Eu, abaixo assinado, declaro, por minha honra…

Termina hoje, dia 15, o prazo para a recepção de subscrições da Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) pela revogação da entrada em vigor do “acordo ortográfico”.

Já existem as 35 000 assinaturas exigidas para levar a ILC ao Parlamento? Não. Ainda não.

E então agora o que fazemos? Damos a campanha por terminada? Não. Claro que não.

A nossa luta não termina aqui nem terminará nunca, ou seja, enquanto não conseguirmos aquilo que muitas pessoas dizem ser impossível. “Impossível”? Nada é impossível quando a alma não é pequena.

Já todos sabíamos, desde o início, que reunir 35 000 assinaturas em papel é uma tarefa hercúlea, gigantesca, quase absurda, totalmente desproporcionada em relação ao historial deste tipo de iniciativas em Portugal e mesmo em função da população do nosso país; para que se tenha um termo de comparação, basta atender a que, por exemplo nos Estados Unidos da América, uma iniciativa de cidadãos equivalente tem de ser apresentada por apenas 41 000 subscritores, o que significa que, comparando as populações dos dois países, as 35 000 subscrições necessárias em Portugal são algo como 26 (vinte e seis) vezes mais do que o exigido naquele gigantesco país de 311 milhões de habitantes.

Por alguma razão apenas houve até hoje uma única Iniciativa Legislativa de Cidadãos e mesmo essa, a da Ordem dos Arquitectos, não foi exactamente uma verdadeira iniciativa de cidadãos mas, em rigor, uma iniciativa de uma classe profissional, sendo que a mesma foi patrocinada, promovida e gerida pela referida Ordem profissional (OArq), com todos os meios logísticos, financeiros e de equipamento e pessoal à disposição. Daí dizermos, por conseguinte e com toda a propriedade, que a nossa é a primeira verdadeira Iniciativa Legislativa de Cidadãos, com tudo o que isso implica em termos de dificuldades, já que não dispomos de qualquer patrocínio, não formamos uma entidade com personalidade jurídica, não temos uma sede nem instalações próprias nem equipamentos nem pessoal e nem sequer uma organização formal.

Todo o trabalho é realizado por voluntários e de forma também ela integralmente voluntária, isto é, sem qualquer compromisso ou obrigação e dependendo exclusivamente da disponibilidade, da abnegação e da dedicação de cada qual.

São estes voluntários quem recolhe as assinaturas, uma a uma, em papel, porque a lei assim o exige. São estes voluntários quem tira fotocópias, pagas do seu próprio bolso, e distribui folhetos pelas caixas de correio, aos familiares, amigos e colegas de trabalho também por estabelecimentos de comércio, restauração e serviços públicos.

São também voluntárias aquelas pessoas que além do mais escrevem, que divulgam como podem e sabem a ILC, que estabelecem contactos, que insistem, que falam, que discutem o assunto, que vão fazendo, em suma, os possíveis – e quantas vezes os impossíveis – para que se torne afinal evitável o que parece inevitável e para que se possa ainda tornar possível aquilo que alguns portugueses dizem ser impossível: reverter o processo, anular a entrada em vigor do “acordo ortográfico”, parar o monstro.

Ora, todo este esforço hercúleo não pode ter sido, não pode ser, não será jamais em vão, não foi nem será nunca um esforço inglório.

Quanto mais não seja por simples respeito para com o trabalho de todos e de cada um, só nos resta continuar na luta, de cabeça erguida, com a mesma coragem de sempre e agora com ainda mais determinação!

E, além disto, poderíamos nós desistir, logo agora que estamos a bater todos os dias novos máximos, quando estão a chegar cada vez mais e mais subscrições como nunca antes tinha sucedido? É claro que não. Aqui não há desistentes, só há resistentes!

Agora que o ano “letivo” começou e que os primeiros manuais “adotados” começam a ser distribuídos aos nossos filhos, agora sim, finalmente os portugueses estão a acordar para a triste realidade: afinal, o “acordo ortográfico” já não é um espectro vago e remoto, agora é mesmo a sério, eis que por fim essa (triste) realidade vai desabando sobre as cabeças dos mais distraídos e daqueles para os quais o assunto era, diziam, “indiferente” ou “menor”.

É portanto este o momento certo para que milhões de compatriotas, a esmagadora maioria da população segundo todas as sondagens existentes, é esta a hora certa para que a sociedade civil se mobilize para derrotar o monstro: assine e dê a assinar aos seus familiares, amigos e colegas a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do “acordo ortográfico” de 1990!

Quando cada um de nós subscreve a ILC faz também uma declaração de honra. E a honra não se dá, não se troca, não se vende. Por isso lutámos e lutaremos sempre, com esperança mas também com a convicção inabalável de que somos a esmagadora maioria dos portugueses e de que a nossa luta é justa e faz todo o sentido.

Portanto, por mais impossível que pareça e por mais difícil que seja, temos a certeza absoluta de que não podemos perder, que a vitória é certa e que, por fim, a razão prevalecerá sobre a prepotência.

Não queremos o “acordo ortográfico”! A ILC continua, a recolha de assinaturas continua, a luta continua. Ponto final.

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17 comentários

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    • Sofia Marques on 15 Setembro, 2011 at 16:17
    • Responder

    Ainda bem! Ia agora enviar um impresso com a última meia-dúzia de assinaturas que consegui recolher, assim posso guardá-la mais algum tempo para continuar a recolha, até estar cheia. Será estabelecido novo prazo?

    1. Estamos precisamente a discutir essa questão.

      Seria talvez conveniente que enviasse as assinaturas que já tem e depois poderá recolher mais…

      Muito obrigado pela sua militância!

  1. Não desistam.
    Se fosse possível dar um forte abanão a tanta passividade e, digamos, excessiva ignorância e indiferença sobre tão importante causa, chegar-se-ia e facilmente às 35 000 assinaturas necessárias.

    • Sónia da Costa on 15 Setembro, 2011 at 16:45
    • Responder

    Aceitam documentos (depois de devidamente preenchidos e assinados) digitalizados e enviados por e-mail? Se sim, qual é o contacto?

    Seria óptimo fixarem novo prazo, nem que seja de um mês. Somos numerosos na família e nenhum de nós é a favor do novo acordo. Pela parte que me toca, não vou desistir.

    Obrigada, desde já!

    1. ilcao_assinaturas@cedilha.net (ver pormenores em http://ilcao.com/?p=313 )

      Muito obrigado pelo seu apoio e, principalmente, parabéns pela sua determinação. Bravo!

    • Álvaro Nunes de Sousa on 15 Setembro, 2011 at 21:23
    • Responder

    Companheiro, desta luta ninguém desiste. Que importa ser incerta a vitória se nobre e justa for a causa? Redobraremos os nossos esforços. Um abraço forte!

  2. Viva a Língua Portuguesa!!!!

  3. Acho que o principal problema foi mesmo a dificuldade em enviar por mail, tive de andar pelos FAQ’s para saber o mail e o impresso a preencher para tal efeito. Alguém que veja este site e não leia tudo, pensa que tem de enviar o impresso por correio e tem logo um ataque de preguicite.

  4. Não, honra não se vende nunca! Há por aí muita gente que abomina este acordo e não sabe desta iniciativa, ou que apenas está inerte à espera de alguma coisa. Temos de fazer chegar a mensagem a todos, especialmente agora que somos bombardeados com esta barbaridade todos os dias. O povo vai começar a acordar para a realidade da maneira mais desagradável temo… Vamos continuar a recolher!

    • Alves Pereira on 16 Setembro, 2011 at 12:22
    • Responder

    cáros com panheiros: êste teisto serbe pra têsta u futoro a cordo urtografico cu burkina fasso…

    O texto acima, é uma ante-visão do que será o Português daqui a não tantos anos como isso… estamos no plano inclinado e a acelerar, por isso temos que continuar “até que a voz (nesta caso, a caneta e/ou o teclado) nos doa, a enviar assinaturas; eu, pela minha parte, acabei de mandar 6.

  5. Poderei enviar mais que uma assinatura num só envelope? Presentemente o €€ está muito caro,o envelope é caro,o selo é caro…Se não der, enviarei na mesma,embora me fique um pouco dispendioso.Obrigada

    1. Isso é uma “FAQ”… http://ilcao.com/?page_id=288#8

      🙂

      Parabéns pela sua militância!

    • Luis R.C. Leão on 17 Setembro, 2011 at 3:06
    • Responder

    Enquanto menor de idade, penso não estar ao meu alcance poder participar na assinatura para a ILC.
    Faço, no entanto, todos os possíveis para fazer esta mensagem chegar o mais longe possível, nomeadamente todos os meus conhecidos e alguns desconhecidos.
    Totalmente contra a Nova Aberração Ortográfica da grande e magnífica Língua Portuguesa, tento dar todo o meu apoio à causa, embora não possa fazer muito mais.
    Na escola, irei declarar-me perante turma e professores enquanto defensor da Língua e discordante da aberração ortográfica e assumirei toda e qualquer consequência em defesa deste património Português.

    Não ao Aborto Ortográfico!
    Não à fusão cultural imposta!
    Não ao conformismo!
    Não ao abandono do património!

    Português que é Português defende o seu país! E aqui estou eu, esperando pelos meus 18 anos para fazer a minha voz chegar mais longe e a minha assinatura travar este perfeito disparate!

    Nunca desistir, a luta só se perde quando toda a tropa desiste! VAMOS LÁ!

    • paula blank on 17 Setembro, 2011 at 16:45
    • Responder

    Luís és mesmo um LEÃO! Espero que faças 18 anos rapidamente. Entretanto, a tua ajuda é imprescindível e não tem preço. VAMOS LÁ! 🙂

    • Rogerio Paulo on 20 Setembro, 2011 at 14:48
    • Responder

    Conforme está executado, o acordo parece ter sido pensado por quem não tem mais nada de importante para fazer que justifique o dinheiro que ganha — mais ainda porque, comprovadamente, demonstra que não sabe o que faz! A língua portuguesa, nas suas mais variadas vertentes, é linda e extremamente fértil, e fica bem melhor com a mistura dos termos vindos do Brasil ou dos países de África, Timor e de todos os países por onde a nossa riqueza cultural se espalhou , juntamente com as diferentes expressões e significados dentro do próprio país, numa mistura que resulta numa riqueza ímpar de que todos nos devemos orgulhar! Por isso, a forma completamente idiota e descabida como o acordo está concebido deve ser evidenciada e recusada a todo o custo: viva o português universal, que respeita a sua origem mas também a sua diversidade cultural!

    • Pedro Callado on 23 Setembro, 2011 at 17:39
    • Responder

    Olá amigos! Eu peço a todas/os as/os que tiverem disponibilidade, que façam chegar a ILC a diferentes faculdades de diferentes universidades! Eu irei pessoalmente fazer por promover a ILC na UL, espero recolher todos os apoios que forem possiveis de recolher, e espero em especial, ser bem acolhido na Faculdade de Letras! Essa é “a casa” do idioma Português, e com sorte poderemos angariar apoios e os melhores argumentos pela parte de linguistas e élites académicas desta área de estudo e desenvolvimento. Eu concordo que seja necessário algum tipo de aproximação entre as duas formas idiomáticas, mas quem o deverá propôr são as academias dos dois países em resultado de trabalho conjunto, e nunca as correntes mercantis que se propôem conseguir proveitos descabidos também à custa da nossa cultura universal!
    Saudações cordiais deste nosso cantinho no centro do mundo!

    ps: Já agora, no Brasil também há muitos descontentes como se tem vindo a tornar cada vez mais visivel. Gostei muito do video do Olavo de Carvalho no Youtube! Não haverá ninguém que possa fazer chegar a nossa mensagem a quem de direito?

    • Margarida Costa on 7 Julho, 2012 at 0:51
    • Responder

    Porque os outros desistem e tu não!
    Porque tu amas a língua portuguesa!
    Porque a língua portuguesa nasceu cá!
    Porque simplificar não é complicar!
    Porque os ingleses não venderam a língua deles aos americanos!
    porque queremos continuar a manter as nossas raízes latinas!!!!!

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