Não é verdade. Não pode. [Pode. Confirmado.]

[Adenda, em 25.01.11, às 13:50 h]
Após reconhecimento expresso da autora do teste (ver nos comentários a este “post”), confirma-se não apenas o teor como o facto de o mesmo ter efectivamente sido distribuído a alunos portugueses do 5º Ano.

Por conseguinte, o texto original deste “post” passa a “strike” (cortado) na sua maior parte, para que se compreenda como este episódio evoluiu. E como não ficará por aqui mesmo, certamente…

Alguém, por obséquio, por militância, por desplante, por desfastio, por caridade que seja, poderia confirmar ou desmentir isto? Já se começou a ensinar “brasileiro” às nossas crianças? Será possível?

Não, não. Pode lá ser. Isto é falso. Só pode.

será isto verdade?

impossível

(recebido por email, de um cidadão (ver nota) indignado, no caso o irmão da aluna que teve de preencher o “teste”)

Nota: este documento é de tal forma extraordinário que precisa mesmo de confirmação. Agradece-se a outros pais (ou aos próprios alunos) que tenham exemplares iguais ou semelhantes façam o favor de no-los enviar para o endereço ilcao@cedilha.net.

Até que haja uma confirmação irrefutável da genuinidade da imagem publicada neste “post”, esta informação fica sujeita às devidas reservas de fiabilidade.

Nota: o remetente deste documento refere, e com toda a razão, que desde o início se identificou como irmão da aluna e não como seu Pai. Foi um lapso, entretanto já corrigido, de que pedimos imensa desculpa.

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50 comentários

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  1. Tudo neste escrito se conforma a atrasados mentais.
    Cumpts.

  2. Contacte-se a escola Básica 2,3 de Paredes. Ou confirmam ou desmentem. O ensino público é isso mesmo: público. Se for verdade, têm que reconhecer que é verdade.

  3. O meu irmão frequenta a EB 2,3 De Paredes. Fiquei intrigada com este post e resolvi ir ver os t.p.c.’s que a professora de Português lhe mandou e um dos textos é IGUAL a este. E mais! Tem outro texto brasileiro.
    Vou digita-los e envia-los para verem.

    1. Pois então aguardamos ansiosamente essas cópias. E obrigado, antecipadamente.

  4. Li esse post (“Não é verdade. Não pode.”) e não consegui entender por que o consideram em “brasileiro”, pois não encontrei nenhuma palavra que é grafada diferentemente em Portugal e no Brasil. Ou então o que está em questão é o conteúdo, e não a forma? Agradeceria nuito a gentileza de me esclarecer nesse tópico. Sou brasileiro e também tenho cá minhas reservas quanto à adoção universal do novo acordo ortográfico, e mesmo somente no Brasil. Respeito vosso movimento pois considero o nacionalismo nobre, mesmo que essa “globalização” atual o possa considerar démodé.

    1. As estruturas sintácticas são completamente diferentes. A semântica diferente. O léxico diferente. A “Língua universal” é uma falácia total, até porque impossível. Enfim, não sei por que ponta lhe pegar para responder à sua pergunta. Experimente fazer um teste português. Ou isso para si é “nem pensar” e, portanto, é naturalíssimo – para si – o Brasil invadir um país, não militar mas “apenas” culturalmente?

      O “nacionalismo” é todo vosso, dos brasileiros, não nosso: trata-se de uma imposição selvática e selvagem facilitada por meia dúzia de traidores e vendidos portugueses que terão a sua “paga”, em devido tempo, assim se cumpra o adágio antigo de a verdade ser como o azeite…

  5. Boa noite,
    Sou a autora do texto em questão e percebi que você e Vitriolica conversaram no Twitter sobre o mesmo. Isso ocorreu há dois dias. Tentei entrar em contato com ela, mas não obtive resposta. Gostaria de saber o que havia ocorrido. Você havia deletado sua parte da conversa.
    Estou lhe escrevendo este comentário exatamente porque não quero fazer a mesma coisa que vocês fizeram: não ser transparente.
    Escrevi em meu blog uma orientação aos professores portugueses para melhor orientá-los quanto à utilização das atividades. Fiz ainda um apelo, que ao meu ver deveria ter sido feito por pessoas de seu país, para utilizarem com sabedoria as atividades, adequando-as à sua língua e à sua cultura.
    Espero poder ter ajudado de certa forma, embora não tenha sido comunicada do acontecido. Ainda assim, não pude deixar de notar que pessoas precisam de ajuda e humanidade é algo em falta nos lugares atualmente. Me espantou o fato de algo cultural ser mais importante do que algo humano. Sou uma pessoa de extrema transparência e se vocês tivessem se dado ao trabalho de ler artigos meus, teriam percebido isso.
    Peço desculpas ainda pela comunicação em ‘brasileiro’, pois apesar de ser fluente em oito idiomas e ter conhecimento de alguns outros, português de Portugal não faz parte de meu repertório ou mesmo de minha formação universitária em Letras.
    P.S. Também sou contra o acordo ortográfico e acho louvável e fato de este tipo de blog existir, mas meu modo de lutar contra ele é pela conscientização e pela lógica.
    Não tenho intenção alguma de atrapalhar seu ‘sistema de ensino’. Se eu puder ajudar em mais alguma coisa, por favor, entre em contato. Estou disposta a orientar seus professores da melhor forma possível.
    Professora Janaína Spolidorio

    1. Só uma nota sobre o seu comentário, e apenas para já: não apaguei coisíssima nenhuma em lado algum, ao contrário do que diz.

      Lerei com mais calma e tempo o resto daquilo que diz e, se for o caso, responderei em conformidade.

  6. Bem, procurei durante muito tempo sua parte em seu twitter e apenas encontrei uma indicação que dava a entender algo do tipo: tirei para não dar problemas. Se eu realmente não localizei, peço-lhe antecipadamente desculpas pela menção.
    Embora você esteja fazendo um tipo de denúncia, fiquei realmente decepcionada pelo fato de não terem buscado a fonte do texto antes da publicação e do outro blog que mencionou o problema ter um estilo de escrita tão agressivo.
    Decidi escrever para o seu, pois foi a origem do outro. Caso alguma outra coisa lhe desagrade e não seja fato, peço desculpas antecipadamente e prontamente irei tomar quaisquer providências cabíveis.
    Sou péssima em debates orais, porém apaixonada pela escrita, portanto costumo colocar realmente minha alma no que escrevo.
    Professora Janaína Spolidorio

  7. Acredito nas diferenças gramaticais que apontaste, até comecei a vislumbrá-las depois da sua diligente resposta. Obrigado por ela. Quanto aos seus comentários ulteriores: se para mim, letrado o suficiente em português “geral”, conhecendo desde Machado de Assim até Fernando Pessoa, passando até por Camões, não é tão óbvia a diferença, no uso da língua, que apontam aqui como absurda, também não deveria ser patente tal diferença para uma professora portuguesa? De duas uma: ou ela domina os dois grupos de estruturas sintáticas, semânticas e lexicais ou fez um esforço de educação abrangente, pró-ativa no sentido de familiarizar seus alunos com usos alternativos, mas válidos, de uso do português. Ou ambas as coisas, que de qualquer forma, juntas ou separadas, desaguam no mesmo mar: o da pluralidade cultural. Sua sugestão de fazer um teste português é boa, se puderes me ajudar a ter acesso a um ou mais deles, agradeço muito.

    Não compreendo sua assertiva quanto ao nacionalismo. Não usei o termo como crítica, mas como cumprimento. E pelo que entendo, o objetivo do acordo não é praticar nenhum tipo de imperialismo cultural, mas tão somente o de uniformizar a língua internacionalmente, em um esforço de padronização. Concordo que padronizações são perigosas, por seu potencial massificador e baixo-nivelador, mas não vejo nacionalismo nessa iniciativa brasileira. A qual, aliás, considerava como portuguesa igualmente.

    Mas tenho que admitir que o tom de revolta expresso neste sítio me deixou com a “pulga atrás da orelha”, como dizemos por aqui. Fiquei intrigado com os seus e os demais argumentos contra o acordo e desconfio que há mais sobre o assunto do que eu suspeitava.

    • Gisela Pereira on 25 Janeiro, 2011 at 3:44
    • Responder

    @ Janaína Spolidorio
    Se me permite, o debate no Twitter e neste espaço (em cerne contra o AO90), em nada coloca em causa as suas qualificações enquanto professora, nem o trabalho que desenvolve, ou tão pouco o facto de o disponibilizar na Net.
    Com bem entendeu, a questão reside no facto do(a) professor(a) que utilizou a ficha criada por si, não a ter adaptado ao contexto português de Portugal. Isto porque, o AO ainda não vigora, e para vigorar no ensino em Portugal por certo que existem (ou existirão) directivas para a preparação não só dos professores, mas também de como a transição (que espero que não aconteça) será transmitida aos alunos.
    O debate, e até mesmo o espefacto, não tem cariz preconceituoso ou de falta de humanidade como a Janaína Spolidorio referiu, assenta em última análise na falta de rigor e ética do professor (ou professores) que utilizam a sua ficha sem qualquer adaptação. Em nenhuma parte foi referido que o seu trabalho deveria apenas ser utilizado no Brasil.
    Imagine que uma ficha utilizada em Cabo Verde, com cariz da cultura Cabo Verdiana, era utilizada nas escolas brasileiras sem qualquer adaptação. Considera que um professor pode criar o seu próprio programa à revelia de todo o sistema de ensino, descuidando a cultura local? Acho justo que uma criança seja submetida à preguiça e descuido do seu professor? Ao colocar estas questões, haverá algum disprimor ao professor Cabo Verdiano que criou a ficha? Existe algum tipo de xenofobia? Não.
    Janaína Spolidorio, não entenda como um ataque pessoal, ou falta de apoio aos professores em Portugal. Sabe, em todas as categorias existem profissionais bons e menos bons, mas no que toca ao desenvolvimento das crianças, elas merecem o nosso melhor, não lhe parece?
    Cumprimentos,

  8. Senhora Spolidorio,

    Não entendeu nada. Não esperava, com certeza (em Português do Brasil/variante brasileira, “concerteza”), que a convocassem para um assunto que, na realidade, deixou de lhe dizer respeito a partir do momento em que os seus textos foram tornados públicos e os deixou paternalisticamente emanar do éter por esse mundo fora até nós, gente ignara e desprovida de imaginação, conscientes (variante brasileira: “cônscios”) que somos da nossa pequenez e cinzentice. De que adiantava aos comentadores serem “transparentes” como defende a senhora? A senhora encarregou-se de os detectar (variante brasileira: “rastrear”, ou já dirão “tracar”, do inglês “to track”?) procurando referências ao seu nome e encontrando. Claríssimo: procurou, encontrou. Ponto esclarecido: na net, nada é privado, ou n estaríamos na world wide web (www, que os brasileiros talvez traduzam por “difusão mundial na teia/rede”).

    Quanto ao segundo ponto que foca: sim, em Portugal, à semelhança do restante planeta, também há idiotas, mesmo entre os professores. Como profissional do mesmo tipo, envergonha-me a indigência mental (na versão dos brasileiros, são os “mané”, que suponho, vem das célebres anedotas do “seu manuéu e seu joáquim”, sempre padeiros, sempre do lado de cá do mar: os estúpidos de serviço, chamemos-lhes assim) de alguns colegas: porquê ir a um site brasileiro procurar um texto que, a meu ver, é demasiado infantil para um 5º ano?
    Compreende-se que o facto de a senhora “não ter sido comunicada” é dramático e de grande falta de educação da nossa parte, sentindo o repúdio total por pessoas sem humanidade, pois concorde-se: primeiro, a humanidade, depois, a cultura, essa coisa sem grande importância e tão fora do que seja a “alma”… E diz muito bem, é pela “conscientização” (aqui, dizemos “consciencialização”, o que nos torna ainda mais cinzentos do que já era nosso apanágio, mas, como a senhora disse – e muito bem! – a cultura vem depois da humanidade!) que se combate o “acordo”, mas gostaria que nos elucidasse sobre uma das suas frases de fecho do seu 1º comentário, a saber: “Estou disposta a orientar seus professores da melhor forma possível”. Mas como é isso possível? A senhora admite ser “fluente em oito idiomas e ter conhecimento de alguns outros, português de Portugal não faz parte de meu repertório ou mesmo de minha formação universitária em Letras”… Como poderá ajudar os professores portugueses, então, ou, como diz “orientar seus professores da melhor forma possível”?…
    Está afastada a dúvida quando, no seu 2º comentário afirma “Sou péssima em debates orais, porém apaixonada pela escrita, portanto costumo colocar realmente minha alma no que escrevo”. Aqui, percebe-se, finalmente. O seu paternalismo obtuso e condescendência para “ajudar os professores portugueses” denotam que a “alma” que diz pôr no seu trabalho a parecem colocar acima dos comuns idiotas que a copiam. Como perdoar idiotas plagiadores?

    Talvez o aplicado interveniente “Dival” (ele afirma: “Mas tenho que admitir que o tom de revolta expresso neste sítio me deixou com a “pulga atrás da orelha”, como dizemos por aqui. Fiquei intrigado com os seus e os demais argumentos contra o acordo e desconfio que há mais sobre o assunto do que eu suspeitava.”) que, tal como os portugueses ficou com a “pulga atrás da orelha” (sim, foi daqui – da Europa – que a expressão apareceu aí, em terras de Vera Cruz) seja a prova cabal de que o Brasil ainda não entendeu nada. Acabo como comecei: ainda não entenderam nada: o “acordo” é prostituição de um país subserviente em relação a outro mais poderoso economicamente e que vem colonizando este desde há mais de 20 anos. A vergonha é nossa, porque desde que decalcam as expressões do inglês dos Estados Unidos achando isso normal ou modernidade e escrevem com os pés, os brasileiros não têm desculpa possível. A senhora, Dona Spolidorio, está, evidentemente, desculpada. Milhões pensam da mesma forma: vale tudo, desde que seja com “alma”, não é? Fiquemo-nos pelas boas intenções. Afinal, se até os professores portugueses precisam de ajuda… Quanto a mim, dispenso-a. Claro que também escrevo com a alma e sem “meias tintas”: a ironia é, aliás, prova da minha intelectualidade; o cinismo permite-me dizer-lhe, implorar-lhe, até, em nome de milhões de idiotas, senhora Spolidorio: alfabetize o mundo, mas a MIM, não, por amor de Deus! Os seus textículos envergonham a sapiência das crianças, fazendo delas acéfalas, shrekianas, bocós. Prossiga, pois, que o restante mundo agradecer-lhe-á um dia.
    Queira introduzir amavelmente o seu paternalismo bacoco e retrocolonizador (colonização ao contrário que acabo de inventar) num lugar onde os americanos costumam dizer que “o sol não brilha”.

    • Gisela Pereira on 25 Janeiro, 2011 at 3:54
    • Responder

    Importa saber que o texto em causa, foi trabalhado com as crianças por iniciativa do professor(a), se faz parte do programa, se a escola aprova, e se o Ministério recomenda.
    Possa estar enganada, mas palpita-me que este “copy/paste” do português do Brasil é fruto duma ingénua preguiça de quem dá aulas nessa escola – ou noutras, “cruzes canhoto”.

    • Gisela Pereira on 25 Janeiro, 2011 at 5:22
    • Responder

    Para que o conteúdo não se perca na forma, aqui fica a errata aos meus comentários:
    – No 1º: “espefacto “ leia-se “estupefacto”; e “disprimor” leia-se “desprimor”
    – No 2º: “Importa saber que” leia-se “Importa saber se

  9. A professora Jamira Polidouro, lá da cátedra das oito línguas que fala, não chegou a aprender que o ‘delete’ que vem escarrapachado nos teclados não é senão a forma do imperativo latino de “deleo, deles, delere, deleui, deletum”. Como lhe falha também (e ela confessa-o) o Português (não o europeu, que isso não é nada, digo o autêntico)… Como lhe falha o Português desconhece que a forma portuguesa é ‘delir’ – enfim, verbos da 3ª conjugação já será pedir demais!
    Umas aulas de Latim e um banho de clássicos da literatura portuguesa seria o remédio. Mas deixá-la lá com as ‘atividades’…
    Cumpts.

    • Manuela Gonçalves on 25 Janeiro, 2011 at 14:13
    • Responder

    (..)” Escrevi em meu blog uma orientação aos professores portugueses para melhor orientá-los quanto à utilização das atividades….(..)”

    É muita pretensão.

  10. Depois de ler tudo aquilo que aqui se escreveu até agora, concluo que não valerá sequer a pena responder individual e pontualmente à autora do teste em “língua brasileira”. As palavras, como os actos, falam por si. A arrogância, a prepotência e o paternalismo são de tal forma evidentes, neste incidente que se espera e deseja único, que me parece seria pura perda de tempo (e de feitio) dar qualquer espécie de troco a tão óbvias quanto ofensivas e, por conseguinte, intoleráveis barbaridades.

    Talvez por deformação profissional, ou se calhar apenas por uma questão de educação, não tenho por hábito dialogar com quem fala “do alto da burra”.

    • Pedro Colkmehn on 25 Janeiro, 2011 at 14:44
    • Responder

    Eu percebo claramente td o que está escrito no texto. Não sei qual é a grandiosidade do portugues de portugal, pois mais de 200.000.000 de pessoas falam e escrevem o portugues do brasil…e apenas 15.000 o portugues de portugal…Pena que os portugueses de portugal, fiquemos convencidos sempre que somos melhor que os brasileiros,não só na escrita, senão em td o resto. É uma pena as pessoas de aqui acharem que são superiores ás pessoas de fora….O brasil com as suas favelas, crime, e problemas sociais, é uma terra muito superior a portugal em muitissimos outros sentidos. Lá não existe a xenofobia que aqui impera, não há uma taxa de desemprego tão elevada, nem uma economia tão deplorável como a que temos em portugal. Portanto.!!!

  11. Professor zeco: Dival é meu nome real, não uma alcunha como a sua. Por favor não o enclausure em aspas.

    Acho que agora entendo melhor o assunto, quanto a Portugal. Vocês estão defendendo sua identidade arcana, própria, com zelo de verdadeiros zelotes. Um brinde a isso. E não estou sendo cínico, pois ao contrário do prof. zeco, penso que cinismo, ao menos em debates delicados, é prova de patologia emocional e não de intelectualidade.

    Nós, cá, deveríamos ser mais zelosos também com nossa cultura, filtrar melhor os estrangeirismos.

    Mas o tom de alguns de vocês não tem nada a ver com a causa justa que o sítio defende. Ele evidencia xenofobia de forma muito clara. E com tudo o que ela implica, complexos de superioridade e de inferioridade, agressão gratuita, cinismo corrosivo e infantil.

    Como alguns fundamentalistas muçulmanos, alguns de vocês são como homens-bomba, cujo destino é explodir a si mesmos. A estes, peço que resistam bravamente à tentação de tachar minha opinião de paternalista, arrogante etc. Seria bobagem, visto que simpatizo e concordo com sua causa e estou apenas a tentar contribuir com algo, humildemente. A xenofobia de muitos dos seus argumentos é tão patente que até mesmo um patrício vosso, o Pedro, levantou sua voz contra eles.
    Mas discordo do Pedro quando diz que “O brasil (…) é uma terra muito superior a portugal”. É apenas diferente, melhor em algumas coisas e pior em outras.

    • Manuela Gonçalves on 25 Janeiro, 2011 at 18:31
    • Responder

    “Tô besta”.
    Não tem país melhor ou pior. Cada um com a sua cultura.

  12. O bom patrício Pedro estava bom para ficar aí a marinar com a sciencia demographica que alardeia. Mas sendo que o trazem à baila ninguém o tacha de xenófobo por grafar esse imenso Portugal dos trópicos com minúscula?! Não incomóda o rebaixamento a mero adjectivo qualificativo do exótico pau avermelhado?
    Cumpts.

  13. Só para constar, o texto foi escrito com intuito de ser usado com uma segunda série ou máximo terceira

    • ScorpionMan on 25 Janeiro, 2011 at 22:58
    • Responder

    Obrigada Janina, por esta tentativa de educa ao povo portugues, com respecto ao novo acordo ortográfico. Deviam existir muitas mais Janinas e muitos menos pessoas que andam sempre “contra tudo”

    • AltinoTorres on 26 Janeiro, 2011 at 0:01
    • Responder

    Janaína Spolidorio é um nome do piorio! Capaz de superar largamente a fértil imaginação da Luciana Abreu…

  14. Cara Janaína, apenas duas palavras para um esclarecimento:
    – Não recebi qualquer mensagem sua, razão pela qual não houve lugar a qualquer resposta da minha parte.
    – No que me diz respeito, não houve qualquer falta de transparência – Tendo lido a imagem da sua ficha publicada neste blog, disse ao responsável, via Twitter, que me parecia que a mesma tinha origem brasileira; limitei-me a pesquisar no Google a primeira frase do parágrafo introdutório, tendo ido “parar” ao seu blog; confirmando a origem da ficha, informei do facto o responsável pelo “ILC Contra o Acordo Ortográfico”.
    Quer as pessoas o queiram ou não, as variantes de Português faladas/escritas em Portugal e no Brasil são diferentes (MESMO aplicando o Acordo Ortográfico…). Se nada tenho contra o uso de textos de autores brasileiros como objecto de estudo/leitura no Ensino Básico (1º ao 9º anos de escolaridade), tenho opinião diferente no que concerne à linguagem usada em fichas de trabalho, testes, etc…
    Não concordo – nem acho didacticamente correcto – que se use, para comunicar com os alunos de uma escola portuguesa em Portugal, outra língua que não o Português_PT (sobretudo em aulas da própria Língua!!!). Se eu resolvesse usar o seu texto com os meus alunos (fui professora de Português durante 36 anos), teria tido, pelo menos, o cuidado de “aportuguesá-lo” ou adaptá-lo.
    Posto isto, permita-me felicitá-la pelo trabalho que desenvolve e partilha com o mundo lusófono através do seu blog 🙂

    (Escrevo no Português que aprendi, e que conto utilizar enquanto for capaz de exprimir-me – reconhecendo a outros falantes o direito de usarem a(s) variantes por que optarem. O “meu” Português é a minha Pátria, como dizia o Poeta – o caldo cultural que absorvi durante dois terços da minha vida, do qual (mesmo se o quisesse) dificilmente me libertaria.)

    • Gisela Pereira on 26 Janeiro, 2011 at 1:15
    • Responder

    Fujo ao tema, mas aqui fica:
    Quando me dirigi a Janaína Spolidorio, tive por base um post do seu Blog “Aos professores português”, no qual repliquei o mesmo comentário (ficou a aguardar aprovação) que aqui deixei. Entretanto esse post foi retirado (talvez pelo teor demasiado pretensioso ou acusatório?).
    Remanescem os diversos comentários aqui deixados, que pela minha leitura, em resposta ao mesmo, mas agora ao espectro. “Cadê” a transparência Senhora professora?

    P.S.: Como é que se pesquisa um Post publicado e retirado?

  15. Gisela:
    O post foi retirado porque eu tinha boas intenções ao fazê-lo. Devido à grande animosidade e comportamentos que eu desconhecia até então existirem, achei que seria melhor fazê-lo. Cheguei à conclusão que minha vida é feliz demais para deixar este tipo sentimento que senti no dia de hoje me ocupar. Amargo para mim, só o chocolate.
    Na realidade, voltei a esta página apenas com a intenção de desejar às pessoas que sejam felizes e deixem a alegria entrar em seus corações. Só extendi meu comentário em consideração ao seu, que merece uma justificativa. Se de alguma forma você foi invadida por maus sentimentos, me perdoe, não foi nunca minha intenção

  16. Importará talvez, digo eu, e isso sim, será porventura importante, saber a que marca de chocolate se refere, em concreto. A ver se a gente se entende ao menos nesse particular.

  17. Tem que ficar preocupada é com a educação aqui do Brasil. É só ler as pérolas que escrevem no vestibular.

  18. Como bom falante da Língua Portuguesa que penso que sou (porque, depois de ler o texto em epígrafe, já não tenho grandes certezas se o sou ou não), lamento. Lamento imenso. Lamento que um aluno do 5º ano tenha que ler um texto acerca de princesas, dragões e príncipes, onde vivem todos felizes para sempre. O meu filho, ainda na 4ª classe, já leu um “livreco” chamado “Bichos”, um tudo nada mais realista e profundamente PORTUGUÊS, que possui ainda o dom de ser compreendido por qualquer idade, mesmo que com algum auxílio na classe mais tenra. Presumo, assim, que no 5º ano ele já leia outro tipo de narrativas que não esta, para bem do seu futuro.
    Lamento que olhem para mim como um zelote da minha língua (não querendo ser saudosista, foi em tempos a Língua Franca na Europa e resto do mundo, mas parece-me que pensar na tradição é ser do Restelo. Perdoem os intervenientes brasileiros por este termo tão Português, mas basta pesquisar no Google esta expressão para perceber de que trata); sou um inconveniente por querer preservar a minha identidade cultural, sendo que considero a Língua a marca de água mais importante na individualidade de um povo.
    Lamento que utilizadores, usuários ou usurários ou o que quer que lhe assente melhor como o Sr. Dival ainda caiam na ignorância de perguntar a diferença entre o Português correcto (o de Portugal, portanto, e debater o contrário é tribal demais para a minha paciência) e o do texto apresentado. Poderíamos começar pela semântica (que nos grita aos olhos), mas como não gosto de repetir o que outros intervenientes já disseram, prefiro ir pelo meu caminho e referir a delícia que é “bolar um plano”. Não conheço a palavra “bolar” na minha língua, exceptuando quando se fala do Sistema Bolar ou quando se acerta em algo com uma bola, logo só posso concluir que isto não é Português, mas sim outro qualquer idioma que não o meu. Lamento ainda mais quando um cidadão que não é Português vem lançar farpas e chamar-nos de homens bombas e fundamentalistas, xenófobos até. Vejamos: vindo de um povo que tem estereótipos tão firmes acerca dos portugueses (padeiros, Manoel, todos os portugueses usam bigode, todas as portuguesas se chamam Maria, etc…), é no mínimo anedótico apontar dedos, quando eles poderiam ser introduzidos em lugares muito mais úteis. Lamento porque, em bom Português, quem está de fora racha lenha. Lamento que só existam quinze mil pessoas pessoas no mundo a falar Português, e duzentos milhões a falar outro idioma que tem traços de Português mas que, nem de longe nem de perto, se assemelha sequer, graças à variadíssima miscigenação verbal/escrita característica do Brasil. Não querendo “negativizar”, acabo por fazer um excelente trabalho. Lamento que haja pseudo-professores (ou será pseudoprofessores?!? Palavra de honra que ando angustiado…) em Portugal, que não promovem a nossa cultura em detrimento do ócio e da facilidade das coisas, e que não tem a propedêutica necessária para acompanhar os tempos que correm e os alunos com que lidamos no dia a dia. Disse Sun Tzu que aquele que conseguir alterar as suas estratégias para dominar um oponente e o lograr dessa forma, poderá ser considerado um enviado dos céus. Não é que os alunos sejam nossos oponentes, mas acho que dá para perceber a ideia.
    Mas o que eu lamento MESMO, MESMO MESMO MESMO, é ter um Ministério da Educação autista, alegremente bacoco e leviano, que não vai fazer rigorosamente nada em relação a esta situação, pois se não tem membros educados no seu seio, como poderá educar seja quem for? Numa nota mais pessoal, lamento tanto lamento. Chamem-lhe pessimista, se quiserem. Eu fico-me pelo desgostoso.

  19. Insurrecto,

    aplausos para você. Foi um comentário definitivo.

    • "Tratado de Trodesilhas" on 26 Janeiro, 2011 at 19:57
    • Responder

    Exmo. Sr. Insurrecto,

    Subscrevo na intergra o seu comentário e foi com bastante agrado que li o seu texto, escrito em Português correcto, mas sobretudo o que mais me agradou foi o conteudo que dele emana.
    Não sou de todo contra a utilização de outros dialéctos simílares à lingua Portuguêsa, mas dai a ulizar textos mal escritos no nosso sistema de educação acho trágico.

    Atenciosamente,

    “Ad Unum”

  20. Written by janaina spolidorio about 2 days ago.

    fluente em oito idiomas

    Eh,eh,eh,eh,…
    Bollocks (na língua de Shakspeare) ou bullshit (na língua de Steinbeck).

  21. Written by janaina spolidorio about 19 hours ago

    Só extendi meu comentário…

    A palavra “extender” não existe em português, nem de Portugal, nem do Brasil.
    A alegada senhora professora estendeu-se… ao comprido*. Como seria de esperar, aliás.

    *Estender-se ao comprido é uma expressão popular portuguesa que significa enganar-se redondamente, falhar completamente, cometer um grande erro.

    • calma lá on 26 Janeiro, 2011 at 21:13
    • Responder

    Zé de Portugal, do not exagerate, please…

    A senhora Spolidorio pode ter escorregado da tecla s para a x, caramba! Repare que são próximas, é só descer um degrau “teclal” (a palavra não existe também, claro que, hombre, estoy apenas jugando con la palabra, por supuesto, no?), é que é logo abaixo uma da outra… Também não é preciso bater-lhe tanto… O senhor é mauzinho…

  22. Ela “extendeu” tanto que caiu nos “degrais.

  23. Caro senhor ‘calma lá’,
    Quando se comete um erro destes e se tem consciência que é um erro, emenda-se.
    Tal como eu vou fazer relativamente ao nome Shakespeare, que no meu primeiro comentário escrevi “Shakspeare” por ter falhado o dedinho no ézinho do teclado.
    Escrevi a verdade e apenas a verdade. Se, na sua opinião, isso faz de mim mauzinho, paciência. Antes mauzinho que ignorantezinho. Não acha?

  24. Que coisa… jamais imeginei que houvesse tamanho ressentimento contra os brasileiros em Portugal. Chamar de farpas opiniões sinceras, de peito aberto e sem dolo de dor, colocar em vala comum todos os 200 milhões de nós, junto a alguns mais ignorantes que cultivam estereótipos preconceituosos contra os portugueses. Só estúpidos acreditam em estereótipos. Mas tais estúpidos, evidentemente, estão espalhados por todo o globo.
    Já disse e repeti que concordo com vossa causa, mas parece que não há acolhida para apoio de estrangeiros, ao menos de brasileiros. Então, me despeço e também peço desculpas se revidei com agressividade quando fui alvo de sarcasmos. Boa sorte a todos, um abraço para os educados.

  25. Ôpa! Errata: imaginei.
    🙂
    Fui

  26. Sei que já me despedi, mas não posso deixar de registrar mais duas coisas. Uma é que agradeço a oportunidade de aprender que tive aqui, agora conheço um pouco mais a cultura portuguesa, em especial esse assunto delicado do AO. A outra é que, infelizmente, uma das coisas que aprendi é que o carinho que nós, brasileiros, cultivamos desde a infância por um dos nossos povos antepassados, o português, é correspondido com desconfiança, esnobismo eurocêntrico absolutamente injustificado e rancor xenofóbico. Desculpem as palavras amargas, mas é como estou me sentido nesse momento.
    Saudações ultramarinas.

  27. Hum…
    Há controvérsias sobre o tal carinho.

  28. Se cavalheiro Dival estiver para lá virado recomendo-lhe o blogo “Assim Mesmo”, em que o idioma pátrio é lidado em alta escola pelos dois lados do Atlântico. – Não deve perder os comentários. Assim Mesmo é que dá gosto, puríssimo e sem laivos desse crioulo mais típico do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
    É em http://letratura.blogspot.com/ .
    Cumpts.

  29. Acabamos de receber, por “snail mail” (no caso, via CTT), o original do teste, em papel e preenchido pela aluna. Há um pormenor a corrigir no texto do “post”, já que o remetente é irmão e não o pai da aluna, mas quanto ao resto tudo se confirma: o teste, por mais inacreditável que isso pudesse parecer de início, é absolutamente genuíno e foi mesmo IMPINGIDO a alunos portugueses como material pedagógico e curricular.

    Veremos então o que se segue quanto a isto.

    Agradeceremos pessoalmente a quem nos fez chegar o documento, mas aqui fica desde já a manifestação pública do maior apreço e reconhecimento por esta verdadeira acção de cidadania e de consciência cívica.

    • Tomás Rosa Bueno on 27 Janeiro, 2011 at 16:12
    • Responder

    O texto da professora Janaína não está escrito em “brasileiro”, está em mau português, na versão dele que se pratica no Brasil. É contra o mau português, em todas as suas versões, que nos devemos bater. E é por facilitar a invasão definitiva do mau português que o AO deve ser combatido.

    O AO é a vitória da mediocridade, é a nivelação por baixo, a imposição de uma “simplicidade” fictícia em nome de uma unificação impossível. É a vitória daqueles que, em Portugal e no Brasil, consideram a língua como mero instrumento de comunicação, no sentido mais chão da palavra, e não como instrumento de cultura.

    Se o que os legisladores e acadêmicos brasileiros e portugueses desejam é a unificação das regras da nossa língua comum, deveriam ter-se esforçado por *elevar* o padrão. Deveriam ter flexibilizado as regras de colocação pronominal, por exemplo, que transformam milhões de brasileiros em delinquentes linguísticos tanto na fala como na escrita, em vez de se preocuparem em eliminar acentos ou letras. Deviam ter-se batido contra a deterioração do ensino básico da língua, que em Portugal transforma a empolação vazia e a complicação inútil em exemplo de bom estilo que não passa de disfarce da pobreza e no Brasil “simplifica” a língua a ponto de a transformar num aleijão irreconhecível.

    Mas é claro que isto não interessa a ninguém. O que interessa, no Brasil e em Portugal, não é formar cidadãos que tenham na sua língua um instrumento de conhecimento do mundo, é formar trabalhadores que a tenham como meio de entender instruções.

  30. Olha Tomás, se o teu texto é “brasileiro”, não sei. Mas que é bom português, aí ou aqui, isso é. Disso não tenho dúvidas. Mas que há o “brasileiro”, o do aleijão, que até passa por português “correto”, mas brasileiro, isso também há. E, como tal, também defendido pelos seus autores. Não tapemos o sol com a peneira.

  31. Tomás: tal como o JRD, se eu não soubesse quem era o autor do seu texto, só conseguiria dizer que era brasileiro devido a pequeníssimas diferenças (p. ex., “acadêmicos”) em relação ao português europeu. A excelente qualidade linguística do seu texto é a prova provada de que o acordo ortográfico não veio contribuir em nada para a alegada “unificação” da língua portuguesa e, muito menos, para a elevação cultural da mesma.

    • Tomás Rosa Bueno on 27 Janeiro, 2011 at 19:06
    • Responder

    O que separa o português do Brasil do de Portugal, não é, como tentam nos fazer crer os defensores do Acordo Ortográfico, a grafia das palavras. Nem é o vocabulário, ao contrário do que imaginam os “puristas” brasileiros e portugueses para os quais uma palavra nova ou um sentido novo para uma palavra antiga não é um acréscimo ao tesouro lexical comum, mas uma ofensa à moral e aos bons costumes. E, para a suprema decepção dos portugueses que simplesmente desconhecem o que é o português do Brasil e dos brasileiros que acham o português de Portugal “pomposo” e até “antiquado”, a gramática e a sintaxe das duas versões é exatamente a mesma, de modo que tampouco elas podem ser ser convocadas para o papel de divisoras.

    O que nos separa, a ponto de muitas vezes sermos mutuamente ininteligíveis, é o mau português. Não na fala, que nesta para a compreensão basta o hábito da escuta, mas no resultado das gerações de ensino deteriorado da língua e das multidões de analfabetos funcionais que, em Portugal e no Brasil, se julgam capacitados não só para escrever como também para emitir opiniões sobre como se deve escrever – e quem sabe até recomendar reformas para um acordo ortográfico. É a incapacidade de escrever frases claras, que muitas vezes disfarça a falta do que dizer, que faz com que não consigamos entender-nos, não uma fantasiosa diferença irreconciliável entre o português que se escreve em Portugal e o que se escreve no Brasil. Por diversas razões históricas, a *evolução da ignorância* aumenta a distância entre nós, enquanto a língua culta permanece a mesma para todos.

    Não há coisa alguma, na estrutura sintática de um livro do Lobo Antunes, por exemplo, que torne o que ele escreve ininteligível para um leitor brasileiro médio, e não é por acaso que um escritor como o Saramago, que insiste em que os seus livros sejam publicados no Brasil com a grafia portuguesa, seja mais vendido no Brasil do que em Portugal, inclusive em números relativos. O mesmo pode ser dito na outra direção, e autores brasileiros como João Ubaldo Ribeiro ou Ignácio de Loyola Brandão são lidos em Portugal com o mesmo prazer (e até talvez um pouco mais, pelo sabor às vezes exótico) do que no Brasil.

    Ao mesmo tempo, na área em que militamos o amigo e colega João Roque Dias e eu, por exemplo, a das traduções técnicas, em que abundam os maus escritores, ou no jornalismo, em que há profissionais que conseguem ser piores do que um médico recém-formado no domínio da língua mas onde a arrogância linguística é regra, falamos e escrevemos línguas diferentes. Tão diferentes que é impossível – e quem disser o contrário incorre na suspeita imediata de vigarice – que um tradutor “técnico” português trabalhe para o mercado brasileiro, e vice-versa; ou que um jornalista médio de qualquer dos dois países consiga escrever para jornais do outro sem passar por uma pesada revisão. Mas trata-se aqui de *jargão* técnico, evoluído em contextos diferentes, e não da própria língua. O fato de um português chamar “ecrã” ao que um brasileiro conhece como “tela”, ou de um brasileiro escrever “fato” enquanto um português escreve “facto” não quer dizer que *esta frase*, na qual descrevo a diferença, não seja perfeitamente castiça tanto no Brasil como em Portugal. Ou seja, não é no léxico que reside o problema. O problema está em que tanto os técnicos de um lado como os do outro são *ignorantes* no que tange a utilização da sua própria língua, e não sabem escrever o que querem dizer; e, estando afastados uns dos outros por vicissitudes *políticas*, encontraram soluções diferentes para ocultar a própria ignorância.

    A minha esperança, que não é assim tão estapafúrdia, é que, em um mundo um pouco melhor em que Portugal e Brasil caminhem juntos e em que a nossa infância seja educada na beleza e na riqueza da nossa língua comum, os portugueses aprendam a ver no verbo “bolar”, por exemplo, apenas uma maneira diferente de dizer “traçar”, e não um atentado à integridade da língua, e que os brasileiros se deem conta de que a modernidade não está em suprimir o artigo definido da escrita (embora o conservem na fala), mas em aprender a usar os pronomes para tornar a frase mais sintética e elegante. Nesse mundo, para cujo advento o infeliz e incompetente Acordo Ortográfico é um obstáculo, todos teremos a ganhar, e só a ignorância e a arrogância serão derrotadas.

  32. Houvera mais Tomáses Rosa e estaríamos conversados. Assim…
    Cumpts.

    • Tomás Rosa Bueno on 27 Janeiro, 2011 at 20:32
    • Responder

    Não sou produto de mim mesmo, sou expressão da cultura em que cresci e fui educado, a brasileira. Portanto, é forçoso que haja pelo Brasil afora dezenas de milhares de outros iguais a mim, e até muito melhores; eu mesmo conheço vários – que nem escrevem profissionalmente – de cujo domínio do português tenho profunda inveja.

    Saber disto, em vez de encastelar-se na ideia de que “os brasileiros não sabem escrever” (que é a mesmíssima ideia que têm os brasileiros acerca dos portugueses, diga-se de passagem) é o primeiro passo para estarmos conversados.

  33. HÃ???… HÃ???????????????????????????????????????????????????

  1. […] This post was mentioned on Twitter by JM Cerqueira Esteves, JPG, JPG, Joana Reis, Ansuz¸.·*¨ᚨ and others. Ansuz¸.·*¨ᚨ said: RT @Apdeites: #AO90 se os vossos filhos levarem para casa testes em "brasileiro" como este http://bit.ly/gAz6Qm por favor enviem-nos cópia […]

  2. […] […]

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