Rita Ferro subscreveu a ILC

Rita Ferro

Rita Ferro é escritora, tendo publicado até agora 24 livros. Nasceu em Lisboa e vive perto, no Monte Estoril.

Filha e neta de escritores, começou a sua carreira, com apenas 20 anos, como redactora de publicidade nas Selecções do Reader’s Digest, e estreou-se com o seu primeiro grande sucesso editorial (mais de 50 mil exemplares) em 1990, o “Nó na Garganta“, e notabilizou-se com “Uma Mulher Não Chora“, a sua terceira publicação, cujas vendas atingiram os 170.000 exemplares.

Tem participado também em diversos programas sobre Literatura e Cultura, tanto na rádio como em televisão.

Sobre o “acordo ortográfico”, do qual é opositora não apenas de consciência como de acção, e mesmo sabendo-se que certamente teria muito mais a dizer, apenas por agora não poderia ser mais clara, transparente e incisiva na sua opinião – que é também um verdadeiro manifesto de revolta e todo um programa daquilo que pode, deve e tem de ser feito. O que vem a ser, em suma, liquidar o “acordo”.

«É um acordo político e não cultural. É mais uma cedência subalterna dos portugueses, mais um desfalque na nossa matriz identitária. Se os brasileiros dialectizaram a língua o problema é deles e não nosso: NÃO VAMOS nós começar a escrever precariamente por servidão à «maioria falante». Como se não bastasse, as novas regras estão pejadas de dislates e incongruências, a palavra «Egipto» é um exemplo: se lhe retirarmos o pê, como passarão a chamar-se os habitantes? Uma coisa é a grafia ir sendo adaptada à evolução natural da língua, outra, bem diferente, um acordo linguístico que se antecipa a essa evolução por interesses económicos – nem pensar! Tenho 55 anos, demorei uma vida inteira a aprender a minha língua e, em rigor, ainda não a domino cabalmente – nem eu nem nenhum português, pois é riquíssima, sofisticada, complexa e eivada de excepções, pelo que até aos seus obreiros oferece dúvidas. Era só o que faltava que viessem agora remeter-me para os bancos da escola, chamando «errado» ao «certo» – NEM PENSAR! Cambada de vassalos borra-botas, que confundem servilismo e sujeição com modernidade! Para que conste: na qualidade de cidadã portuguesa, jamais abdicarei dos 2% que querem sonegar à minha língua.

PARA TRÁS, VENDILHÕES DA PÁTRIA!

Estoril, 11 de Fevereiro de 2011

Rita Ferro (escritora portuguesa e não abrasileirada)»

Subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

Nota: esta publicação foi autorizada pela subscritora, que escreveu o texto supra citado expressamente para o efeito.

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14 comentários

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  1. E mais: quem é o sr. Sócrates para me dizer que o ‘p’ do ‘óptimo’ se não diz. Ele é que não o ouve. Porque é – valha-me o ingrazéu – ‘dummy’.
    Cumpts.

  2. Obrigado à estimasa Rita Ferro. Muito obrigado!

  3. Estimada, digo.

  4. Vamos por partes:
    A língua portuguesa teve grandes transformações no Brasil por causa da emigração de todos os povos.Junto a isso, os indígenas (donos do país) e os escravos (trazidos por nós).Virou um caldeirão num país de tamanho continental.Foi uma mudança natural e sem ofender a língua portuguesa.
    O povo brasileiro não OBRIGOU o povo português a adotar o #AO. Isto foi invenção dos buRRocratas que ficam coçando o dia inteiro.Cabia à população, em Portugal, protestar concretamente.
    Acordaram graças a meia dúzia de lutadores.

  5. Quero dizer que gosto muito do Sr. Bic Laranja.Acho ótimos os comentários dele.:))

  6. Tem graça que diga que “cabia à população, em Portugal, protestar…” Cuido que lhe saiu natural a omissão ao Brasil relativamente ao aborto gráfico. Sintomático.
    Cumpts.

  7. …..quem quer corre..não fica esperando o nevoeiro sumir. Não passemos a nossa responsabilidade para os outros. Sintomático.

  8. Sintomático é que quem não tem razões para culturas tanto dá chuva na eira como sol no nabal. Cumpts.

  9. Anschluß II, por conseguinte. Estamos todos de acordo, então. Mal “acomparado”, e salvas as devidas, enormes, gigantescas diferenças, o povo austríaco também devia ter protestado. E o povo polaco. E o povo checo. E o…

    Devia?

    Sim, devia.

    Mas traidores há em todo o lado, pelo menos desde Brutus…

  10. Acontece que para a História só Roma lhes não pagava…
    Cumpts.

    • antónio paiva on 12 Fevereiro, 2011 at 20:37
    • Responder

    Estes são os vendilhões da língua portuguesa.
    Fora com eles.

    • José Rodrigues on 13 Fevereiro, 2011 at 0:19
    • Responder

    VIVA A LÍNGUA PURA!

    Vamos voltar a usar os dígrafos “th” (bibilotheca), “ph” (pharmácia), e também “fructo”, “aflicto”,”commercio”, “mãi”….
    E mais, vamos tirar as influências árabes de muitas palavras como ALmoço, ALmofada, Açucar …. e assim escrever “moço”, “mofada” e “çúcar.”
    Depois partirmos para os vocábulos ingleses como “wc”, “blog”, “internet”, “download”, “post”, “stop”… depois para o francês e para …. enfim faremos uma limpeza em nossa língua. Dessa forma chegaremos, quem sabe (?), ao latim!
    Ops! Não será mais português, então!
    Cumpts

  11. Voluntas pro facto reputatur

  12. 🙂 Uma das palavras que me dão verdadeiros calafrios é “espetadores”… essa nem sequer respeita aquela regra mínima da oralidade… recuso-me a ser espetadora seja do que for!

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