem com a atitude dos navegadores de quinhentos e não dos vencidos do fadinho do queixume!…

    • Jorge Teixeira on 30 Dezembro, 2011 at 12:47
    • Responder

    @Marcelo Moraes Caetano: os Brasileiros não poderiam atacar Portugal como autor do “Acordo” porque de facto não o foi. A negociação do “Acordo” ortográfico de 1990 foi defendido em Portugal como “necessário” porque o Brasil nunca implementou o “Acordo” que assinou com Portugal em 1945 e que supostamente “unificaria” a grafia da língua Portuguesa. A necessidade do “Acordo” foi sempre vista como necessidade provocada pelo Brasil, nunca por Portugal. E quem fez sempre pressão para a adopção do “Acordo” em Portugal foram as editoras e grupos de media Brasileiros, que nunca conseguiram dominar o mercado Português e julgam por esta via vir a conseguir impor os seus produtos e cilindrar editoras e grupos de media Portugueses. E provavelmente conseguirão, dada a terem dinheiro disponível em quantidades gigantescas face às empresas Portuguesas.

    Sei que este “Acordo” de 1990 é prejudicial para a língua tal como praticada no Brasil, menos do que para a língua tal como praticada em Portugal, mas ainda assim é prejudicial e tenho pena que no Brasil não tenham conseguido opor-se a isto. Mas tem de compreender como, visto de Portugal, este acordo é entendido como uma imposição Brasileira, o que leva a que muitas pessoas tenham reacções infelizes e até racistas contra o Brasil e os Brasileiros.

  3. Li com muito agrado o artigo acima publicado no Público de 27-12-2011.
    Tenho escrito alguns artigos com sentido convergente com o de MJAbranches.
    Fico perplexo com a passividade de tantos portugueses ante um processo que se revelará ruinoso para o futuro da Língua, sobretudo, falada, em Portugal, que sofrerá corrupções inevitáveis, estropiando-se lamentavelmente.
    Ninguém precisava deste falso Acordo, que mais se assemelha a adopção da ortografia vigente no Brasil, uma vez que este rejeitou o Acordo de 1945, que havia assinado com Portugal.
    Quem estava, por conseguinte, em falta era o Brasil e não Portugal.
    É preciso reagir e suspender o Acordo de 1990, propondo a elaboração de um verdadeiro Acordo, que não prejudique a fonética do português europeu, como este certamente o fará, por via de uma ortografia inconveniente para a nossa maneira de falar.

    • Manuela Moreira on 10 Janeiro, 2012 at 14:19
    • Responder

    Interessante, que ainda ontem, enquanto lía qualquer coisa que com o acordo modificava completamente o sentido da palavra, e, perguntava-me se era mesmo possivel os Portugueses não fazerem nada relativamente a esta aberração,ultraje e assassinato da nossa lingua. Estando, alías está na moda, a teoria-e muito bem- de que a identidade de um povo é a sua cultura e a sua cultura a lingua.Bom, fico contente por sdaber que ainda é possivel fazer alguma coisa.Mãos á obra.Está na altura de os Portugueses acordarem e começar a tomar conta do seu País.
    Há alguem aí desse lado que oriente a acção?…vamos embora.

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