«Devíamos escrever todos brasileiro»

Nuno Artur Silva fala sobre o “acordo ortográfico” numa entrevista televisiva.

Sem comentários.

[Transcrição]
Por exemplo, falávamos da Língua. É o maior valor patrimonial que Portugal tem. É falar por duzentos e tal milhões de pessoas. É uma coisa que tem um potencial extraordinário. Isto ninguém ’tá a pensar nisto. Trocou-se o governo anterior, trocou o possível museu da língua por um museu de artesanato. Quando estava tudo montado para se fazer o museu da língua de repente temos um museu do artesanato. Isto é que são medidas de facto que contam.

{Jornalista: e o acordo ortográfico, como é que olha para ele? Já se adaptou ou nem por isso (como professor de português)?}

Não, eu escrevo ainda consoante aquilo que aprendi mas eu acho que o acordo ortográfico é uma coisa que não tem importância, é uma convenção. É assim. Eu vou dizer de outra maneira que pode ser provocatória. Eu acho que nós devíamos escrever todos brasileiro. Porque é a nossa melhor probabilidade de em vez de falar para dez milhões de pessoas falar p’ra duzentos ou trezentos milhões. Isto é. Eu, se for escritor ou se for realizador de cinema ou se for… eu prefiro pensar que vou ter um público potencial de duzentas e tal milhões de pessoas do que ter a escala de dez milhões. Portanto, eu acho que o acordo ortográfico… se calhar foi mal feito… há ali coisas que se calhar não fazem sentido… mas eu diria eu preferia já estar a escrever à brasileira. Eu se escrever um livro adoraria que o meu livro fosse desde logo capaz de chegar a duzentas ou trezentas milhões de pessoas e não apenas a dez. Portanto eu acho que o acordo ortográfico é um acidente de percurso, inevitável, que é a nossa melhor hipótese de futuro, é o Brasil.
[/transcrição]

“Videoclip” recebido por email, sem indicação de proveniência ou quaisquer dados, pelo que não é possível atribuir aqui os créditos da estação emissora, indicações de data e hora da emissão, etc.

Print Friendly, PDF & Email
Share

Link permanente para este artigo: https://ilcao.com/2011/07/20/deviamos-falar-todos-brasileiro/

12 comentários

Passar directamente para o formulário dos comentários,

  1. Pronto, óptimo, fica então identificado o vídeo com o seu comentário. Obrigado.

  2. Ao Nuno Artur Silva e ao resto da comitiva de “vendidos” que apostam na lavagem cerebral dos Portugueses a troco de “melhores salários” (sejamos então verdadeiramente provocadores ao dizer a VERDADE!), desejo-lhes em meu nome e em nome de todos os Portugueses que amam a sua língua um grande,enorme,gigantesco ESPETADOR!!!

    Mas bem enfiado num sítio que eu cá sei!

  3. Isso quer dizer que em Portugal nunca se consumiram livros, música e séries/telenovelas brasileiras? Português é Português, e os portugueses e os brasileiros não têm qualquer problema em compreender o que uns e outros escrevem. Por essa ordem de ideias, defendo que escrevamos todos Mandarim. O que esse senhor defende é de um empobrecimento de alma e de mente (e de Língua!). É nas raízes da língua e na variedade que está a sua força. Ninguém vê os gregos a trocar o seu alfabebo, apesar de terem várias letras ‘redundantes’. Porque havemos nós de vender a História a modas destructivas?

  4. Um provocador que se toma muito a sério. Se a nossa melhor hipótese de futuro é o Brasil prefiro a Suíça. A renda é muito maior e sempre é mais asséptica; fica até fora da C.E.E., ou lá como lhe chamam.
    Cumpts.

    • Maria José Abranches on 20 Julho, 2011 at 23:41
    • Responder

    Peço desculpa, por dizê-lo sem rodeios: neste país não há limites para a ostentação da cretinice? Esta gente não faz mesmo ideia do que é uma língua? Resume-se tudo a uma questão de hipotéticos lucros e a “milhões de falantes”, independentemente de tudo o resto, inclusive do grau de literacia desses “milhões”?! Nunca pensei ser possível chegarmos a este descalabro em termos de cultura!

  5. Sinceramente, e se bem que não seja nem técnico nem – muito menos – especializado na matéria, parece-me haver ali um problemazinho de dislexia. Refiro-me a dislexia mental, porque na oralidade da criatura isso é evidente, nem carece de diagnóstico.

  6. Esse cara está a sonhar.Quanta mediocridade.

  7. “…..Portanto eu acho que o acordo ortográfico é um acidente de percurso, inevitável, que é a nossa melhor hipótese de futuro, é o Brasil.””

    Com licença:
    hahahahhahahahahahahahhaahhahahhahaha

    Desculpem por essa gargalhada. Ele vive em que planeta???

    • Luís Ferreira on 21 Julho, 2011 at 16:37
    • Responder

    Então, leiam esta, por favor:

    “Somos apenas 10.700.000 a residir em Portugal. Exige-se humildade.”

    http://www.profblog.org/2011/07/escolas-aplicam-acordo-ortografico.html

  8. É verdade, exige-se humildade. A humildade de perceber que não se pode impôr a língua por decreto. Humildade aos criadores do acordo, em que meia dúzia de pessoas tentam impôr a língua 272,9 milhões, sem lhes pedir a opinião e recusando os relatórios dos especialistas. A humildade de não impôr palavras tolas (‘espetador’ = ‘espectador’) que nunca existiram em qualquer variante do português aos ditos 272 milhões. A humildade de reconhecer uma língua com História(s) e raízes. É preciso mesmo muita humildade.

  9. Eu nem acredito que ouvi aquilo. Ele tem boa solução, pode muito bem ir viver para o Brasil.

Responder a bph Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado.